quinta-feira, 30 de abril de 2009

EPIDEMIA DE LUCROS

Aviso: Esta foto é de um suíno, pelo que, qualquer semelhança com algum humano conhecido do leitor, é mera coincidência. Sílvia Ribeiro in La Jornada Traduzido por Renzo Bassanetti A nova epidemia de gripe suína, que dia a dia ameaça expandir-se por mais regiões do mundo, não é um fenómeno isolado. É parte da crise generalizada, e tem as suas raízes no sistema de criação industrial de animais, dominado pelas grandes empresas multinacionais. No México, as grandes empresas da área de avicultura e suinicultura têm proliferado amplamente nas águas (sujas) do Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Alca). Um exemplo disso é a empresa Granjas Carroll, em Vera Cruz, propriedade da Smithfield Foods, que é a maior criadora de porcos e a maior processadora de produtos suínos no mundo, com filiais na América do Norte, Europa e China. No entorno de sua unidade em Perote começou, há algumas semanas, uma virulenta epidemia de doenças respiratórias que afectou 60% da população de La Gloria, facto informado por La Jornada em várias oportunidades, a partir de denúncias dos habitantes locais. Eles conduzem há anos uma dura luta contra a contaminação provocada pela empresa, e inclusive têm sofrido a repressão de autoridades governamentais pelas denúncias. Granjas Carroll declarou que não tem nada a ver com a origem da actual epidemia, alegando que a população tinha uma “gripe comum”. Na dúvida, não fizeram análises para saber exactamente de que vírus se tratava. Contrastando com isso, as conclusões do painel Pew Comission on Industrial Farm Animal Production (Comissão Pew sobre a Produção Animal Industrial), publicadas em 2008, afirmam que as condições de criação e confinamento da produção industrial, principalmente de suínos, criam um ambiente perfeito para a recombinação de vírus de diferentes cepas. Mencionam inclusive o perigo de recombinação das gripes aviária e suína, e finalmente como se pode chegar à recombinação de vírus que afectem e sejam transmitidos entre humanos. Mencionam também que, por muitos meios, incluindo a contaminação da água, podem chegar a localidades longínquas, sem aparente contacto directo. Um exemplo do que devemos aprender é o surgimento da gripe aviária. Veja, por exemplo, o relatório do GRAIN (ONG que promove o desenvolvimento sustentável e a agricultura ecológica), que ilustra como a indústria da avicultura criou a gripe aviária. Mas as respostas oficiais, diante da crise actual, além de serem demoradas(esperaram que os EUA anunciassem primeiro o surgimento do novo vírus, perdendo dias valiosos para combater a epidemia), parecem ignorar as causas reais e mais contundentes. Mais do que enviar linhagens do vírus para a sua sequenciação genómica para cientistas com Craig Venter, que tem enriquecido com a privatização da pesquisa dos seus resultados(sequenciação que certamente já foi feita por pesquisadores de órgãos públicos no Centro de Prevenção de Doenças de Atlanta, EUA), o que é preciso é entender que esse fenómeno vai continuar se repetindo enquanto prosseguirem as condições de criação dessas doenças. Já na epidemia, são também as multinacionais as que mais lucram: as empresas biotecnológicas e farmacêuticas que monopolizam as vacinas e os anti-vírus. O governo mexicano anunciou que tinha um milhão de doses de antígenos para atacar a nova linhagem de vírus da gripe suína, mas nunca informou quanto pagou por elas. Os únicos anti-virais que ainda têm acção contra o novo vírus estão patenteados na maior parte do planeta, e são propriedade de duas grandes empresas farmacêuticas: Zanamivir, com o nome comercial de Relenza, fabricado por Glaxo Smith & Kline, e Oseltamivir, cuja marca comercial é Tamiflu, patenteado por Gilead Sciences e licenciado de forma exclusiva ao laboratório Roche. A Glaxo e a Roche são, respectivamente, a segunda e a quarta maiores empresas farmacêuticas em escala mundial e, da mesma forma que com o restante de seus remédios, é nas epidemias que aparecem as suas melhores oportunidades de negócios. Com a gripe aviária, todas elas tiveram centenas de milhões ou bilhões de dólares de lucros. Com o anúncio da nova epidemia no México, as acções da Gilead subiram 3%, as da Roche 4% e as da Glaxo 6%, sendo isso somente o começo. Outra empresa que persegue esse suculento negócio é a Baxter, que solicitou amostras do vírus e anunciou que poderia ter a vacina em 13 semanas. A Baxter, outra indústria farmacêutica global (está em 22° lugar no ranking), teve um “acidente” em sua fábrica na Áustria em Fevereiro deste ano. Ela enviou um produto contra a gripe contaminado com vírus da gripe aviária para a Alemanha, Eslovénia e a República Checa. Segundo a empresa, “foram erros humanos e problemas no processo”, do qual alega não poder dar detalhes “por que teria que revelar processos patenteados”. Não necessitamos somente de enfrentar a nova epidemia de gripe: é preciso enfrentar também a dos lucros.

ASSIM VAI PORTUGAL... (cont.)

Perdeu-se o rumo e a vergonha. Portugal é de quem mais pode, de quem assume o poder e sabe utilizá-lo. Quem se toma por importante tem sempre desculpa ou explicação. Mas não fica por aí. Tem voz e tem rosto e até é capaz de continuar a colá-los àquilo que não faz, mas apregoa em campanhas, em discursos ou em acções publicitárias dirigidas a esses outros que por aí vão gravitando…. sem poder, sem recursos e sem estratégias obtusas e obscuras. Basta olhar por este nosso tão vilipendiado Portugal e recortar aqui e ali uma ilustrativa e exemplar notícia. Eis aqui dois recortes do Sul que fazem exaltar e quase exortar a nossa estupefacção. Diria o Zé Povinho “ Faz o que eu digo, mas não faças o que eu faço.” MJVS Correio da Manhã - 19 Abril 2009 Sandra Sousa Santos / Mariline Alves Isilda Gomes escapou ao pagamento imediato da multa. Norma da GNR dá ordem para ser feita apenas participação quando são detectados veículos em missão de serviço urgente de interesse público em excesso de velocidade Algarve: Líder de campanha rodoviária ‘caçada’ em excesso de velocidade Autoridades tratam VIP de forma especial Enquanto cidadã e condutora normal, a governadora Civil de Faro teria sido obrigada a pagar na hora uma multa de 120 euros por excesso de velocidade, depois de fotografada a 87km/h numa zona de limite nos 50 km/h, pelo radar da GNR à saída de Portimão, no Algarve. Mas, apurou o CM, não foi o que aconteceu – apesar de Isilda Gomes seguir, anteontem, no seu carro particular. Isilda Gomes, que é a responsável pelas campanhas de segurança na estrada e pelo combate à sinistralidade rodoviária na região, informou desde logo os militares sobre o seu cargo no Algarve e seguiu caminho em direcção á A22, como se circulasse numa viatura oficial do Estado, que tem privilégios sobre outras viaturas. +Pormenores CONDUTOR TESTEMUNHA Um condutor contou ao “CM” que viu a governadora “ser interceptada pela GNR”. Dez minutos depois foi ultrapassado na Via do Infante pela representante do Governo. TELEFONEMA O CM sabe que, posteriormente à infracção, Isilda Gomes contactou um oficial da GNR para saber como lidar com a situação. Algarve Reporter Terça-feira, 28 de Abril de 2009 Segurança Rodoviária Sensibilizar para a prevenção “É fundamental sabermos minimizar consequências de acidentes rodoviários” considera Governadora Civil de Faro. “É fundamental que os automobilistas e os cidadãos em geral tenham noção das consequências de um acidente de viação e saibam como minimizá-las, por isso o acesso a um meio seguro para testar cenários dessa natureza, constitui um contributo importante para reduzir os riscos na estrada”, considerou hoje a Governadora Civil de Faro, Isilda Gomes, durante a abertura da exposição “Segurança em Movimento”, patente no Jardim Manuel Bívar, no âmbito do Dia Europeu da Segurança Rodoviária. Reconhecendo que a “experiência” é por vezes “mais eficaz” do que o discurso, Isilda Gomes observou que os equipamentos de simulação que estiveram na exposição, em Faro, constituem um “óptimo” meio de aprendizagem sobre os comportamentos mais adequados nas diversas situações de sinistro. “Através da simulação de um capotamento, por exemplo, sabemos como agir, de forma a evitar consequências mais graves como as que ocorrem quando abandonamos à pressa a viatura sinistrada, pelo que a possibilidade de os cidadãos poderem experimentar estes processos, na prática, também constitui um meio de alerta e de sensibilização para as questões da sinistralidade”, referiu Isilda Gomes. O evento promovido pelo Governo Civil de Faro, que contou com a participação da GNR, do Núcleo Escola Segura da PSP e de animadores/monitores nos quatro ateliers de simulação, visou sensibilizar a população, e particularmente os jovens, para a necessidade de utilização dos sistemas de retenção enquanto condutores ou passageiros de veículos, bem como alertar para os riscos rodoviários em geral.

terça-feira, 28 de abril de 2009

A OUTRA FACE DO TANGO

O TGV DA LISBOA A ALGUIDARES DE BAIXO

ASSIM VAI O ENSINO EM PORTUGAL

(…)A contínua hostilização aos professores feita por este, e outros governos, vai acabar por levar cada vez mais pais a recorrer ao privado, mais caro e nem sempre tão bem equipado, mas com uma estabilidade garantida ao nível da conflitualidade laboral. O problema é que esta tendência neo-liberal escamoteada da privatização do bem público, leva a uma abdicação por parte do estado do seu papel moderador entre, precisamente, essa conflitualidade laboral latente, transversal à actividade humana, a desmotivação de uma classe fundamental na construção de princípios e valores, e a formação pura e dura, desafectada de interesses particulares, de gerações articuladas no equilíbrio entre o saber e o ter. O trabalho dos professores, desde há muito, vem sendo desacreditado pelas sucessivas tutelas, numa incompreensível espiral de má gestão que levará um dia a que os docentes sejam apenas administradores de horários e reprodutores de programas impostos cegamente. (…)O que eu gostaria de dizer é que o meu avô, pai do meu pai, era um modesto, mas, segundo rezam as estórias que cruzam gerações, muito bom professor e, sobretudo, um ser humano dotado de rara paciência e bonomia. Leccionava na província, nos anos 30 e 40, tarefa que não deveria ser fácil à altura: Salazar nunca considerou a educação uma prioridade e, muito menos, uma mais-valia, fora dos eixo Estoril-Lisboa, pelo que, para pessoas como o meu avô, dar aulas deveria ser algo entre o místico e o militante. Pois nessa altura, em que os poucos alunos caminhavam uma, duas horas, descalços, chovesse ou nevasse, para assistir às aulas na vila mais próxima, em que o material escolar era uma lousa e uma pedaço de giz eternamente gasto, o meu avô retirava-se com toda a turma para o monte onde, entre o tojo e rosmaninho, lhes ensinava a posição dos astros, o movimento da terra, a forma variada das folhas, flores e árvores, a sagacidade da raposa ou a rapidez do lagarto. Tudo isto entrecortado por Camões, Eça e Aquilino. Hoje, chamaríamos a isto ‘aula de campo’. E se as houvesse ainda, não sei a que alínea na avaliação docente corresponderia esta inusitada actividade. O meu avô nunca foi avaliado como deveria. Senão deveria pertencer ao escalão 18 da função pública, o máximo, claro, como aquele senhor Armando Vara que se reformou da CGD e não consta que tivesse tido anos de ‘trabalho de campo’. E o problema é que esta falta de seriedade do estado-novo no reconhecimento daqueles que sustentaram Portugal, é uma história que se repete interminavelmente até que alguém ponha cobro nas urnas a tais abusos de autoridade. Perante José Sócrates somos todos um número: as polícias as multas que passam, os magistrados os processos que aviam, os professores as notas que dão e os alunos que passam. Os critérios de qualidade foram ultrapassados pelas estatísticas que interessa exibir em missas onde o primeiro-ministro debita e o poviléu absorve. (…) Pedro Abrunhosa

PORTUGAL - UM PAÍS IMUTÁVEL

«O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada, os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ninguém crê na honestidade dos homens públicos. Alguns agiotas felizes exploram. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências. Diz-se por toda a parte: o país está perdido!» Eça de Queiroz in As Farpas, 1871

MAS CAGANDA DESPACHO !!!

