segunda-feira, 25 de agosto de 2014

O PODER DOS ASKENAZIS NAS LOJAS B’NAI B’RITH


Por Pedro Manuel Pereira

As largas dezenas de lojas B’nai B’rith em todo o mundo encontram-se na obediência da Ordem Independente de B’nai B’rith, uma organização paralela da maçonaria (dita) regular, nos quadros das quais só tem entrada os     indivíduos de origem judaica.
Esta estrutura foi fundada em 13 de outubro 1843 em Nova Iorque por Henry Jones, aliás Heinrich Jonas um judeu-alemão nascido em Hamburgo, que foi quem teve a ideia, e mais 11 pessoas (todas alemãs), simbolicamente representando as 12 tribos bíblicas de Israel, e tem a sua sede na Rhode Island Avenue, 1640, em Washington, EUA, próximo da Casa Branca. Atualmente conta com mais de 600000 membros em 47 países, sendo que na casa-mãe se encontra a nata da oligarquia judaica mundial.
Depois de 1868 a língua utilizada nos rituais deixou de ser o yiddish passando a ser a língua inglesa. A primeira loja que instalaram no estrangeiro foi em Berlim, em 21 de Março de 1882, seguindo-se a Loja de Jerusalém inaugurada em 10 de Junho de 1888. Em 1912 a Ordem B'nai B'rith registava nos seus quadros 25 mil membros. Em 1913 o Federal Reserve Act atribuiu a um consórcio de bancos de capitais maioritariamente judeus o exclusivo da impressão da moeda fiduciária nos Estados Unidos. Até hoje.

Tal como na maçonaria regular, a B’nai B’rith é apresentada como um organização filantrópica e por tal é considerada uma ONG (Organização Não Governamental) dedicada aos enunciados humanísticos e filosóficos tal como as estruturas maçónicas de âmbito mundial, que não é mais do que um pretexto para recolher generosos subsídios e contribuições dos Estados que são gastos de forma não transparente.
As suas primeiras e fundamentais tarefas desenvolvem-se no campo da influência política e área social. O facto é que estas lojas têm sido desde a sua criação uma eficiente ponta de lança do movimento sionista, demonstrando ser excelentes nessa atividade.

Para além das várias filiais, a B’nai B’rith International conta com uma plêiade de organizações afins fundadas por esta organização, gravitando na sua órbita. Destacam-se de entre as mais importantes:
- American Jewish Committee  (Comité Judaico Americano), fundado em 1906 com o objetivo de reunir todos os setores judaicos nos EUA para defenderem os direitos dos judeus no mundo;           
 - Comité para Assuntos Públicos Americano-Israelita (AIPAC), formado durante a administração de Dwight Eisenhower (34º Presidente dos EUA). É um grupo que realiza tarefas de lobby no Congresso dos EUA e na Casa Branca com o fim de manter estreitas relações entre Israel e os Estados Unidos. Descrevem-se a si mesmos como «Lobby Pró-Israel dos Estados Unidos» e como organização sem fins lucrativos. São seus membros destacados Democratas, Republicanos e independentes;
- The Career and Counseling Services;
- The Klutznick Museum responsável pela manutenção dos arquivos das lojas;
- The Hillels Foundations dirigida aos meios estudantis;
- The B'naï B'rith Youth Organization dirigida às áreas da cultura;
- The B'naï B'rith Wome agrupa as mulheres filiadas na Ordem;
- The Anti-Defamation League Jewish ou Liga Anti Difamatória Judia, cujo objetivo oficial é lutar contra o antissemitismo, embora na prática lutem contra o anti sionismo, que é muito diferente. Encontra-se disseminada em dezenas de países.

