sexta-feira, 17 de abril de 2009

AS MINHAS ILUSÕES

Hora sagrada dum entardecer De Outono, à beira-mar, cor de safira, Soa no ar uma invisível lira... O sol é um doente a enlanguescer... A vaga estende os braços a suster, Numa dor de revolta cheia de ira, A doirada cabeça que delira Num último suspiro, a estremecer! O sol morreu... e veste luto o mar... E eu vejo a urna d’oiro, a baloiçar, À flor das ondas, num lençol d’espuma! As minhas Ilusões, doce tesoiro, Também as vi levar em urna d’oiro, No mar da Vida, assim... uma por uma... Florbela Espanca

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