Despacho n.º9810/2009 Considerando que, nos termos do disposto no Decreto -Lei n.º 331/88, de 27 de Setembro, pode ser atribuído um subsídio de residência aos titulares do cargo de director -geral e de outros expressamente equiparados, à data da nomeação no local onde se encontre sedeado o respectivo organismo; Considerando que o Prof. Doutor José Alexandre da Rocha Ventura Silva, presidente do Conselho Científico para a Avaliação de Professores, lugar expressamente equiparado a director-geral, tem a sua residência permanente em Aveiro: Assim, nos termos do disposto no artigo 2.º do Decreto-Lei n.º331/88, de 27 de Setembro, determina-se o seguinte: 1 — É atribuído ao presidente do Conselho Científico para a Avaliação de Professores, Prof. Doutor José Alexandre da Rocha Ventura Silva, um subsídio mensal de residência no montante de € 941,25, a suportar pelo orçamento da Secretaria -Geral do Ministério da Educação e actualizável nos termos da portaria de revisão anual das tabelas de ajudas de custo. 2 — O presente despacho produz efeitos desde 1 de Novembro de 2008. 12 de Fevereiro de 2009. — O Ministro de Estado e das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos. — Pela Ministra da Educação, Jorge Miguel de Melo Viana Pedreira, Secretário de Estado Adjunto e da Educação. CONSTA QUE O GOVERNO IRÁ, NUM FUTURO BREVE, APLICAR MEDIDA SEMELHANTE A TODOS OS PROFESSORES DESTERRADOS A CENTENAS DE QUILÓMETROS DAS SUAS FAMÍLIAS, PARA PODEREM GANHAR O PÃO DE CADA DIA.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

CONVERSAS FÚTEIS (cont.)

Cena C Tinham passado trinta e cinco anos. Cornélia já perdera no tempo a capacidade de descortinar com nitidez os traços fisionómicos de todos aqueles que, ano após ano, desciam a Avenida da Liberdade integrados naquela fiel multidão que jamais deixaria de celebrar a Revolução de Abril. Todos os anos se apresentava em Lisboa, vinda da Messejana, e ainda mal raiara o dia já ela estava no Largo da Vila para marcar lugar no autocarro que a Câmara cedia para o transporte dos manifestantes. Trazia o farnel e, como sempre, era partilhado pelos outros parceiros de viagem que, entre todos, montavam um verdadeiro intercâmbio gastronómico que resultava numa excelente refeição alentejana. A Micas, o Gregório, o Laureano, a Umbelina, a Francisca e o Joaquim, bem como a gente do Monte do Sobreiro vinham desde 1975. Pelo caminho, era um soar de risada e de toadas alentejanas fazendo com que a viagem se encurtasse e a distância se reduzisse apenas a uma simbólica meia légua. O Humberto já se fora e a graça das anedotas perdera o seu melhor representante. Os cabelos do Gregório tinham encanecido, mas agora era o mais vivaço e atrevido nas graçolas, fazendo esquecer a vaga deixada pelo outro grande companheiro. - Então, minha gente, sabem que o nosso primêro foi chamado de playboy? - lançou Gregório. - Mas que é isso? - questionou o Laureano – Será que o home já nem é português! - , ! O que dizem é que o home brinca que nem um rapaz, Play boy!- esclareceu Gregório. - Nada disso. A questão é que o home gosta de vestir bêm. Ele até vêm nas revistas com a namorada. Todos muito bêm arranjados e com roupas muito caras. Eu vi no cabelêrêro. – acrescentou Cornélia. - Ah! Mas a namorada tem cá uma pênca que lhe estraga a cara e a roupa! Valha-a Deus. Muito mal empregadinho. – continuou Umbelina. - Pois é, mas a gente nunca mais tem sossego. Só miséria e nem com trabalho nos safamos. Que nos interessa ter um playboy se não nos ajuda, o que muda é para pior e serve para nós porque estamos cada vez mais desgovernados. – vociferou Joaquim. - O nosso camarada chefe é que chega para eles. As verdades saem sempre dirêtinhas daquela boca. E nêm quer saber se é o primêro ou o segundo. Ele quer é tratar de nós que sêmos gente e povo. - retorquiu Laureano. - Mas olha que eles têm-lhe medo. Já nêm falam em cassette como no tempo do falecido Cunhal. – declarou Joaquim. - Tem graça camarada. Não é que me lembra de alguêm dar com o cacete no falecido. Ele era tão destemido e valente. – contrapôs Laureano. - Lá isso que era, era! - concluiu Cornélia. MJVS

domingo, 26 de abril de 2009

RETRATO SUMÁRIO DO PAÍS DE ABRIL

Sem saudades deste pedaço de terra governado a dias, tive de regressar a casa uns dias passados fora. Para mal dos meus pecados. Sem piedade. Creia amigo leitor, que o chamado «país real» com que os nossos afamados profissionais da política enchem os seus discursos, se encontra decrépito. Elas são as estradas principais, secundárias e municipais, as ruas, becos e vielas urbanas esventradas, onde torcemos os pés, as pernas e a alma. Estoiramos as jantes e os amortecedores dos carros. Experimentem circular por exemplo, na cidade a que preside o presidente da A.N.M.P. {Viseu}, ou circular entre cidades, em estradas nacionais e municipais, no Minho e outras regiões. Para estas vias, ideais {e bucólicos} serão os velhos carros de bois, acompanhados pelo melodioso chiar das suas rodas. Eles são os prédios a cair de podres, entaipados, encardidos, desde que se entra numa localidade até que dela se saia. Os centros das cidades, das vilas, constituem verdadeiros cemitérios de imóveis, pasto de ratazanas e outros animais sem eira nem beira. Sobretudo, deles emana invariavelmente, um fedor a mijo requentado de gato, capaz de impressionar até as mais sensivas narinas dos senhores políticos, sempre tão «preocupados» com a proclamada {por eles} sociedade civil. A propósito: será que a razão dessa «classe profissional» regurgitar a miúdo nos seus discursos e intervenções associadas, a frase «sociedade civil», é para se fazer destrinça da «sociedade dos corruptos»? Da «sociedade militar»? Da «sociedade dos medíocres»? Da «sociedade dos loucos»? Da «sociedade dos políticos»? Afinal quantas sociedades existem em Portugal?... De uma ponta à outra do país, ladeiam as chamadas estradas e pontilham a paisagem, imensas naves {fábricas}, quais arcas de Noé, que antes produziam e empregavam centenas, milhares de trabalhadores. Encontram-se nos arrabaldes das localidades, das vilas, das cidades, alinhadas umas ao lado das outras às centenas. Enfim, por estas terras das quais Cristo perdeu o mapa, com especial incidência de Lisboa para cima. Desorbitadas, obliteradas, como se milhares de obuses tivessem sido desviados no seu trajecto, do Médio Oriente para Portugal. O lixo, a imundície, proliferam por todo o lado, como se fizessem parte integrante da paisagem. Acontece, porém, que ainda há meia dúzia de anos {para não me referir mais atrás} este cenário que venho descrevendo e que corresponde a um pálida imagem do imaginável por quem não percorra o país de uma ponta à outra, era impensável. Pergunto, inocente que sou e ignorante que continuo a ser: onde foram parar os milhões de euros que tem entrado em Portugal desde a sua adesão à Comunidade Europeia? Será que foi gasto todo nas auto-estradas. Caí na asneira de fazer aquilo que há mais de uma meia dúzia de anos não fazia, ou seja, aproveitar uns dias de folga para dar a volta ao país. De uma ponta à outra, tirando o Algarve, onde vivo todo ano. Salvei alguma da minha sanidade mental quando a uma dada altura disse à malta da nau: - Vamos mas é para Espanha, que Portugal já foi!. Antes «o mau vento e o mau casamento», que diziam os antigos virem do país de «nuestros hermanos». Salvei também, algum tempero cognitivo. Consegui, igualmente, salvar alguns episódios de boa disposição, tolerância e esperança que ainda me restam a propósito deste país que se esboroa a passo acelerado. Sem remissão. P.M.P.