Os membros da B’nai B’rith consideram-se uma casta superior dentro do judaísmo. Assim, para além da marginalização social e da descriminação racial a que votam os judeus sefarditas de Israel, registe-se uma multiplicidade de manifestações realizadas por diversas figuras da oligarquia Ashkenazi1. que vêm ratificar o que é afirmado. Atitudes e posturas condenáveis, tendo em conta que os judeus sefarditas são precisamente os genuínos hebreus semitas, enquanto que os judeus ashkenazis de origem europeia, que são a casta dominante nesse país, não pertencem a esse grupo étnico.
Além disso estes últimos (Ashkenazis) foram precisamente os fundadores e principais promotores do sionismo moderno, cujo caráter ultra racista não surpreende, vindo de indivíduos que aplicam aos sefarditas, ou seja, aos seus próprios correligionários, o epíteto pejorativo de «pretos». Tais manifestações são, sem dúvida, mais eloquentes que quaisquer outras explicações. De entre as mais significativas proferidas por importantes personalidades destacamos as seguintes:
Golda Meir afirmou que «todo o judeu deve de aprender o yiddish (língua oficial dos ashekenazis europeus) porque sem yiddish não há judeus».
Ben Gurion foi mais explícito ao afirmar: «Não queremos que os israelitas se levantinicem. Devemos lutar contra o espírito levantino (ou seja, semita) que corrompe os homens e as sociedades».
Haïm Cohen referiu-se à inspiração racial do Estado judaico da seguinte forma: «A amarga ironia da sorte quis que as mesmas teses biológicas e racistas propagadas pelos nazis sirvam de base para a definição oficial do judaísmo no seio do Estado de Israel».
A pertença às lojas B’nai B’rith não exclui os seus membros de pertencerem simultaneamente a outras lojas maçónicas, o que é frequente entre eles. De facto, são numerosos os casos de indivíduos dos referidos agrupamentos que ostentam as distinções de terem sido Veneráveis Mestres e até Grão Mestres de lojas e Grandes Lojas americanas ou europeias, praticantes do Rito Escocês Antigo e Aceite. Pode assim dizer-se, que as lojas B’nai B’rith constituem estruturas específicas no contexto da maçonaria regular a nível mundial.

Algo semelhante pode ser dito em relação às várias organizações plutocrática-oligárquicas descritas neste artigo, dentro das quais os líderes da B'nai B'rith formam um grupo particular. De tal modo que a influência da oligarquia judaica na vida pública não se articula exclusivamente através de organizações específicas das referidas lojas, mas também através de outros organismos que contam nas suas fileiras com números elementos pertencentes às mesmas. 
São as pequenas vantagens proporcionadas pelo facto de poderem estar (e pertencer) em vários lugares ao mesmo tempo.
As lojas B'nai B'rith constituem o núcleo central de uma vasta rede de sociedades afins que se movem na sua órbita e que confluem para ela. Entre as mais relevantes figuram o American Jewish Committee, o American Jewish Congress e a Conference of Presidents of Mayor American Jewish, que agrupam por sua vez, umas quantas associações judaico-americanas. Merecem uma menção especial o World Jewish Congress e o American Israel Public Affairs Committee, as mais importantes e influentes sociedades de entre estas.
O World Jewish Congress (Congresso Mundial Judaico) tem sede em Nova Iorque (cidade com o maior número de judeus fora de Israel). Descreve-se a si mesmo como uma associação judaica com o fim de defender os interesses dos judeus nos EUA e em todo o mundo, através da promoção de políticas públicas, recorrendo à diplomacia, à legislação e aos tribunais. Possui delegações em setenta países. Somente nos EUA a sua rede organizativa aglutina trinta e duas organizações anexas e publica sete jornais diários. Esta poderosa entidade é presidida por Edgar Bronfman, magnate do setor vitivinícola e da indústria cinematográfica. Fora dos EUA as suas ramificações regionais ostentam as seguintes designações: Congresso Judeu da América Latina, Congresso Judeu Europeu, Congresso Judeu Euroasiático e Congresso Judeu de Israel.

Esta organização tem sido protagonista de vários escândalos de corrupção, disputas internas, desvio de fundos e racismo anti árabe.
O trust Bronfman possui 15% do capital da Time Warner e é acionista maioritário da MCA-Universal, as mais importantes empresas produtoras cinematográficas e de televisão dos EUA. Por outro lado, o conselheiro especial de Edgar Bronfman na MCA é Michel Ovitz, igualmente membro do Congresso Mundial Judaico e diretor da Creative Artist Agency, primeira agência de contratação artística de Hollywood.
Quanto à American Israel Public Affairs Committee, é um dos grupos de pressão mais discretos e poderosos dos Estados Unidos.
Estas são, em termos gerais, as mais destacadas engrenagens de uma poderosa máquina junto das altas esferas políticas americanas e em outros países.
Esta pequena abordagem permite-nos aferir que a influência sionista manifesta-se não só na esfera política, mas também de forma significativa nos meios de comunicação social, onde um grande número de responsáveis de programas de televisão, assim como a maioria dos redatores chefes, correspondentes e comentadores de órgão de comunicação social nos EUA e outros países em geral são judeus.
Encontra-se a mesma predominância nas instituições universitárias, nos centros de investigação, nos serviços de segurança, na indústria cinematográfica e nos meios artísticos e literários.
 
