sábado, 11 de agosto de 2012

RECEITA ESTAFADA PARA DESTRUIR NAÇÕES

De forma avassaladora e sufocante, em países comunitários como a Irlanda, Grécia, França, Inglaterra, Espanha, Itália e Portugal, encontra-se em marcha acelerada a privatização massiva de setores públicos fundamentais, como os transportes, a água e a energia, entre outros. Porém, para além dos referidos países, constatamos que a mesma receita económica se encontra a ser cozinhada nos Estados Unidos e no Chile.
Por detrás desta receita assassina sem ideologia (o neoliberalismo já faliu) encontra-se um governo sombra mundial.
Deliberadamente e sem uma motivação ideológica que se vislumbre, os governos destes países encetaram um processo de desmantelamento dos serviços públicos fundamentais, elegendo até à exaustão e ao vómito os funcionários públicos como atores de todos os males económicos e financeiros de que enfermam estas nações.
Numa primeira fase, envenenaram «até fartar vilanagem» a opinião pública, açulando trabalhadores contra trabalhadores (do setor privado contra o setor público) e em seguida, os governos (?) destes Estados, iniciaram processos de privatização de setores económicos vitais para as populações, como solução milagreira «inevitável» - de acordo com as referidas alimárias – para salvar as pátrias falidas, sacrificando-se a segurança, a qualidade e a sustentabilidade, e oferecendo como contrapartida a deterioração generalizada do poder de compra, do bem-estar e da qualidade de vida dos cidadãos, empenhando o futuro da gerações ora nascentes quer vindouras.
Os cenários mais devastadores registam-se nos países onde as consequências sociais e económicas funestas e sinistras se fazem sentir; onde os credores e instituições internacionais como o FMI, Banco Central Europeu e outras opacas corporações financeiras estão a proceder a privatizações massivas, em troca de famigerados «planos de resgate», como no caso de Portugal, a vulgo, Troika.
A «descoberta» recente do endividamento dos Estados soberanos consiste, fundamentalmente, numa estratégia traçada para suspender - numa primeira etapa – e­/ou suprimir a médio prazo, todas as formas de expressão e regimes democráticos, implementando medidas copiadas de ditaduras já ultrapassadas, como as ocorridas em países da América do Sul, ou a da China na atualidade.
Numa segunda etapa, ou em paralelo, é efetivada a transferência para conglomerados privados, de setores empresariais do Estado ou com participação deste. Ora para que a concretização destas ações tenha sucesso num país democrático, é necessário vergar a cerviz das massas trabalhadoras e nada mais a propósito que, a pretexto da dívida soberana, serem implementadas medidas de austeridade, tornando a sua economia refém de chantagem das agências de rating, da banca e de outras organizações especuladoras - verdadeiros abutres - como o que ocorre atualmente na Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha e Itália, liquidando, assim, as estruturas, a coesão base da sociedade e a sustentabilidade das nações.
Em Portugal, Grécia, Irlanda e Espanha (neste último país, hoje, os contentores de lixo de supermercados, cafés e restaurantes possuem cadeados, uma vez que em cada dia que passa mais pobres procuram comida neles) crescem os casos de abandono escolar, de desnutrição infantil, juvenil e adulta, os cidadãos deficientes, inválidos ou portadores de doenças raras vêem cortados os subsídios e medicamentos, e por aí fora.