EXPLICAÇÃO DO PAÍS DE ABRIL

Este foi o poema que serviu de mote ao Jantar da Tertúlia Plural realizado na noite de 24 para 25 de Abril de 2009, tendo estado presentes cerca de cinco dezenas de convivas, unidos em torno dos ideais da Liberdade. País de Abril é o sítio do poema. Não fica nos terraços da saudade não fica em longes terras. Fica exactamente aqui tão perto que parece longe. Tem pinheiros e mar tem rios tem muita gente e muita solidão dias de festa que são dias tristes às avessas é rua e sonho é dolorosa intimidade. Não procurem nos livros que não vem nos livros País de Abril fica no ventre das manhãs Fica na mágoa de o sabermos tão presente Que nos torna doentes sua ausência. País de Abril é muito mais que pura geografia É muito mais que estradas pontes monumentos viaja-se por dentro e tem caminhos como veias - os carris infinitos dos comboios da vida. País de Abril é uma saudade de vindima É terra e sonho e melodia de ser terra e sonho território de fruta no pomar das veias onde operários erguem as cidades do poema. Não procurem na História que não vem na História. País de Abril fica no sol interior das uvas fica à distância de um só gesto os ventos dizem que basta apenas estender a mão. País de Abril tem gente que não sabe ler os avisos secretos do poema. Por isso é que o poema aprende a voz dos ventos para falar aos homens do País de Abril. Mais aprende que o mundo é do tamanho que os homens queiram que o mundo tenha: o tamanho que os ventos dão aos homens quando sopram à noite no País de Abril. Manuel Alegre em 1965, na Praça Da Canção

quinta-feira, 23 de abril de 2009

A REVOLUÇÃO QUE FALHOU

por Baptista-Bastos Que vamos comemorar no sábado? O "dia inicial inteiro e limpo" [Sophia de Mello Breyner]? Mas que resta desse dia? As ruínas de uma história que se perdeu nela própria. A avenida encher-se-á, como de hábito, e os discursos, no Rossio, alegres e decididos, dissimulam a melancólica gravidade de uma peregrinação que se faz por uma memória feliz, tornada triste e antiga. Ocultamos a dor do que perdemos, é isso. A multidão reflui, gritando estribilhos antigos, miméticos e elementares. "Fascismo nunca mais!" "O poder está no povo!" "Os ricos que paguem a crise!" Animamos a nossa profunda descrença, com a ressurreição nostálgica de um tempo delido que vai ficando efeméride. Fomos envelhecendo e agarramo-nos à data como quem não quer extraviar--se da irremediável perda da juventude. Porque éramos todos muito novos; ou, pelo menos, muito mais novos. Olhamo-nos, saudamo-nos uns aos outros, joviais e excessivos. Porém, pertencemos a outra história. Festejamos o dia como se o dia representasse a rapariga, a festa, a alacridade e as cores da adolescência. A rapariga já não possui segredos, a festa emudeceu, a alacridade acabrunhou-se, as cores oscilam entre a metáfora e o que imaginamos. Mas vamos, estamos, elementares e claros, porque ir, estar, desfilar, sorrir, acenar, partilhar, enriquece mais do que a reticência e fortalece mais do que a indiferença. Talvez o dia seja um marco denso e, acaso, desmesurado para a cruel realidade do momento. Talvez. No entanto, acreditamos que há algo de transcendente desespero em celebrarmos uma revolução que falhou. Velhos fantasmas, pontuais e exactos, emergem da nossa cultura caótica e da nossa vocação para o submisso. A ordem, a segurança nas ruas, a obediência à autoridade, a uniformização reaparecem nas conversas avulsas, como que por casualidade. As coisas encadeiam-se nas coisas numa espécie de pensamento figurativo. E, no entanto, há trinta e cinco anos, todos e cada um de nós posava de leão indomesticável. As nossas fragilidades congénitas e os nossos ressentimentos ancestrais tapávamo-los com gritos, com frases rimadas, com gestos incoerentes porém vitais. Éramos, afinal, ostensivamente livres e acintosamente exibicionistas. Sabe-se quem travou a marcha ruidosa e feliz. Conhece-se os nomes daqueles que, na sombra e no silêncio, isolaram e subjugaram, de novo, as nossas emoções. "Acabou a tua festa, pá!", cantou Chico Buarque de Holanda. O epitáfio definia o cansaço e a derrota. Aí estão as sobras demoradas da nossa juventude. Aí está o refugo de um sonho que tinha a dimensão do homem. Afinal, vamos comemorar a nostalgia.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

25 DE ABRIL DE 1974 – UMA DATA DE EQUÍVOCOS

O dia 25 de Abril de 1974 foi um acto de ressurreição e simultaneamente de redenção. Ressurreição, porque representou o ressurgimento da Nação portuguesa, a passagem de um longo período de trevas – das mais negras da sua História – para a luz do dia. A passagem de um sistema político totalitário para um sistema aberto, de liberdades democráticas. Redenção, porque foi a mesma estrutura que em 28 de Maio de 1926 instaurou uma ditadura militar que abriu caminho ao Estado Novo salazarista, que acabou com o regime do qual foram progenitores: as forças armadas. A passagem de um regime autocrático, fechado, proteccionista, para um regime aberto em que o povo reconquistou a voz, haveria necessariamente de causar – como causou – sérias convulsões na sociedade portuguesa, tanto mais agravadas quanto alguns importantes sectores da sociedade se sentiram do estado de orfandade em que haviam caído. O regime era pai, porque proteccionista, mas autoritário, porque os filhos só faziam aquilo que o pai deixava ou queria que fizessem. A falta de liberdade nos seus múltiplos aspectos: censura, cerceamento das liberdades cívicas, de criação, etc., com os seus limites bem definidos, transmitiam, contraditoriamente, um forte sentimento de segurança, no sentido em que tudo se aparentava imutável. Será com a morte do pai do regime – Salazar – que irão surgir elementos perturbadores na paz podre. O seu sucessor, Marcelo Caetano, um intelectual de uma geração mais nova, com menos pulso que o seu antecessor, não foi capaz de aguentar a nau tormentosa em que Portugal se havia tornado, agravada por uma crise económica mundial iniciada em 1973, nem tão pouco compreender ou ter tido a coragem de empreender as reformas profundas que urgiam ser feitas. O regime estava velho, caduco, tal como os seus chefes, mas quem dava o corpo por eles, pelo regime, eram os jovens nas três frentes de combate em África. Aqueles que eram apanhados em fuga ao serviço militar obrigatório, esperava-os, quando eram apanhados pelas autoridades policiais, os campos correccionais - ou de detenção - em Elvas ou Penamacor, hoje, propositadamente (?) esquecidos. Os que logravam saltar a salvo além dos Pirinéus, escapavam a um destino mais que incerto, nebuloso. Curioso é que vários desses indivíduos recebem hoje pensões do Estado por «serviços relevantes prestados à pátria». E a solução não se vislumbrava. Era uma luta sem brilho nem glória, tão só: triste, amarga, envergonhada. Uns quantos milhares de homens, lá por África tombaram para sempre. Muitos mais regressarem estropiados do corpo e da mente. Quantas mães sem filhos, quantas noivas por casar, quantas viúvas sem marido e quantos filhos sem pai ficaram. De forma estranha, porque havia entrado na Primavera, o velho regime caiu de maduro, como seria natural no Outono. A rendição simbólica do regime no Quartel da G.N.R. do Carmo, em Lisboa, assemelhou-se a um acto de opereta. Cercados por uns quantos militares mal municiados, sem recruta feita, montados em velhos carros de combate datados da 2ª Grande Guerra Mundial, armados de canhões e metralhadoras obsoletos, os dignitários do regime renderam-se sem muita dignidade – diga-se de passagem - com excepção do seu chefe. O Estado Novo caíra de podre, de velhice caduca. A maior parte dos pides recolhiam à prisão, reclamando-se de vítimas, pois se afinal até eram todos escriturários e por isso, nunca tinham perseguido nenhum cidadão! No Ultramar, as tropas recusavam-se a combater sem objectivos. As de cá, furtavam-se a rendê-las. Depois, foi a «descolonização exemplar» que se sabe: um desastre, quer para os descolonizados, quer para os descolonizadores. Trinta e cinco anos se passaram. Muitos daqueles a quem Salazar ou Caetano não reconheceriam competência sequer para lhes apertarem os atacadores das botas, são hoje dignitários do regime. Os capitães de Abril acabaram, na sua maior parte, triturados pela engrenagem da História. Vários pides famosos, com o tempo, viram reconhecidos pelos governos democráticos, a sua destacada actividade profissional no anterior regime, de que é exemplo um ex-inspector que, de acordo com o noticiado no jornal Público de 16 de Abril de 1992, passou a receber uma pensão por «serviços excepcionais e relevantes prestados ao país» (sic). Enquanto o mais lídimo e puro representante dos capitães e dos ideais de Abril {Salgueiro Maia}, pouco antes do seu falecimento, após solicitação ao governo da Nação, viu ser-lhe negada essa justa distinção. Porém, um facto é certo: nada voltará a ser como antes. O Portugal de hoje não é mais o de ontem, antes é, um país atascado numa crise profunda, social, económica, política e de valores. O Portugal de hoje, é um país com assimetrias sociais mais profundas que em 1974, em que existe uma classe de novos-ricos muito mais numerosa, e uma classe de pobres igualmente muito maior, sendo que os que se encontram no meio – a classe média - caminham a passos largos para o lugar destes últimos. A liberdade de expressão e de escrita encontra-se a caminho dos índices de repressão que vigorava em 1974. Enquanto até essa data existia a censura prévia oficial, hoje, existem outras formas de censura, encapotadas, mais sofisticadas… em nome da democracia. Que o digam os jornalistas. O golpe de Estado militar de 25 de Abril de 1974, assemelha-se, de certo modo – mau grado as comparações - ao golpe militar de 28 de Maio de 1926, porque, tal como então, o golpe militar de Abril contou com o apoio das classes intermédias e até da classe operária; operários industriais e assalariados agrícolas. Foi um movimento eivado de equívocos e é nesse sentido que se explica que a ele tenha aderido muita gente, de boa fé, que lenta e gradualmente nos tempos que se seguiram se irá afastar ou ser afastada da tomada do poder pelos sucessivos governos. Porém, a História se encarregará de enaltecer os seus heróis, enquanto que os nomes de todos os políticos de pacotilha e quejandos que tem pululado desde então por aí, acabarão, irremediavelmente, diluídos pelo limbo dos tempos vindouros. Pedro Manuel Pereira

terça-feira, 21 de abril de 2009

FLOR DA LIBERDADE

Sombra dos mortos, maldição dos vivos. Também nós…Também nós…E o sol recua. Apenas o teu rosto continua A sorrir como dantes, Liberdade! Liberdade do homem sobre a terra, Ou debaixo da terra. Liberdade! O não inconformado que se diz A Deus, à tirania, à eternidade. Sepultos insepultos, Vivos amortalhados, Passados e presentes cidadãos: Temos nas nossas mãos O terrível poder de recusar! E é essa flor que nunca desespera No jardim da perpétua primavera. Miguel Torga, in Orpheu Rebelde,1958

segunda-feira, 20 de abril de 2009

PARA QUE SE NÃO ESQUEÇA !!!!!