NOTA:
1.  Ashkenaz é o termo pelo qual se designam os judeus provenientes da Europa Central (França, Alemanha…) e da Europa Oriental. Este termo deriva do hebraico medieval que foi usado para referir Alemanha (Ashkenaz).
Os judeus Ashkenaz (ou Ashkenazi) tem por origem Khazaria, uma região da Europa Central, não sendo, portanto, originários da Palestina, ao contrário dos indivíduos naturais da cidade de UR, do período pré-clássico, na antiga Mesopotâmia, descendentes de Abraão, que por sua vez descendia de Sem, daí serem denominados judeus Semitas.
Os Ashkenazis consideram-se uma raça, um povo. De acordo com o Genesis capítulo 10, verso 3, Ashkenaz  foi um bisneto de Noé, neto de Jafé e filho mais velho de Gomer.
Atualmente a maioria dos judeus americanos (90%) e cerca de 50% dos judeus israelitas são Ashkenazi, descendente de judeus desta etnia que emigraram principalmente da Alemanha e da Europa Oriental a partir de meados do século XIX e inícios do século XX.
Ashkenazis  e sefarditas judeus representam duas subculturas distintas do judaísmo. Compartilham as mesmas crenças básicas, com variações na cultura e na prática.
Ao longo dos últimos 15 anos, os geneticistas identificaram ligações entre as comunidades judaicas espalhadas um pouco por todo o mundo, que apontam para uma ascendência e uma religião comuns. Não obstante a verdadeira origem de uma das populações judaicas mais importantes, os ashkenazi, continua a permanecer um mistério.
Por seu turno, os judeus sefarditas e seus descendentes são provenientes de Espanha, Portugal, África do Norte e Médio Oriente.
Os judeus sefarditas são muitas vezes subdivididos em sefardim, de Espanha e Portugal, e mizrachim, a partir do Norte de África e no Médio Oriente. Quando os judeus foram expulsos de Espanha em 1492, muitos deles foram absorvidos pelas comunidades mizrachi existentes no Norte de África e no Médio Oriente.
As maiorias dos primeiros colonos judeus da América do Norte foram sefarditas. A primeira congregação judaica na América do Norte, Shearith Israel, fundada em 1684, no que hoje é Nova Iorque, foi sefardita e ainda continua ativa. Em Israel, pouco mais da metade de todos os judeus são mizrachim, descendente de judeus dessa região desde tempos imemoriais, ou que foram expulsos de países árabes depois de que Israel foi fundado. O maior grupo a seguir é composto por descendentes de ashkenazi, que foram para a Terra Santa (então controlada pelos turcos otomanos) em vez dos Estados Unidos no final do século XIX, ou a partir de sobreviventes do Holocausto e de outros imigrantes. Cerca de 1% da população de Israel é composta por judeus etíopes negros que fugiram durante a fome na Etiópia no final de 1980 e início de 1990.
Historicamente em todas as regiões, os judeus sefarditas foram mais facilmente integrados na cultura não-judaica local que os judeus ashkenazi. Nos países cristãos, onde o ashkenazismo floresceu, a tensão entre cristãos e judeus foi grande, e os judeus tenderam a isolarem-se dos seus vizinhos não-judeus, voluntária ou involuntariamente.
O idioma iídiche, que muitas pessoas pensam ser a língua internacional do judaísmo, é realmente a língua dos judeus ashkenazi. Judeus sefarditas têm a sua própria língua internacional, o ladino, que foi baseado nos idiomas espanhol e hebraico, da mesma forma que o iídiche foi baseado no alemão e no hebraico.
Os ashkenazis constituem a elite política e económica em Israel, e os banqueiros judeus da Europa e dos Estados Unidos são todos ashkenazis. 
Atualmente cerca de 10 milhões de judeus ashkenazis vivem nos Estados Unidos, Israel, América do Sul, África do Sul, Austrália, Nova Zelândia e Europa. 