No caso português, onde a taxa de desemprego não oficial, ultrapassa em muito os 20% - a taxa oficial é de 15,2% -  o encolhimento da economia do país vem redundando numa contração drástica do crescimento, pelo que, a redução da dívida pública torna-se, na prática, impossível de ser solvida algum dia, caso não haja inversão rápida desta marcha para o abismo.
Nesta matéria – economia – parafraseando um dos princípios base da Física: – «matéria atrai matéria…» - a «miséria atrai miséria».
Sem poder de compra não há consumo e por tal facto, acumulam-se os stocks nas lojas, nos armazéns e as fábricas paralisam e encerram. Logo, o desemprego aumenta exponencialmente.
O roubo dos subsídios de férias de Natal dos funcionários públicos, perpetrado pelo governo, o aumento dos impostos diretos e indiretos, mais a redução dos salários e o aumento galopante do custo de vida, redunda numa contração brutal do poder de compra, na incapacidade dos cidadãos de cumprirem os seus compromissos e poderem adquirir muitos dos produtos básicos para o seu quotidiano, como os produtos alimentares, os medicamentos indispensáveis à sua sobrevivência, a roupa, o calçado e demais produtos e equipamentos necessários a uma vivência com o mínimo de dignidade. Temos então, um verdadeiro genocídio em marcha.
Em Portugal, onde o governo decidiu cumprir tudo o que a Troika exigiu (e exige), a situação económica vem-se agravando em cada dia que passa.
Não obstante os 78 biliões de euros de «resgate» concedidos em maio de 2011, a economia do país continua a afundar-se cada vez mais, numa enorme e funda cratera, mais funda que a Fossa das Marianas (o local mais profundo do planeta  -11034m - situado em pleno Oceano Pacífico).
Quando Portugal celebrou o acordo para receber este famigerado «resgate», a relação dívida/PIB do país era de 107%. Atualmente, a expectativa é que esta suba para 118% até 2013.
Neste momento o cenário em Portugal é idêntico ao da Irlanda, da Itália e de Espanha, sendo o da Grécia o mais grave: afundamento da economia e das populações numa recessão e num marasmo em cada dia mais negro.
Para quem não se recorde, há uma década atrás a Argentina viveu o mesmo «filme» de terror que estes países europeus estão a viver. Nessa altura, os governos de neoliberalismo feroz e sem rosto, privatizaram os setores nevrálgicos produtivos e os serviços públicos, conduzindo o povo à miséria generalizada, com a consequente liquidação da classe média e o aumento brutal das fortunas dos poderosos, que culminou em 2002 com o colapso da economia do país, tendo como expressão mais dolorosa a expropriação pelos Bancos dos depósito dos pequenos clientes, a falência de empresas, o encerramento de estabelecimentos, o desaparecimento da moeda em circulação, a emigração de mão-de-obra qualificada, incluindo centenas de milhar de licenciados, o empobrecimento em massa, o desemprego generalizado, a fome, os suicídios e o desespero das classes média e baixa.
Em contrapartida o povo encetou marchas de protesto e outras lutas contra a gestão dos presidentes Carlos Menem e Fernando de la Rúa, resultando em feroz repressão por parte dos governantes de igual forma como já havia sucedido em tempos de ditaduras, em especial, a ditadura militar - da qual os argentinos guardavam melhor memória - instaurada em 24 de março de 1976 e que finou em 1983.
Nesse espaço de tempo os militares assassinaram mais de 30 mil civis, entre eles, crianças e idosos, e fizeram «desaparecer» centenas de milhar de cidadãos, de acordo com as estimativas de ONGs argentinas e de organismos internacionais de defesa dos Direitos Humanos.