É bom ter sempre a lei por perto, mandem imprimir....guardar para quando for necessário. * Foi publicado no DIÁRIO DA REPÚBLICA em 09/01/02, a Lei nº 3359 de 07/01/02, que dispõe: Art.1° – Fica proibida a exigência de depósito de qualquer natureza, para possibilitar internamento de doentes em situação de urgência e emergência, em hospitais da rede privada. Art. 2° – Comprovada a exigência do depósito, o hospital será obrigado a devolver em dobro o valor depositado, ao responsável pelo internamento. Art. 3° – Ficam os hospitais da rede privada obrigados a dar possibilidade de acesso aos utentes e a afixarem em local visível a presente lei. Art. 4° – Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. *Não deixe de reenviar aos seus amigos, parentes e conhecidos. Uma lei como esta, que deveria ser divulgada, está praticamente escondida da população! E isso vem desde 2002. Estamos em 2009!

domingo, 19 de abril de 2009

Xutos & Pontapés

SEM EIRA NEM BEIRA A canção... A letra... A notícia... TUDO AQUI: http://mobilizacaoeunidadedosprofessores.blogspot.com/2009/04/xutar-com-eles.html
Estudo de professor da Universidade de Londres prova que o novo ECD e o modelo de avaliação de desempenho prejudicam o desempenho dos alunos e inflacionam as notas. É um estudo académico realizado por um professor de Economia Aplicada da School of Business and Management da Universidade de Londres. O estudo tem o título de Individual Teacher Incentives, Student Achievement and Grade Inflaction. O autor é português: Prof. Pedro Martins. Para além de ser professor na Universidade de Londres, Pedro Martins é "fellow researcher" no Instituto Superior Técnico e no Institute of the Study of Labour, em Bona. O estudo investigou o impacto das reformas educativas, realizadas, em Portugal, nos últimos 3 anos, no desempenho dos alunos do ensino secundário. O novo ECD, imposto pelo decreto-lei 15/2007, foi incluído no leque de reformas educativas. O estudo baseia-se na informação individual dos resultados dos exames em todas as escolas secundárias portuguesas desde o ano lectivo 2001-02 até ao último ano lectivo completo (2007-08). Utiliza informação disponibilizada pelo Júri Nacional de Exames e que tem sido utilizada para a construção de rankings (por exemplo, aqui e aqui). Em termos específicos, compara a evolução dos resultados internos e externos (exames nacionais) nas escolas públicas do continente com as escolas privadas e também com as escolas públicas das regiões autónomas. A motivação para esta escolha está no facto de os dois últimos tipos de escolas não terem sido afectadas - pelo menos não com a mesma intensidade - pelas várias alterações introduzidas no estatuto da carreira docente e avaliação de desempenho dos professores. Nessa medida, tanto as escolas privadas como as escolas públicas das regiões autónomas podem servir como contrafactual ou grupo de controlo. Os resultados indicam uma deterioração relativa de cerca de 5% em termos dos resultados dos alunos das escolas públicas do continente em relação tanto às escolas públicas da Madeira e Açores como às escolas privadas. A explicação dada pelo autor do estudo para este resultado prende-se com os efeitos negativos em termos da colaboração entre professores a partir do momento em que a avaliação de desempenho surgiu associada aos resultados escolares dos alunos (taxas de insucesso e de abandono). Ou seja, os professores começaram a colaborar menos uns com os outros e a partilharem menos os materiais e os conhecimentos. Por outro lado, o aumento da carga burocrática associada à avaliação também poderá ter tido custos em termos da qualidade da preparação das aulas. Por outro lado, o estudo conclui que a variação em termos dos resultados internos destes mesmos alunos é menor, embora também negativa - cerca de 2% (em contraponto a 5% nos exames nacionais). A diferença entre os dois resultados, que sugere aumento da inflacção das notas, pode explicar-se pela ênfase colocada pelo ECD (decreto-lei 15/2007) e pelo modelo de avaliação de desempenho (decreto regulamentar 2/2008), pelo menos na sua primeira versão (antes da avaliação simplificada) - nos resultados dos alunos (taxas de insucesso e de abandono) como item a ser considerado na avaliação dos professores. Este estudo é de enorme importância. As conclusões arrasam o novo ECD, o novo modelo de avaliação de desempenho de professores e as restantes reformas educativas introduzidas no ensino secundário. Espero que os jornais e as televisões peguem nos resultados deste estudo. Está tudo neste post, incluindo a versão completa do estudo do Prof. Pedro Martins. Para saber mais: • O estudo "Individual Teacher Incentives, Student Achievement and Grade Inflaction" versão completa • O estudo - versão abreviada (resumo)

SIMULAÇÃO COLISÃO ARTEROIDE COM A TERRA

http://www.youtube.com/watch?v=vZiZU42sn6w

sexta-feira, 17 de abril de 2009

APRENDAM A DANÇAR

PARA REFLECTIR SERIAMENTE !

AS MINHAS ILUSÕES

Hora sagrada dum entardecer De Outono, à beira-mar, cor de safira, Soa no ar uma invisível lira... O sol é um doente a enlanguescer... A vaga estende os braços a suster, Numa dor de revolta cheia de ira, A doirada cabeça que delira Num último suspiro, a estremecer! O sol morreu... e veste luto o mar... E eu vejo a urna d’oiro, a baloiçar, À flor das ondas, num lençol d’espuma! As minhas Ilusões, doce tesoiro, Também as vi levar em urna d’oiro, No mar da Vida, assim... uma por uma... Florbela Espanca

PEDIDO DE AJUDA

Meus amigos, O que vos vou contar é verdade. Estava há dias a falar com um amigo meu Nova-iorquino que conhece bem Portugal, o Eddie Cox… Dizia-lhe eu à boa maneira portuguesa de “coitadinhos”: - Sabes Eddie, nós os portugueses somos pobres... Esta foi a sua resposta: António, como podes tu dizer que sois pobres, quando sois capaz de pagar por um litro de gasolina, mais do triplo do que pago eu? Quando vos dais ao luxo de pagar tarifas de electricidade, de telemóvel 80 % mais caras do que nos custam a nós nos EUA? Como podes tu dizer que sois pobres quando pagais comissões bancárias por serviços bancários e cartas de crédito ao triplo que nos custam nos EUA? Ou quando podem pagar por um carro que a mim me custa 12.000 US Dólares e vocês pagam mais de 20.000 EUROS, pelo mesmo carro? Podem dar mais de 8.000 EUROS de presente ao vosso governo e nós não. António, francamente não te entendo! Nós é que somos pobres: por exemplo em New York o Governo Estatal, tendo em conta a precária situação financeira dos seus habitantes cobra somente 2 % de IVA, mais 4% que é o imposto Federal, isto é 6%, nada comparado com os 20% dos ricos que vivem em Portugal. E contentes com estes 20%, pagais ainda impostos municipais. Além disso, são vocês que têm “impostos de luxo” como são os impostos na gasolina e gás, álcool, cigarros, cerveja, vinhos etc, que faz com que esses produtos cheguem em certos casos até certos a 300 % do valor original., e outros como imposto sobre a renda, impostos nos salários, impostos sobre automóveis novos, sobre bens pessoais, sobre bens das empresas, de circulação automóvel. Um Banco privado vai à falência e vocês que não têm nada com isso pagam, outro, uma espécie de casino, o vosso Banco Privado quebra, e vocês protegem-no com o dinheiro que enviam para o Estado. E vocês pagam ao vosso Governador do Banco de Portugal, um vencimento anual que é quase 3 vezes mais que o do Governador do Banco Federal dos EUA... Sois pobres, onde António? Um país que é capaz de cobrar o Imposto sobre Ganhos por adiantado e Bens pessoais mediante retenções, necessariamente tem de nadar na abundância, porque considera que os negócios da nação e de todos os seus habitantes sempre terão ganhos apesar dos assaltos, do saque fiscal, da corrupção dos seus governantes e autarcas. Um país capaz de pagar salários irreais aos seus funcionários de estado e da iniciativa privada. Deixa-te de merdas António, sois pobres onde? Os pobres somos nós, os que vivemos nos USA e que não pagamos impostos sobre a renda se ganhamos menos de 3.000 dólares ao mês por pessoa, isto é mais ou menos os vossos 2.370 €uros. Vocês podem pagar impostos do lixo, sobre o consumo da água, do gás e electricidade. Aí pagam segurança privada nos Bancos, urbanizações, municipais, enquanto nós como somos pobres nos conformamos com a segurança pública. Vocês enviam os filhos para colégios privados, enquanto nós aqui nos EUA as escolas públicas emprestam os livros aos nossos filhos prevendo que não os podemos comprar. Vocês não são pobres, gastam é muito mal o vosso dinheiro. Ou então, vocês Potugueses são uns estúpidos ou uns mansos de merda! Que vou responder ao Eddie? Por favor dêem-me sugestões.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