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

UMA ORGANIZAÇÃO TERRORISTA SECRETA EM PORTUGAL - A GLÁDIO/AGINTER PRESS

Por Pedro Manuel Pereira

A descoberta em Lisboa em 22 de Maio de 1974 das instalações e dos arquivos de uma agência portuguesa de «informações», dirigida por franceses que fugiram depois da queda do regime salazarista dirigido por Marcelo Caetano, trouxeram à luz do dia as ramificações de uma conspiração internacional com o objetivo de estabelecer uma Nova Ordem na Europa, livre da Democracia.
Um punhado de militares da revolução procuravam descodificar numa pequena sala de um primeiro andar, uma catrefada de dossiers, formulários mimeografados, ficheiros com títulos de «Máfia» ou «Contribuidores Financeiros Alemães», por exemplo, recortes de jornais, velhas fotos, aparelhos para escutas telefónicas, laboratório fotográfico para fabricar documentos falsos, matrizes para impressão de bilhetes de identidade, cartas de condução, passaportes franceses, documentos relativos a transações comerciais de considerável magnitude e livros referentes a pagamentos de militares marcadas com as iniciais e nomes codificados, assim como uma incrível coleção de carimbos espanhóis, franceses e portugueses, próprios para autenticar documentos falsos. Entre esses carimbos, encontravam-se os das prefeituras de Haute-Garonne e de Oran, do serviço de passaportes da Prefeitura de Polícia de Paris, da Ordem dos Advogados do Fórum de Annecy, da Alfândega de Alicante, da comissão de carteiras de identificação de jornalistas franceses e muitas assinaturas de diplomatas e oficiais superiores franceses.
A documentação encontrada era composta por um impressionante número de referências a técnicas de terrorismo, que eram ministrados em cursos de «treino especial» de centros de formação em Portugal e em África. Nesses cursos eram ensinadas técnicas de vigilância e de camuflagem, técnicas de contato entre agentes, técnicas de interrogatório, técnicas e confissão de falsos álibis em caso de prisão e, acima de tudo, técnicas de sabotagem em cada situação geográfica e política.
Uma atenção especial era dedicada a missões especiais, visando tanto a infiltração como a guerra psicológica.
Tratava-se de arquivos de uma pequena «agência de notícias», colocados ao lado de documentos da antiga polícia política portuguesa, que foram entregues à guarda da Comissão de Extinção da PIDE-DGS, incluindo a troca de correspondência com esta polícia política no quadro das suas operações especiais e missões de espionagem.
No dia 22 de maio de 1974, menos de um mês depois do golpe de Estado (ou revolução…) que derrubou 48 anos de ditadura salazarenta, um grupo de fuzileiros capitaneados pelo tenente Moniz Matos investigou um apartamento situado no elegante bairro da Lapa, em Lisboa. Situava-se na Rua das Praças, num prédio moderno, com o nº13, na casa do Comandante Valentin, francês, que havia cedido as instalações gratuitamente.
As duas primeiras salas estavam mobiladas como escritórios, a terceira era um laboratório fotográfico, na quarta estavam arquivos classificados divididos por países, e por aí fora. O apartamento era a sede da agência Aginter-Press. O proprietário da casa estava ausente em parte incerta. Quanto ao diretor da agência, Capitão Yves Guérin-Sérac, outro francês, tinha desaparecido pouco antes do golpe de Estado, sem que alguém pudesse informar para onde.

