segunda-feira, 13 de abril de 2009

PEDRO DE FREITAS UM DOS MAIS ILUSTRES LOULETANOS

Comemorou-se este mês, mais um aniversário da Batalha de La Lyz-França, {1ª Grande Guerra Mundial} onde pereceram milhares de portugueses. A este propósito não resistimos à tentação de falar no nosso saudoso Amigo e antigo combatente {incorporado no Batalhão de Sapadores dos Caminhos-de-Ferro} que foi Pedro de Freitas. Pedro de Freitas {nascido em Loulé em 1894 e falecido no Barreiro em 1987} foi um dos notáveis homens que ao longo dos tempos Loulé produziu, como foi igualmente o almirante Mendes Cabeçadas, o eng.º Duarte Pacheco, ou o poeta António Aleixo, entre outros. Nascido e criado em Loulé, viveu muitos anos no Barreiro onde assentou arraiais, rodeado de uma numerosa prol e onde veio a falecer. Travámos amizade com Pedro de Freitas já lá vão mais de trinta anos. Nos idos dos anos setenta, após a Revolução de Abril, fomos ambos membros da Direcção da delegação da Liga dos Combatentes no Barreiro, durante dois anos, onde, apesar da sua já avançada idade, se mantinha como um dos mais dinâmicos de entre nós e sobretudo, dos mais bem dispostos. Pedro de Freitas era, efectivamente, um homem sempre bem disposto, por vezes, algo truculento. Dos tempos em que foi combatente na 1ª Grande Guerra Mundial, para além das recordações, possuía entre outras condecorações a mais alta distinção militar portuguesa, a Torre e Espada, poucas vezes atribuída a militares de baixa patente, como foi o seu caso, que na Flandres combateu como... 1º Cabo corneteiro. Perguntámos-lhe um dia - porque a curiosidade era muita – que façanha havia cometido para ter sido agraciado com tão alta distinção. Respondeu-nos candidamente: - A tocar corneta. Pensámos que era mais uma das suas brincadeiras e por isso nos rimos. Ele também se riu connosco e acabou por contar esse episódio da guerra de trincheiras. Assim: - «Era inverno, há muitos dias que chovia sem parar. Chuva gelada que se entranhava no corpo, em todo o lado. Encontrava-me com o que restava da minha Companhia nas trincheiras, atascado em água, lama, ratos, feridos, doentes, mortos e... muita fome. Os boches (alemães) não paravam de nos metralhar. Nós aguentávamo-nos como podíamos, já quase sem munições, desmoralizados e poucos homens. A nossa atitude resumia-se já a uma fraca resistência. Às tantas, não sei o que me passou pela cabeça, peguei no cornetim, saltei o valado, comecei a tocar o toque de marcha e avancei sobre as linhas inimigas. Talvez espantados, os alemães pararam por pouco a metralha e os meus camaradas que restavam saltaram também para cima da trincheira e acompanharam-me disparando sobre os alemães, que acabaram por fugir em debandada». Foi músico e Maestro, tendo deixado publicadas as seguintes obras: As Minhas Recordações da Grande Guerra, História da Música Popular em Portugal, e Quadros de Loulé Antigo. Uma nota curiosa ainda: Pedro de Freitas era cidadão honorário de Cartaya, localidade espanhola situada a poucos quilómetros da nossa fronteira. Pedro Manuel Pereira

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