ESTE É O MAIOR FRACASSO DA DEMOCRACIA PORTUGUESA

Foto: Amilcar dos Anjos Clara Ferreira Alves, in Expresso Não admira que num país assim emerjam cavalgadura, que chegam ao topo, dizendo ter formação, que nunca adquiriram, que usem dinheiros públicos (fortunas escandalosas) para se promoverem pessoalmente face a um público acrítico, burro e embrutecido. Este é um país em que a Câmara Municipal de Lisboa, desde o 25 de Abril distribui casas de RENDA ECONÓMICA - mas não de construção económica - aos seus altos funcionários e jornalistas, em que estes últimos, em atitude de gratidão, passaram a esconder as verdadeiras notícias e passaram a "prostituir-se" na sua dignidade profissional, a troco de participar nos roubos de dinheiros públicos, destinados a gente carenciada, mas mais honesta que estes bandalhos. Em dado momento a actividade do jornalismo constituiu-se como O VERDADEIRO PODER. Só pela sua acção se sabia a verdade sobre os podres forjados pelos políticos e pelo poder judicial. Agora contínua a ser o VERDADEIRO PODER mas senta-se à mesa dos corruptos e com eles partilha os despojos, rapando os ossos ao esqueleto deste povo burro e embrutecido. Para garantir que vai continuar burro o grande cavallia (que em português significa cavalgadura) desferiu o golpe de morte ao ensino público e coroou a acção com a criação das Novas Oportunidades. Gente assim mal formada vai aceitar tudo e o país será o pátio de recreio dos mafiosos. A justiça portuguesa não é apenas cega. É surda, muda, coxa e marreca. Portugal tem um défice de responsabilidade civil, criminal e moral muito maior do que o seu défice financeiro, e nenhum português se preocupa com isso, apesar de pagar os custos da morosidade, do secretismo, do encobrimento, do compadrio e da corrupção. Os portugueses, na sua infinita e pacata desordem existencial, acham tudo "normal" e encolhem os ombros. Por uma vez gostava que em Portugal alguma coisa tivesse um fim, ponto final, assunto arrumado. Não se fala mais nisso. Vivemos no país mais inconclusivo do mundo, em permanente agitação sobre tudo e sem concluir nada. Desde os Templários e as obras de Santa Engrácia, que se sabe que, nada acaba em Portugal, nada é levado às últimas Consequências, nada é definitivo e tudo é improvisado, temporário, desenrascado. Da morte de Francisco Sá Carneiro e do eterno mistério que a rodeia, foi crime, não foi crime, ao desaparecimento de Madeleine McCann ou ao caso Casa Pia, sabemos de antemão que nunca saberemos o fim destas histórias, nem o que verdadeiramente se passou, nem quem são os criminosos ou quantos crimes houve. Tudo a que temos direito são informações caídas a conta-gotas, pedaços de enigma, peças do quebra-cabeças. E habituámo-nos a prescindir de apurar a verdade porque intimamente achamos que não saber o final da história é uma coisa normal em Portugal, e que este é um país onde as coisas importantes são "abafadas", como se vivêssemos ainda em ditadura. E os novos códigos Penal e de Processo Penal em nada vão mudar este estado de coisas. Apesar dos jornais e das televisões, dos blogs, dos computadores e da Internet, apesar de termos acesso em tempo real ao maior número de notícias de sempre, continuamos sem saber nada, e esperando nunca vir a saber com toda a naturalidade. Do caso Portucale à Operação Furacão, da compra dos submarinos às escutas ao primeiro-ministro, do caso da Universidade Independente ao caso da Universidade Moderna, do Futebol Clube do Porto ao Sport Lisboa Benfica, da corrupção dos árbitros à corrupção dos autarcas, de Fátima Felgueiras a Isaltino Morais, da Braga Parques ao grande empresário Bibi, das queixas tardias de Catalina Pestana às de João Cravinho, há por aí alguém quem acredite que algum destes secretos arquivos e seus possíveis e alegados, muitos alegados crimes, acabem por ser investigados, julgados e devidamente punidos? Vale e Azevedo pagou por todos? Quem se lembra dos doentes infectados por acidente e negligência de Leonor Beleza com o vírus da sida? Quem se lembra do miúdo electrocutado no semáforo e do outro afogado num parque aquático? Quem se lembra das crianças assassinadas na Madeira e do mistério dos crimes imputados ao padre Frederico? Quem se lembra que um dos raros condenados em Portugal, o mesmo padre Frederico, acabou a passear no Calça dão de Copa cabana? Quem se lembra do autarca alentejano queimado no seu carro e cuja cabeça foi roubada do Instituto de Medicina Legal? Em todos estes casos, e muitos outros, menos falados e tão sombrios e enrodilhados como estes, a verdade a que tivemos direito foi nenhuma. No caso McCann, cujos desenvolvimentos vão do escabroso ao incrível, alguém acredita que se venha a descobrir o corpo da criança ou a condenar alguém? As últimas notícias dizem que Gerry McCann não seria pai biológico da criança, contribuindo para a confusão desta investigação em que a Polícia espalha rumores e indícios que não têm substância. E a miúda desaparecida em Figueira? O que lhe aconteceu? E todas as crianças desaparecida antes delas, quem as procurou? E o processo do Parque, onde tantos clientes buscavam prostitutos, alguns menores, onde tanta gente "importante" estava envolvida, o que aconteceu? Arranjou-se um bode expiatório, foi o que aconteceu. E as famosas fotografias de Teresa Costa Macedo? Aquelas em que ela reconheceu imensa gente "importante", jogadores de futebol, milionários, políticos, onde estão? Foram destruídas? Quem as destruiu e porquê? E os crimes de evasão fiscal de Artur Albarran mais os negócios escuros do grupo Carlyle do senhor Carlucci em Portugal, onde é que isso pára? O mesmo grupo Carlyle onde labora o ex-ministro Martins da Cruz, apeado por causa de um pequeno crime sem importância, o da cunha para a sua filha. E aquele médico do Hospital de Santa Maria, suspeito de ter assassinado doentes por negligência? Exerce medicina? E os que sobram e todos os dias vão praticando os seus crimes de colarinho branco sabendo que a justiça portuguesa não é apenas cega, é surda, muda, coxa e marreca. Passado o prazo da intriga e do sensacionalismo, todos estes casos são arquivados nas gavetas das nossas consciências e condenados ao esquecimento. Ninguém quer saber a verdade. Ou, pelo menos, tentar saber a verdade. Nunca saberemos a verdade sobre o caso Casa Pia, nem saberemos quem eram as redes e os "senhores importantes" que abusaram, abusam e abusarão de crianças em Portugal, sejam rapazes ou raparigas, visto que os abusos sobre meninas ficaram sempre na sombra. Existe em Portugal uma camada subterrânea de segredos e injustiças, de protecções e lavagens, de corporações e famílias, de eminências e reputações, de dinheiros e negociações que impede a escavação da verdade.

A REPÚBLICA DOS PINHEIROS

Foto: Amilcar dos Anjos Situada no extremo ocidental do velho e civilizado continente, a República dos Pinheiros sofreu uma invasão epidémica de “nematódeos ou nemátodos (Nemathelminthes) também chamados de vermes cilíndricos considerados o grupo de metazoários mais abundante na biosfera, com estimativa de constituírem até 80% de todos os metazoários (Bongers, 1988 apud Boucher & Lambshead, 1995)”. Perante esta invasão, o Pinheiro Chefe proibiu de imediato a divulgação do nome dos pinhais infectados. Começa, então, uma luta territorial entre os diversos pinhais conforme a cor partidária em que se situam. Os “rosa”, pinhais do Pinheiro Chefe, acotovelam-se em redor da maioria e disparam em lutas aguerridas e quase fratricidas contra tudo e contra todos. Dominar os vermes cilíndricos passa a ser o lema de qualquer “rosa” que se orgulhe. O grande chefe premeia quem o servir e a palavra vai passando de pinhal em pinhal da maioritária corporação. Os Pinheiros Ministros com a respectiva governação dão ordens inequívocas para protecção do território. A cor “rosa” tem de vingar em todos os pinhais filiados. Os correligionários pinheiros serão protegidos desde a raiz até à cúpula. As pinhas jamais devem abrir. Esconder o pinhão a qualquer preço e em qualquer lugar! E ressurge explosivamente pelo país fora a expressão, agora rosa, “cerrar fileiras”. Os “rosa” têm lugares por todo o lado com muitas pinhas encimando milhares de pinheiros apostados em preservar os seus lugares na coutada do poder. A seiva que os alimenta não pode ser contaminada por qualquer irrelevante e “sã epidemia”. Mas os pinhais “verdes” que rareiam nesta República vêem, então, chegada a hora da revolta. Não é que o Pinheiro Chefe orgulhoso, demagógico há muito que, utilizando com usura e sem pudor, quer na Assembleia dos Representantes da República, quer nos órgãos de Comunicação Social, os apelidava de apêndice dos pinhais “vermelhos” num discurso populista, termo hodierno que talvez pretenda designar os discursos dos políticos sem ideologia e sem real crédito pelo verdadeiro “populus”. Protectores do ambiente e denunciadores das pragas que o assolam, os “verdes” partem ao ataque arrastando “os vermelhos” para o campo da batalha. Desmontar e desconstruir (na senda do Movimento Descontrucionista de Derrida) este ludíbrio “rosa” foi um esforço sagaz e conclusivo para estes ambientalistas. Ora, se a República está doente, frágil e vulnerável era devido à reiterada erosão provocada pela governação “rosa” que tem tido como objectivo principal alargar e aumentar o número de pinhais, castigando todos os pinheiros das cercanias alheias, invadindo-lhes os respectivos habitáculos independentemente das boas ou más condições em que germinavam. Era esta a questão: a maioria exterminava porque se apoiava na força e não na partilha do saber. E porque estava iminente uma nova época de cultivo, os pinhais “rosa” ficaram aterrorizados com a necessidade da alternância para a valorização e fortalecimento dos solos, solução demonstrada pela maior produtividade dos solos estrangeiros. Mas como podiam os “rosa” perder terreno para outros pinhais, após todo este tempo de mandato de seiva única. Impunha-se que o Nemátodo ficasse bem restringido e silenciado. A doença nunca poderia ser “rosa”. Os “verdes” já não se atemorizavam. Se nunca o medo os detivera, agora o silêncio fora definitivamente vencido. Era tempo de restaurar o Bom Ambiente, até porque uma mente só é sã se tiver um corpo são e não porque esteja só agregada a um só poder e aparentemente insano. E, assim, prosseguiram firmes e determinados na desmontagem do encoberto estratagema “rosa”. Era importante dar à verdade a força que ela sempre encerra e para tal até bastava proceder a uma simples análise cromática dos emblemas partidários destes pinhais, possibilitando contextualizar e desmitificar esta desnudada e ardilosa barbárie. O verde era uma cor nobre, cantada e celebrada pela natureza. Ela simbolizava a Esperança, o Futuro, a Sanidade. O vermelho, a cor de Baco, dos Frutos, da Força, do Sol, da Pujança era e seria sempre um símbolo maior para qualquer pinheiro que preze as suas raízes. Ora o rosa nem sequer era cor, mas antes o resultado de uma mistura que por si só nada tinha de afirmação cromática. Fora vermelho mas sem o branco e a acromática mistura, o rosa não existia. Era a total ausência de cor ou a cor da ausência. Tinham esquecido e perdido os genes do seu património de origem. Eram agora restos e apenas sombra dos grandes pinheiros que se ergueram pela luta e defesa da terra-mãe, sonhada e desejada por e para todos. Estava, pois, explicada geneticamente a prepotência dos “rosa” e a razão pela qual queriam apoderar-se das pinhas, dos pinheiros, dos pinhais e fazer da República um único pinhal sem cor, sem génio e à mercê de qualquer invasor bacteriano! MJVS