Recorde-se que após o 11 de março de 1975, a 2ª Divisão foi liquidada e o Conselho da Revolução criou em maio seguinte, na sua dependência, para ocupar algumas das funções da extinta PIDE/DGS, o SDCI - Serviço Diretor e Coordenador de Informações, que viria ser extinto formalmente em maio de 1976, através do Decreto-Lei nº385/76.
Yves Guillon, mais conhecido pelo pseudónimo de Yves 
Guérain-Sérac, era especialista em operações de guerra clandestina a quem os EUA tinham atribuído várias medalhas militares entre as quais a Estrela de Bronze Americana.
Yves Sérac era um católico fervoroso e ardente anticomunista recrutado pela CIA. Antigo oficial do exército francês tinha assistido à derrota de França frente ao III Reich durante a 2ª Guerra Mundial. Havia combatido na guerra da Indochina, na guerra da Coreia e na guerra da Argélia. Em 1961 Guérain-Sérac fundou juntamente com outros oficiais a OAS - Organização do Exército Secreto, que lutou por uma Argélia francesa e tentou destituir o governo do general de Gaulle para instaurar um regime anticomunista.
Após a Argélia se ter tornado independente em 1962, e de o general Charles De Gaulle ter dissolvido a OAS, antigos oficiais do exército secreto, entre os quais Guérain-Sérac, fugiram da Argélia e colocaram à disposição de ditadores da América Latina e da Europa a sua valiosa experiência de guerra secreta, de operações clandestinas, de terrorismo e de contra terrorismo, em troca do direito de asilo.
Guérain-Sérac como um genuíno soldado da guerra-fria ofereceu os seus serviços a Salazar, tendo afirmado que, «Os outros depuseram as armas, mas eu não. Depois da AOS fugi para Portugal para continuar o combate e travá-lo à sua verdadeira escala, ou seja, à escala planetária».
Neste país aliou-se a extremistas franceses e a renegados da OAS. O antigo pétainista (de Marechal Pétain) Jacques Ploncard d'Assac apresentou-o nos meios fascistas e a membros da PIDE e da Legião Portuguesa. Foi recrutado como instrutor da Legião e das unidades de contraguerrilha do exército português. Foi assim que, com a ajuda da PIDE e da CIA, juntamente com o terrorista de extrema-direita Stefano Delle Chiaie criou a Aginter Press, um exército anticomunista ultrassecreto.
A CIA e a PIDE, e os serviços secretos militares de Salazar, encarregaram-se de fornecer os fundos necessários para o empreendimento terrorista do capitão Guérain-Sérac. «A organização constituiu os seus próprios campos de treino nos quais mercenários e terroristas seguiam um programa de três semanas de formação em operações secretas que incluíam nomeadamente técnicas de atentados à bomba, assassínios silenciosos, métodos de subversão, comunicações clandestinas, infiltração e guerra colonial». Um desses campos situava-se no Algarve.
A Aginter Press nasceu no seio da NATO, era financiada pela CIA e foi «parida» pela Gládio, ligada umbilicalmente à famigerada Loja maçónica italiana P2.
As investigações tiveram início após as revelações feitas por vários agentes da PIDE presos em Caxias. Segundo afirmaram, «Trabalhávamos em estreita ligação com a Aginter-Press que ostentava a fachada de agência de notícias, mas funcionava na prática em certas ações como uma filial da PIDE-DGS».
A Gládio/Aginter Press esteve implicada nos assassínios de líderes revolucionários africanos de primeiro plano, como Amílcar Cabral e Eduardo Mondlane, este, presidente da FRELIMO, mas também Humberto Delgado, entre outros.
No caso de Mondlane, por exemplo, Roberto Leroy, braço direito de Guérain-Sérac, viajou para a Tanzânia, entre 1968 e 1969, alegando ser militante marxista-leninista e pró-chinês. Naquele país infiltrou-se junto dos principais líderes da FRELIMO, onde realizou uma desinformação cuidada, envenenando as relações entre os seus dirigentes, colocando os representantes das várias tendências do movimento uns contra os outros. Eduardo Mondlane acabou morto por um dispositivo explosivo sofisticado escondido dentro de um livro.
Esta agência não imprimia nem livros nem brochuras, mas treinava terroristas de extrema-direita e efetuava golpes sujos e operações clandestinas no interior e no exterior das fronteiras de Portugal
Em tempo, o extinto semanário O Jornal noticiou, «A rede stay-behind, concebida no próprio seio da NATO e financiada pela CIA cuja existência acaba de ser revelada por Giulio Andreotti, dispunha de um ramo em Portugal, activo nos anos sessenta e setenta. Tinha o nome de Aginter Press».  