Pedro Manuel Pereira




segunda-feira, 6 de agosto de 2012

RETRATO DE UM TRAIDOR


Ao longo da sua vida o leitor já se enfrentou ou foi alvo dos atos de um traidor? Se tão infausto ocorrido ainda não lhe sucedeu, considere-se uma pessoa feliz, porque a TRAIÇÃO é um ato associado à falta de ÉTICA, de LEALDADE e de SOLIDARIEDADE, entre outros atributos que devem ser apanágio de (e entre) todos os Homens e Mulheres. Acautele-se, porém, porque nos dias que correm o Traidor(a) espreita em cada esquina da sua (nossa) vida, é esta sinistra figura que subservientemente gere o mundo que nos rodeia, ao serviço de sinistras criaturas e corporações.

O traidor geralmente trabalha num departamento ou serviço do Estado e, ainda, no setor empresarial público ou privado, onde desempenha tarefas rotineiras, cumprindo horários regulares ou escapando deles através de estratagemas, sem que, os superiores hierárquicos do local onde exerce a sua atividade se apercebam. No entanto, aparentemente obedece a regras e agrega um certo nível de propósito e ambição ao trabalho.
Uma das mais sinistras ironias do traidor é que o seu excelente desempenho no trabalho, invariavelmente, tem por objetivo disfarçar o conturbado lado da sua vida pessoal, além de o ajudar a conseguir promoções que o pode levar a patamares onde tenha acesso a informações altamente confidenciais, sendo que, o dinheiro e o ego são outros fatores a ter em conta na natureza deste género de criaturas. Aparenta e proclama ser possuidor de apurado senso de honra e integridade pessoais, aliados a um relativo senso de humor. É medianamente inteligente e possui a capacidade de trabalhar em harmonia com outros seres humanos. Para os seus superiores hierárquicos é um ótimo funcionário. Faz fotocópias de todos os documentos que «agarra» e é exímio em todo o trabalho burocrático.
O lamentável é que o mundo sempre foi visto de acordo com as aparências…
Para conseguir algumas vantagens, o traidor apresenta às pessoas uma versão bem editada de si mesmo.
Existem quatro tipos de traidores: - O tipo um, é o espião que é escolhido por um esperto recrutador e cujo potencial é testado (têm acesso a informações confidenciais ou outras informações valiosas); - O tipo dois é o voluntário. Esta é uma pessoa que tem acesso a informações confidenciais e que, normalmente, já possui alguma experiência em espionagem, o que permite oferecer os seus serviços a quem lhe pagar mais ou oferecer benesses materiais e sociais; - O terceiro tipo de espião é o agente de longa data ou dissidente da estrutura, normalmente recrutado na sua juventude e que, na época de seu recrutamento foi afastado das informações sensíveis que os seus contatos desejavam, tendo decorrido vários anos até atingir uma posição vantajosa; - O quarto tipo é alguém que espiona para um serviço secreto, partido político, serviço do Estado e empresa pública ou privada, mas acaba sendo convencido pelo seu contato que está a trabalhar para um outro poder. A isto comumente se chama recrutamento de identidade falsa.
Como é que um espião-mestre atrai um colaborador e futuro espião? - Por meio drecrutamento Recrutamento é a joia da coroa de qualquer serviço secreto, partido político, e/ou serviço de espionagem dentro do setor empresarial público ou privado. O cuidado envolvido no recrutamento depende, em larga medida, do tipo de informação secreta à qual o traidor em potência tem acesso. O recrutamento consiste de vários patamares: - Identificar o tipo de informação que deve de ser obtida; o tipo de pessoas que tem acesso à informação; quem, entre estas pessoas pode ser abordado com segurança e, por último, definição de um alvo. Assim, o encarregado de caso verifica a informação operacional que acumulou sobre o seu alvo, incluindo extensão de contratos sociais e familiares, clubes e associações, hobbies - especialmente os que incluam atividades em grupo - e os vários serviços pessoais utilizados por ele, desde funcionários diversos a médicos, dentistas e outros. O foco deve estar nas fraquezas do alvo que é escrutinado. De todos estes aspetos, a ideologia é, atualmente, descartada, excetuando nos casos em que o alvo é afeto a partidos da extrema-esquerda ou da extrema-direita. A coerção acaba sendo um fator de