quarta-feira, 15 de abril de 2009

A CRISE

OS SENHORES DO MUNDO

Decorria o ano de 1830, quando na elitista Universidade de Yale, nos E.U.A., um grupo de jovens funda uma irmandade secreta, da qual, só há poucos anos se começou a falar. Tem por nome: Skull & Bones {crânio e ossos}. Continua actuante e tem por sede um antigo edifício escuro e sem janelas no campus daquela universidade. Por ano, só são admitidos quinze elementos, que, ao longo dos tempos se vêm a destacar na alta-roda da elite dirigente daquele país. O anterior presidente dos Estados Unidos, Bush, pertence a essa «irmandade», tal como seu pai. O seu avô também foi membro dessa agremiação. Metade da equipa do Governo Bush era formada por «bonesmen», como eram chamados os membros da Skull & Bones, que conta actualmente entre os seus membros, administradores de grandes multinacionais de todas as áreas económicas, desde o armamento à indústria farmacêutica e petroquímica, políticos, militares, directores e proprietários de grandes grupos editoriais, de imprensa, formadores de opinião pública, indivíduos ligados à alta finança e por aí fora. Segundo alguma imprensa americana, existem mais de oitocentos membros actuantes, nos E.U.A., sem contar com os que se encontram ao seu serviço, fora desse país. Entretanto, em Maio de 1954 teve início pela primeira vez, uma reunião de representantes de poderosos grupos oligárquicos norte-americanos e europeus, na Holanda, no Hotel Bilderberg, para discutirem entre si, questões relacionadas com a orientação política, económica e social mundial. Tiveram acento nesse encontro - e continuam a ter - elementos da Skull & Bones. Desde então, os «120», como também é conhecida a reunião anual semi-secreta da elite mundial do grupo que tomou o nome do local onde se reuniram pela primeira vez, tem vindo a realizar os seus encontros em diversos países da Europa e dos E.U.A., onde, alegadamente, «cozinham» as estratégias no tabuleiro mundial. Nele tem peso actualmente, chefes de Estado, membros de governos e de parlamentos, chefes de alianças militares, presidentes de empresas multinacionais, líderes de bancos e organizações financeiras internacionais, magnates dos media e das organizações ambientalistas. São os «patrões» da globalização. Desde há uns anos para cá, que faz parte como um dos secretários executivos deste grupo, Francisco Pinto Balsemão, que tem convidado, desde então, destacadas figuras da sociedade portuguesa a participarem como assistentes a esses encontros, dos quais, muito pouco se sabe. Sobre esta matéria, abundam artigos em jornais, revistas e livros publicados em várias línguas, para além do que se pode encontrar na Internet. Em comum, todos estes escritos referem-se ao Grupo de Bilderberg como uma espécie de sociedade secreta mundial, de onde saem os homens e as estratégias que governam o planeta. Ressalve-se que na última década a organização destes encontros tem emitido lacónicas notas de imprensa, devido à pressão dos media. Notas estas, que evidentemente, para além de referirem os nomes dos presentes, salientam ser um grupo de reflexão reunido para discutirem coisas estilo «sexo dos anjos». Na verdade e, a título de exemplo, não deixa de ser no mínimo curioso que Bil Clinton tenha participado no encontro anual deste grupo em 1991 e em Agosto de 1992 tenha sido eleito presidente dos E.U.A.; que Tony Blair tenha participado no encontro da Grécia em 1993, tornando-se líder do Partido Trabalhista britânico em Julho de 1994 e 1º ministro em 1997, assim como Romano Prodi, que após participar no encontro deste grupo na Penha Longa, em Sintra, em Junho de 1999, em Setembro desse ano tomou posse como presidente da Comissão Europeia. Ou, ainda, como George Robertson, que participou no encontro Bilderberg na Escócia em 1998, tomou posse como secretário-geral da NATO no ano seguinte, cargo, que aliás, vem sendo ocupado desde 1971 por indivíduos que previamente passaram pelas reuniões anuais, do grupo Bilderberg. É, talvez, por coincidência, no que reporta a Portugal e na sequência do encontro desta organização, no Grand Hotel das Ilhas Barromees, em Itália, comemorando os seus cinquenta anos de existência, tendo estado presentes para além de Pinto Balsemão, António Vitorino, José Sócrates e Pedro Santana Lopes, e que o xadrez do tabuleiro político nacional tenha ficado organizado como é do conhecimento público. De notar, que desde 1994, que Durão Barroso participa nestes encontros e até o ex- Presidente da República, Jorge Sampaio, também participou. Assim, por iniciativa de Tony Blair, Durão Barroso foi indigitado e eleito para a Comissão Europeia. Jorge Sampaio ouviu todos os partidos políticos nacionais, empresários, organizações sindicais e … permitiu a sucessão de Durão por Santana sem que este tenha sido sufragado pelo povo. Inédito em Portugal. Por «coincidência», José Sócrates até acabou por ser eleito líder do P.S. . Já o era antes e a sua campanha de imagem nos media, atingiu níveis sem precedentes mesmo comparativamente com eleições a nível autárquico ou nacional, o que não deixa de ser caricato, uma vez que só puderam votar nele os militantes do P.S.. Mas a mensagem tinha de chegar a todo o lado e chegou. A lista de portugueses que tem sido visita destes encontros é relativamente «jeitosa». Nela podemos encontrar nomes como Carlos Monjardino, Artur Santos Silva, Margarida Marante, Murteira Nabo, Marcelo Rebelo de Sousa, Ricardo Espírito Santo, Roberto Carneiro, Vítor Constâncio, Marçalo Grilo, Faria de Oliveira, Manuel Maria Carrilho e mais alguns outros privilegiados destes encontros de alta-roda. Verdade ou não, os elementos do Grupo de Bilderberg, que tem no seu topo como elementos executivos, homens da Skull & Bones, não se livram da fama de serem os «gestores» da política e da economia mundial.

 P.P.

PORQUE SURGEM AS ENERGIAS NEGATIVAS

Quantas vezes não nos tem acontecido mudar repentinamente de humor, sobretudo depois de termos estado em dado lugar, ou a falar com alguém, que, como que nos «sugou» as forças anímicas que tínhamos, ou até e sobretudo, quando vimos um telejornal nacional à hora de jantar! Para combater essas más influências necessitamos de aprender técnicas de auto protecção. Não se trata de combatermos valores sobrenaturais malignos, trata-se antes de fortalecer a nossa psique contra qualquer ataque psicológico. Os especialistas sugerem as mais diversas fórmulas, desde as aparentemente absurdas extraídas do receituário elaborado pela famosa ocultista e mulher de virtude, alentejana, madame Balbina da Mouca, até à prática de técnicas de meditação, passando pelos típicos amuletos, como patas de coelho, ferraduras, pés-de-cabra, cornos {estes últimos sempre atrás da porta de casa} etc., passando pelas visualizações, pelas orações e fórmulas mágicas estilo: «o raio que os parta mais as suas promessas eleiçoeiras!», «cambada de chulos!», «e se fossem gamar prá estrada?», e por aí fora. De igual forma sugerem a recorrência a Feng Shui ou terapias psicológicas como a programação neurolinguística, defumações com dentes de alho, louro, pimenta da índia e coisa e tal, desde a retrete às capoeiras das galinhas. O ideal será reforçar o nosso magnetismo natural e a nossa aura com pensamentos positivos e esconjuros do género: «vá-de-retro-satanás ó pencudo!», «Devias morrer com a doença das vacas loucas!»... Cada pessoa deve-se defender em função da sua personalidade e circunstância, no entanto, por mais que queiramos desenvolver uma atitude positiva, não parece ser suficiente para nos mantermos a salvo de influências negativas especialmente as que precedem do nosso subconsciente, sem falar da caça à multa e dos assaltos à mão desarmada a que podemos estar sujeitos no dia-a-dia. Há pessoas que usam amuletos e estão certas que o seu uso é verdadeiramente eficaz e protector. Outras, pensam-se a salvo, dando de frosques pura e simplesmente deste país para bem longe. Que valor podem, pois, ter os amuletos. Não será antes, este, um fenómeno de sugestão? É muito provável que o seu efeito ou capacidade para proteger se deva em grande medida à crença que se deposita neles. Os mesmos, são capazes de produzir uma profunda resposta emocional em algumas pessoas e servem-lhes de ajuda para intensificar a sua energia psíquica e sexual protegendo-as de influências externas negativas. Pelo menos assim costuma acontecer com o «mal de olho» ou inveja. Quando a vítima está consciente desse olhar de inveja, o medo pode vir a afectá-la de forma grave, uma vez que as ideias aceites pelo cérebro costumam converter-se em actos e vai daí, pimba! – Se puder arreia umas valentes mocadas no invejoso. Em África, por exemplo, o bruxo que faz o «mal de olho» assegura-se de que a vítima fique a saber do seu acto: esse é o segredo do seu êxito. Quando a vítima sabe que foi sujeita a mau-olhado a combinação da fé na fatalidade e a auto-sugestão incidem em que a maldição se torne realidade e favorecem a que ela se abandone física e espiritualmente ao facto. Da mesma forma também se pode aprender a proteger-se. As fórmulas são muitas, no entanto, a sua eficácia dependerá sempre do empenho que se ponha em fazê-las funcionar, é claro! Genoveva das Chagas

Ventos de Mudança!

Temos sido espectadores/intervenientes de uma sociedade em profunda mudança, e face aos recentes desenvolvimentos que têm ocorrido, estamos cientes de que se encerrou um ciclo e que outro lhe sucederá, talvez mais virado para o aprofundamento dos valores éticos que se perderam com a voragem da sociedade de consumo e a busca do lucro fácil, onde haja mais solidariedade e fraternidade. Não dispomos de uma varinha mágica para acabarmos com a “crise” que se manifesta à escala global, em moldes tais que teríamos considerado ficção há uns tempos. Mas enquanto indivíduos há algo que está ao nosso alcance e que até é fácil de pôr em prática: é precisamente deixarmos em legado às gerações vindouras um ambiente sustentável, com ar puro, água potável suficiente para todos os habitantes da terra, boas condições climáticas, sem emissões excessivas de C02 para a atmosfera. Portanto, os pequenos gestos diários de racionalização e reutilização de recursos e reciclagem (ou seja, a regra dos 3 Rs) são importantíssimos para evitar o desperdício de bens que começam a ser escassos. São tantos os exemplos, à nossa volta, desde os cuidados a ter com os consumos de energia, de água, de papel, de plásticos que não sejam biodegradáveis, que verdadeiramente todos os contributos que possamos dar, ainda que modestos, irão ter impacte na melhoria do ambiente que nos rodeia e, pelo menos, poderemos sentir que contribuímos para, de algum modo minimizar, as graves consequências do aquecimento global e das mudanças climatéricas que já se fazem sentir. A.M.B.S.

Assim vai Portugal!

26.03.2009 Fonte: Lusa O projecto «Sopa da Noite», promovido pela Santa Casa da Misericórdia do Porto, arrancou ontem à noite na Casa da Rua, tendo servido três dezenas de sopas aos mais necessitados. O projecto está previsto para apoiar 150 pessoas, mas na primeira noite teve a concorrência de iniciativas móveis de distribuição de alimentos, que também decorrem no Porto. 06 Abril 2009 - 00h30 Saúde: Amanhã assinala-se o dia mundial Listas de espera com 655 mil utentes Os dados mais recentes do Ministério da Saúde revelam que mais de 655 mil portugueses estão em listas de espera no Serviço Nacional de Saúde. Em Março de 2008, cerca de 474 mil utentes estavam inscritos para uma primeira consulta de uma especialidade médica. Na lista de espera para cirurgia estavam inscritos, em Setembro de 2008, 181 099 doentes. Não há dados mais recentes. Fonte do Ministério da Saúde garantiu que "em breve" serão divulgados dados actualizados.Na véspera do Dia Mundial da Saúde, são várias as queixas em relação ao serviço público de saúde no País. 'No Hospital Garcia de Orta, em Almada, o tempo médio de espera para uma ressonância magnética é de três anos. Como é que uma pessoa com problemas de coluna pode esperar três anos?', questiona José Luís Salles, da Comissão de Utentes da Saúde do Concelho do Seixal, um concelho que reclama há vários anos pela construção de uma unidade hospitalar. 13 Abril 16h47 Ministra da Educação garante Escolas resolvem casos de carência alimentar. A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, garantiu esta segunda-feira que as escolas resolvem todos os casos de carência alimentar que identificam e considerou alarmistas as declarações do director-geral de Saúde sobre os problemas de alimentação de alguns alunos. O director-geral de Saúde, Francisco George, sugeriu que as cantinas escolares abrissem durante as férias da Páscoa para suprir necessidades alimentares de algumas crianças, mas a ministra criticou o alarmismo e disse não estar preocupada com esta matéria pois “as escolas já tratam deste problema há muito tempo. Têm uma acção muito eficaz, superando eventuais necessidades de apoio por parte das famílias”.Francisco George avançou que estão previstas 'medidas de contingência' para responder aos efeitos da crise económica na saúde dos portugueses, nomeadamente no campo da alimentação das crianças, sobretudo as que estão em idade escolar. O director-geral de Saúde diz que já surgiram crianças com fome devido à crise, mas garante que 'ainda não constituem um problema de dimensão preocupante'. Já há escolas com cantina aberta durante as férias. Medida é proposta pela Direcção-Geral da Saúde para combater carências alimentares fruto da crise. 00h30 Jornal de Notícias E o caso de Sintra pode servir de exemplo. A autarquia alargou o almoço gratuito a crianças que não cabiam nas definições previstas na acção social escolar, no caso do Ensino Básico (que compete às câmaras). Além de fornecer também o lanche, há dois ou três anos resolveu abrir as cantinas durante as férias. Exactamente aquilo que propõe Francisco George. 2009-04-13 17:01:06 Fábrica de Conteúdos Deterioração das condições económicas reflecte-se nas crianças. Hospital Amadora-Sintra recebe mais casos de fome e falta de higiene. O número de crianças com fome e falta de higiene que dá entrada no Hospital Amadora-Sintra tem vindo a aumentar desde há um ano e meio. As carências alimentares devem-se às condições económicas das famílias que se debilitam com a crise. Qimonda vai despedir até 400 trabalhadores A unidade de Vila do Conde vai eliminar entre 300 a 400 postos de trabalho, anúncio que será feito amanhã, avançou fonte da empresa. Lusa 17:13 Segunda-feira, 13 de Abr de 2009 A Qimonda vai dispensar os funcionários da fábrica de Vila do Conde que estão com contratos a termo, anúncio que será feito terça-feira, disse hoje à Lusa fonte da empresa. Esta vaga de dispensas deverá atingir entre 300 a 400 pessoas, acrescentou a fonte da Qimonda. O número manteve-se até agora, em segredo, uma vez que a direcção referiu "não perturbar as pessoas nesta época em que se assinalou a Páscoa". Os directores dos vários departamentos da Qimonda já têm a lista dos dispensados, que será divulgada no encontro desta terça-feira, que começa às 07:00 da manhã. "Esperam-se horas muito difíceis na fábrica, porque vai ser dramático comunicar a tantas pessoas que, a partir de agora, vão ficar sem emprego", acrescentou a mesma fonte. Até agora, os funcionários têm mantido a esperança num possível investidor, mas a direcção da multinacional portuguesa nada tem adiantado sobre esse assunto, o que leva a concluir "que não há nenhuma proposta concreta para a compra da fábrica", disse um dos trabalhadores. Comércio vive dias inseguros Lojistas da freguesia de Belas ameaçam manifestar-se devido à vaga de assaltos e furtos 00h30m Jornal de Notícias TELMA ROQUE Os comerciantes têm armas apontadas à cabeça em plena luz do dia. Os moradores andam com medo de sair à rua. Em Belas, Sintra, há quem pense em fechar as lojas em sinal de protesto ou colocar faixas negras nas ruas.Bancos, clubes de vídeo, lojas de tintas, restaurantes, cafés, papelarias ou lojas de telecomunicações. Nada escapa à cobiça dos ladrões. De noite ou de dia, assaltam, a eito, cada um dos estabelecimentos, estejam ou não clientes.Na Avenida General Humberto Delgado e Rua Margarida Malheiros, todos os comerciantes têm histórias para contar. Muitos já sentiram os canos de uma arma encostados à cabeça ou a lâmina de uma faca no pescoço. Abertamente, os comerciantes não falam sobre os protestos, apenas alegam que a paciência está a esgotar-se e que é preciso "fazer qualquer coisa". Os moradores também andam assustados. "Saio o menos possível e, quando escurece, tranco-me em casa", diz Fernanda Santos, que reside há mais de duas décadas na zona. Conclusão Ser Português já não é um desígnio nacional, mas uma fatalidade conjuntural, endémica e sistémica que transforma cada um de nós num herdeiro aprisionado de um passado mal gerido e nos lança para um presente onde aqueles que deveriam proteger-nos se dirimem em escusas falsamente promissoras e estranhas à sua sempre adequada acção. São os tempos da mundialização/globalização que, num ápice, converteram este cantado «jardim ocidental» num palco diário de notícias dolorosas, de infâmia, de corrupção consentida e silenciada, de despedimentos, de miséria e de FOME. Que os grilhões do medo não regressem e nos impeçam definitivamente de gritar a dor e a revolta de Abril! 14 de Abril de 2009 MJVS

terça-feira, 14 de abril de 2009

ESTAREMOS PRÓXIMOS DE UMA NOVA ERA GLACIAR?

Todos nós nos interrogamos da razão do clima ter vindo a sofrer grandes alterações nestas últimas décadas e em especial nos últimos anos. O tempo parece ter enlouquecido. Calor em Fevereiro, chuva em Agosto. Será que o aquecimento global do planeta nos estará a levar para uma catástrofe? Será este o pronuncio de uma nova era glaciar? Mais, será que a Humanidade é causadora deste estado de coisas? A tese de que o aquecimento da Terra se deve ao efeito de estufa provocado pela actividade humana, nomeadamente a emissão de gases para a atmosfera, começa a pôr-se em dúvida. Inclusivamente este dado é reconhecido pelos próprios autores desta teoria, como o Nobel Mário Molina ou James Hansen, cientista da NASA. Nos inícios do ano de 2002, vários estudos publicados na revista Science y Nature transmitiam-nos outro dado insólito: a Antártida, o barómetro da mudança climática, em geral encontra-se em fase de um arrefecimento mais acentuado, pese embora o degelo nalgumas das suas regiões. A razão porque isso ocorre é um mistério, levanta-se no entanto a hipótese do facto de antes de uma era glaciar o mundo ter sempre aquecido e aumentado o CO2. Este facto, por si, pode ser o suficiente para mudar o clima e as correntes marítimas, culminando numa fase de arrefecimento, que é o que se crê que se estará a iniciar agora na Antártida. Inclusivamente, o aumento que se tem registado nas actividades vulcânicas estará relacionado com o processo de glaciação eminente. Assim, crê-se que a Terra sempre esfriou após um largo tempo de deslocamento das placas polares e continentais, por movimentos de rotação, translação e balanço do eixo da Terra, ou devido ao impacto de asteróides. As mudanças climáticas mais bruscas ocorreram sempre em período glaciares ou pré-glaciares quando grandes placas de gelo se afastaram das regiões polares. O degelo e as inundações globais constituem um aviso para uma eminente mudança climática. Nos últimos 1,8 milhões de anos produziram-se umas 17 glaciações e em toda a história da Humanidade, duas ou três elas foram mais significativas. Após a primeira, há uns 200 milhões de anos em que se extinguiram muitas espécies, surgiram animais de grande porte e nasceram os dinossauros. A Terra, que estava unida, começou a separar-se em continentes. Seguiu-se uma outra glaciação há uns 65 milhões de anos, altura em que os dinossauros e outras espécies desapareceram misteriosa e repentinamente, dando lugar ao surgimento de espécies animais mais pequenas, os primeiros antepassados do Homem. Nesse período, os continentes tomaram a forma actual, numa altura em que não havia aerossóis e o CO2 era maior que agora. Entretanto, há cerca de 12000 anos houve outra glaciação, quando desapareceram os mamutes, repentinamente. Após este período, com um clima mais temperado começaram a desenvolver-se as primeiras Civilizações conhecidas. Não tenhamos dúvidas que quando houver uma nova era glaciar, mudará a face da Terra, a biologia a economia… Muitas espécies vegetais e animais desaparecerão, outras sofrerão mutações, incluindo o Homem… enfim, os pilares em que assenta a actual Civilização. P.P.

SEREMOS TODOS ESCUTADOS?