importância quando o traidor entrega os seus primeiros documentos roubados, ou coleta informação sensível que entrega ao seu superior. O que pode levar um homem a baixar o pano sobre suas experiências escolares passadas, as suas atividades e ideologias, os seus amigos íntimos, as suas velhas lealdades e vínculos de um passado longínquo e/ou recente? - Um dos mitos mais comuns sobre criminosos é que são pessoas como nós, que tiveram o azar de cair uma vez na vida, que foi seguida de outra e outra queda, até que foi tarde demais para voltar atrás e viver como um ser humano que respeita a lei, as regras e os princípios éticos e morais que vigoram nas sociedades. Ora isto é absolutamente incorreto, pelo menos de acordo com proeminentes e respeitados psicólogos, psicanalistas e psiquiatras especializados em personalidades criminosas. Assim, de acordo com estes especialistas, os criminosos são pessoas que, de maneira nenhuma, pensam como o resto de nós. Para eles, ser um criminoso não implica em que grau o é, mas em que tipo de comportamento ou pensamento se encontra.
Se olharmos para a vida de um traidor, logo concluímos que, muito antes do final, ocorre a dissidência fatal. O traidor tem atrás de si uma vida inteira de pequenas dissidências e desonestidades, de um sentimento geral de superioridade em relação às regras, de desprezo pela decência comum e pelo que é bom e digno no ser humano, numa exaltação de si mesmo em detrimento das outras pessoas.
Muita gente fracassa na escola, provêm de lares infelizes, ou são possuidores de complicados problemas psicológicos. Não obstante, não chegam a trair os seus semelhantes. Assim, que elementos são adicionados ao caráter dos traidores que os distinguem dos outros seres humanos? - Para além de tudo, um traidor é uma pessoa que acredita poder satisfazer os seus caprichos, impulsos e apetites, independente das consequências. O traidor não se preocupa em ponderar da natureza do seu caráter e, tal como outros criminosos, apresenta a tendência para se ver a si mesmo como o centro de todas as situações, nunca apenas como «mais uma roda de uma engrenagem».
Ao entrar numa sala cheia de gente, o traidor olha para os comuns mortais com pena: -«Eis aqui os patetas comuns, que não têm a mínima ideia de como se tornar alguém na vida» - pensa. Por causa da exagerada noção de suas capacidades, o traidor vê-se a si mesmo como o mestre de algum grupo invisível. Ele nunca se vê como uma pessoa que deve obrigações, ou que tenha que reportar os seus atos a alguém. Devido à sua fraqueza interior, à sua falha de caráter, o traidor tem necessidade de sentir-se no quotidiano, no controle das situações, o que não obtém por meio de competição justa, mas por meio de ações furtivas e desonestas.
O traidor acumula coisas a seu favor sem que os outros saibam, pois o seu sigilo confere-lhes uma sensação de superioridade e de mestria.
O traidor gosta de enganar pessoas e aprecia o fato de que os outros não estejam conscientes das sinistras intenções por trás da fachada benigna que ostenta.
O traidor, como muitos criminosos, é um dissimulador tão magnífico que seria capaz de ensinar a mudança de cores a um camaleão.
Todo o traidor aparenta ter uma ambição a ser alcançada e destaca-se por defender a auto imagem exaltada.
No traidor, a necessidade de obter distinção é distorcida e inescrupulosa. Existe desespero envolvido, como se tivesse que ser tudo, para não ter que acabar em nada. O objetivo final de conquista, para dar significado à vida, acaba por se perder. Enquanto o caminho para a realização de uma pessoa comum é bastante simples: - Aplicar esforços e recursos disponíveis para resolver problemas, o traidor, como o criminoso, não possui a firmeza de caráter necessária ao crescimento gradual e, por isto, almeja começar do topo. Quando descobre que isso lhe é negado, cai em fantasias de grandiosidade. Não importa o crime cometido pelo traidor, ele pode até reconhecer que a sua ação tenha sido criminosa, mas jamais se verá a si mesmo como um criminoso.
Um traidor jamais sente remorsos. É sua convicção de que não necessita de defender o seu comportamento perante a sociedade ou o seu círculo familiar. Conclui-se assim que: - Todo o ato de traição é individual.

Pedro Manuel Pereira