Num aspecto os portugueses têm de estar todos de acordo: desde o 25 de Abril de 1974 houve efectivamente uma grande evolução em Portugal… nas escutas telefónicas. Nunca o último chefe da PIDE, Silva Pais, sonhou com esta maravilha tecnológica da invasão da esfera privada dos cidadãos. Uma coisa assim, só seria possível para os pides, no quadro da ficção científica. Sem querer por em causa a «bondade» de quem ordena as escutas telefónicas em Portugal, seria curioso sabermos quais os critérios adoptados para que centenas, senão milhares de cidadãos deste país, tenham a sua vida privada devassada por esta via. Se nalguns casos se entende, como no que reporta a suspeitos de tráfico de droga, escândalos de corrupção, emigração clandestina e redes de prostituição, entre outros crimes, já não se compreende, que, alegadamente, as conversas telefónicas do ex-Presidente da República, Jorge Sampaio, no exercício das suas funções, tenham sido, alegadamente, durante largos meses escutadas, por via de telefonemas com pessoas suspeitas do caso da pedofilia, por exemplo, ou a tal história do envelope número não-sei-quantos. Ainda na ocasião, veio a lume na imprensa, que até membros do Conselho de Estado, ministros, deputados e outras figuras gradas da nação, para além de dezenas de milhar de cidadãos anónimos, só porque alegadamente são conhecidos, familiares ou amigos de suspeitos, terão sido objecto de devassa nas suas comunicações telefónicas. Hoje, por via de badalados casos sem fim à vista, que enchem páginas de jornais e não só, as escutas telefónicas voltam a ser comentadas. De acordo com as autoridades, o destino dessas gravações encontra-se previsto na lei. Na verdade, os governos deste país, desde os tempos salazarentos, tem tido, sempre, o condão de aderir rapidamente às modernices que vêm de fora, refira-se: aquelas que sejam de molde a controlar e «domesticar» os cidadãos. Foi um hábito que se enraizou! … É claro que as modernas tecnologias das polícias portuguesas, incluindo as das secretas, mesmo as das super-secretas, são fornecidas pelos parceiros políticos de Portugal. Por cá não se fabricam sistemas sofisticados de escutas. O mais sofisticado dos sistemas de escutas inventados pelos portugueses, é o de encostar as orelhas às portas e paredes, que segundo parece, continua a ser muito utilizado. Temos de nos render, Portugal encontra-se na senda da modernidade e tem por parceiros de alianças políticas, países como os E.U.A. e a Grã-Bretanha, paizinhos do mais sofisticado sistema de escutas ao cimo do planeta, o sistema Echelon. Trata-se de um sistema que parece ter saído de um filme de ficção científica, mas é bem real e poderoso, tão eficaz, como mal conhecido. Em suma: o Echelon é um sistema de intercepção, classificação e avaliação das telecomunicações, no entanto, possui algumas características que o tornam único, em confronto com sistemas similares de espionagem em todo o mundo. O Echelon é formado por um «consórcio» de diversos Estados: os E.U.A, a Grã-Bretanha, o Canadá, a Austrália e a Nova Zelândia, todos, países anglo-saxónicos, como podemos verificar. Cada um desses países tem um campo de actuação e partilha com os restantes do seu clube, as suas descobertas. Este procedimento visa contornar espinhos legais como por exemplo: uma vez que a N.S.A. {serviços super-secretos americanos}, está proibida, por lei, de fazer espionagem dentro dos Estados Unidos da América, pede aos seus congéneres da Grã-Bretanha ou do Canadá, para as fazer por eles. Aliás, a N.S.A., opera três satélites produzidos pela TRW, que tem o nome de código Orion/Vortex, que se encontram localizados numa órbita de 35000 km, além de possuir dois satélites construídos pela Boeing, com o nome de código Trumpet, que estão entre 200 e 35000 km respectivamente. Além disso, existem sete estações de monitorização ilegal de escutas. O Echelon foi concebido para se comportar como uma entidade inteligente e por isso não se limita a interceptar mensagens e retransmiti-las, uma vez que o volume de comunicações existentes tornaria tal procedimento impraticável. Assim, adoptaram-se procedimentos informatizados de reconhecimento de voz e de contexto e, de busca de palavras-chave. As mensagens passam pelo crivo de um «dicionário» em busca de concordâncias. Se for apanhada alguma, a mensagem será alvo do tratamento e classificação correspondentes. É assim a modos que andar à pesca de forma inteligente, apanhando-se só os peixes que interessam. O Echelon foi desenhado especificamente para captar e processar grandes quantidades de informação através das redes de transmissão civis. Enquanto as redes de espionagem militar possuem os seus próprios espiões electrónicos, o Echelon ocupa-se do filão das telecomunicações civis: telefone fixo, telemóveis, fax, Internet… Os telemóveis mesmo sem estarem conectados em conversação, basta estarem ligados, que funcionam como microfones para o Echelon {e não só}. Este sistema rastreia tudo e a sua espinha dorsal é composta por um conjunto de estações em terra ligadas a uma rede de satélites de intercepção. A estação de Morwenstow {Grã-Bretanha}, encarrega-se de coordenar as escutas dos satélites de comunicação Intelsat, situados na Europa e nos oceanos Indico e Atlântico. Mais duas estações: Menwith Hill, na Roménia, e Bad Aibling, na Alemanha, encarregam-se dos satélites não-Intelsat. Não obstante, o Echelon apanha tudo, que não só através dos satélites referidos, caso das comunicações dos telemóveis, que funcionam por meio de frequências de microondas, ou dos cabos submarinos, para o que possuem um mini-submarino, o USS Parche. No caso dos cabos de fibra óptica, conversores opto-electrónicos e por aí fora. Este é um sistema que ultrapassa tudo o que foi imaginado até hoje em filmes e séries de ficção científica estilo «Ficheiros Secretos». Tudo o que cada um de nós cidadãos faz em termos de movimentos de contas bancárias e outras comunicações electrónicas, é passível de ser monitorizado pelo Echelon, sobretudo políticos, militares, empresários ou jornalistas. A N.S.A. é quem controla e administra este sistema de escutas, a partir da sua sede em Fort Mead {Maryland}. Para um sistema que foi concebido nos anos setenta do século XX, pode-se calcular as potencialidades do mesmo, tendo em atenção os espantosos avanços tecnológicos havidos desde então, pelo menos, aqueles que o público sabe… O sistema Echelon foi concebido em pleno auge da Guerra-Fria e se então, se poderia compreender a sua existência, tendo em conta a permanente tensão político-militar entre os países do Ocidente e os países de Leste, a razão de continuar a existir e desenvolver-se um tal sistema de espionagem mundial, só podemos entende-lo na perspectiva do domínio económico e militar dos países anglo-saxónicos e seus aliados, sobre o restante planeta. Segundo rumores vindo a público, a intercepção das comunicações por via do Echelon, tem rendido contractos milionários a grandes empresas americanas e até francesas, a saber. Dentro da Comunidade Europeia, alguns representantes de Estados membros, por diversas vezes tem vindo a terreiro discutir esta questão, mas até ao momento sem resultados práticos, em defesa dos valores das liberdades individuais, comerciais e políticas das nações que se sentem um bocado à margem da repartição da fatia do «bolo». P.M.P.

O MISTÉRIO DAS MÚMIAS DO VATICANO

O cadáver do papa João XXIII, morto em 1963 encontra-se preservado. O corpo, segundo médicos legistas e autoridades eclesiásticas, encontra-se intacto, mantendo, inclusive, o sorriso que lhe permitiu ser apelidado como o Papa Bom. O rosto está perfeito, com os olhos fechados, a boca entreaberta, mantendo os seus traços peculiares. O corpo encontra-se sepultado no subsolo da Basílica de São Pedro, cripta que alberga vários papas. O túmulo de João XXIII, um dos mais carismáticos chefes da Igreja em todos os tempos, é um dos mais visitados. Para facilitar o culto ao antecessor, em tempo, João Paulo II transferiu os restos mortais para a capela de São Jerónimo, no interior da Basílica. Em Janeiro de 2001, os legistas retiraram o esquife e abriram as três urnas, duas de madeira e uma de chumbo, que guardaram o corpo por quase quatro décadas, tendo ficado surpreendidos com o impressionante estado de conservação. Especialistas que estudaram o cadáver garantiram que a ciência tem uma explicação para o fenómeno. João XXIII não foi embalsamado, mas, logo após a morte, o seu corpo foi banhado em substâncias químicas para se manter em bom estado durante os cinco dias que duraram as cerimónias fúnebres. «O oxigénio não podia entrar na urna de chumbo, o que impediu o apodrecimento», disse Vincenzo Pascali, médico legista da Universidade Católica de Roma. «Isso não autoriza comentários sobre causas sobrenaturais». O secretário-geral do Vaticano evitou falar em milagre. Mas declarou-se emocionado: «Foi uma grata surpresa ver o rosto de uma pessoa querida depois de tantos anos». A Igreja, que em outros tempos classificaria o fenómeno como algo sobrenatural, hoje prefere dar ouvidos aos cientistas. Nas últimas duas décadas, a Santa Sé patrocinou investigações em dezenas de corpos de santos e beatos que se mantêm incorruptos há séculos. Expostas em igrejas, múmias sagradas alimentam a fé de multidões de fiéis. Tornaram-se conhecidas na Idade Média como «incorruptíveis» por desafiar o tempo e as leis da natureza. A parceria entre cientistas e teólogos identificou a intervenção do homem em muitos eventos atribuídos à graça divina. O caso mais curioso é o da santa italiana Margaret de Cortona, morta em 1297 e venerada como padroeira das ex-prostitutas. Adolescente pobre, tornou-se, aos 17 anos, amante de um negociante muito rico. Viveram juntos por uma década e tiveram um filho, para escândalo do lugarejo onde viviam. Apesar dos apelos de Margaret, o amante jamais aceitou casar-se com ela. O caso acabou em tragédia: foi assassinado por um malfeitor. Margaret divisou neste acontecimento um «sinal de Deus». Segundo os registos da Igreja, ela converteu-se e decidiu devotar a sua vida aos pobres. O corpo da santa encontra-se exposto numa campa gótica na catedral de Cortona, província da Toscana. Ao longo dos séculos, fiéis veneraram o cadáver como um sinal de santidade. A pedido do Vaticano, o médico legista italiano Ezio Fulcheri, professor da Universidade de Génova, examinou o corpo preservado. Bastou despi-la para ver os sinais de manipulação. Incisões nas coxas, na barriga e no peito denunciavam os pontos usados para injectar conservantes. Mais tarde, Fulcheri debruçou-se sobre documentos da Igreja. Descobriu que Margaret fora mumificada a pedido dos fiéis. A verdade perdeu-se no tempo., porém, a lenda ficou. Pesquisas encomendadas pela Santa Sé identificaram intervenções nada sobrenaturais noutros ícones. Todos eram santos e beatos adorados nas províncias italianas de Úmbria e da Toscana. Viveram entre os séculos XIII e XV, como Santa Clara de Montefalco, São Bernardino de Siena, Santa Catarina de Siena e Rita de Cássia, santa das causas impossíveis. Devotos diligentes incumbiram-se de preservar os seus restos, mas, em certos casos, não se contentaram com isso. Santa Clara de Montefalco, por exemplo, teve o corpo dissecado pelas freiras da congregação a que pertencia. «Se procuram a cruz de Cristo, encontrarão o sofrimento do Senhor no meu coração», costumava dizer a santa. As religiosas levaram a mensagem à letra. Após a morte, remexeram as vísceras de Clara à procura de sinais sagrados. Recolheram três cálculos da vesícula, supostos símbolos da Santíssima Trindade. Também divisaram Jesus crucificado numa mancha do coração, guardado num relicário. A ciência, contudo, não consegue explicar a conservação de todos os santos mumificados. O caso mais intrigante é o de Santa Zita (1218-1278), que viveu em Lucca, na Itália. Ela foi um exemplo de bondade. Dormia no chão, depois de ter cedido a própria cama a uma mulher pobre. Também jejuava para doar comida aos famintos. Quando morreu, foi sepultada numa vala comum. Exumado três séculos depois, o seu corpo estava completo e intacto. Sem nenhum sinal de manipulação. Permanece, assim, até hoje, passados mais de 700 anos. «É uma bela múmia», diz o legista italiano Gino Fornaciari, da Universidade de Pisa, que já examinou vários «incorruptíveis». Como Santa Zita, os corpos de santos como Ubaldo de Gubbio e Savina Petrilli mantém-se conservados sem explicações científicas convincentes. Especialistas acreditam que as condições climáticas existentes no interior das igrejas, onde a maioria dos «incorruptíveis» foi sepultada, podem explicar o fenómeno. «A temperatura nas igrejas é baixa e há pouca variação entre o Inverno e o verão», observa o médico Ezio Fulcheri, legista da Universidade de Génova. Ao estudar as múmias veneradas, Fulcheri conseguiu desvendar a origem do culto. O costume de sepultar santos em igrejas remonta à decisão do imperador romano Constantino, que no século IV ergueu uma catedral no lugar em que São Pedro fora enterrado. Fulcheri suspeita que o tratamento do corpo de Cristo com óleos e resina, logo após ter sido crucificado, inspirou a preparação química dos ícones católicos mortos, sejam leigos abnegados, sejam sumos pontífices. A fé dos devotos fez o restante Pedro Manuel Pereira