Na altura da descoberta dos arquivos desta agência, o tenente Moniz Matos ordenou a transferência para o Forte de Caxias de tudo quanto foi encontrado nas instalações da Aginter. Uma parte do carregamento — o que se encontrava nos escritórios e no laboratório — foi trancada numa sala do primeiro andar do Forte. Uma outra parte — as caixas e os dossiers com os recortes de jornais — ficaram amontoadas numa sala grande junto à escada central, por falta de espaço. Poucos dias depois, o comandante Abrantes Serra, novo responsável pelo Forte, incumbia o tenente Costa Correia de proceder um inventário do material apreendido e de o examinar minuciosamente.
Os primeiros relatórios do tenente Correia são surpreendentes: na realidade, a Aginter Press não só escondia um escritório internacional de informações políticas, como servia de cobertura para uma importantíssima rede internacional de extrema-direita, o movimento Ordem e Tradição, que se definia como «Uma organização de ação e de combate em todos os momentos e em todos os países», tendo como braço militar, a ICAO – Organização Internacional do Ação Contre Communisme.
O governo português hesitou em abrir um inquérito sobre a Aginter Press e a guerra secreta, e acabou por decidir que todos os documentos fossem – foram alegadamente - destruídos pelos militares portugueses com receio de graves implicações diplomáticas com os governos de Itália, França, Alemanha, EUA e outros, caso as atividades da Aginter nos vários países fossem reveladas.
O dossier da Aginter «foi subtraído à Comissão de Extinção da PIDE e da Legião Portuguesa e desapareceu definitivamente», lamentava o semanário O Jornal, uns anos mais tarde, num artigo consagrado à rede Gládio.
A existência de relações entre a estrutura da Aginter Press e as organizações de extrema-direita italiana, em particular, a Nova Ordem, foi confirmada durante as investigações realizadas pelos membros da Comissão de Extinção da PIDE/DGS a partir de parte do material encontrado na sede em Lisboa.
Um documento revelador da natureza e ação da Aginter é uma carta de intimidação remetida a antifascistas na década de 60. Essa carta ostenta a figura de um capacete romano com a palavra Gladius, e é subscrita por «Os Centuriões». Dela destacamos as seguintes passagens: «Somos Cem. Poderíamos ser milhares a afirmar a Nação e defendê-la dos Abutres e dos Traidores: dos abutres de fora; dos traidores de dentro. - Para afirmar a Nação e defendê-la dos Abutres seremos dezenas de milhar. Para defender a Nação dos traidores somos Centuriões regressados de Angola, Moçambique e Guiné. Condenamos a traição que o governo e os seus órgãos não conseguem reprimir por meios legais. Somos cem que vimos tantas vezes a morte de perto que ela se tornou familiar. A morte será a nossa arma contra a traição!».
Não obstante uma boa parte dos seus membros já tivessem prestado serviços em diversos bandos anticomunistas de vários países nos anos anteriores, a Aginter Press nasceu oficialmente em Lisboa em Setembro de 1966. Os seus fundadores foram motivados por temerem ações internas. O ditador Salazar e a PIDE temiam a desestabilização do regime, tendo, assim, apelado à Aginter Press para a sua instalação e ação em Portugal e colónias.
Com instalações em França, Itália, Espanha, Portugal e Alemanha Ocidental, a Ordem e Tradição editou regularmente um boletim de informações com o mesmo nome, enviado a todos os seus seguidores. Como subtítulo afirmava, «veritas ubique», e o seu lema era: «melhor acender uma pequena vela do que maldizer a escuridão». Os boletins eram impressos em Dieppe, França. Por coincidência a sede francesa da Aginter Press também tinha a mesma morado do impessor: Rue de la Republique, nº53, na casa de Joseph Vannier.
A Aginter Press possuia correspondentes em Bona, Buenos Aires, Genebra, Saigão, Roma, Tel Aviv, Washington, Estocolmo e Taipé.
Os seus agentes tornavam-se, frequentemente, auxiliares da PIDE executando missões em África, recrutamento de mercenários e, por vezes, assumiam-se eles mesmos como mercenários. Em França, além do seu trabalho de informação sobre a esquerda e a extrema-direita, o correspondente da Aginter era encarregado de espiar os emigrantes portugueses (cerca de um milhão entre os anos sessenta e setenta), em particular os opositores do regime de Marcelo Caetano e os dirigentes da esquerda nacional exilada nesse país. Tudo em estreita colaboração com os agentes da PIDE infiltrados na emigração portuguesa.
Em Angola, Moçambique e Guiné os homens da agência desempenhavam missões de espionagem ou de provocação. Alguns estavam infiltrados nos movimentos de libertação, outros nas tropas portuguesas, onde agiam por conta da PIDE.
Em Portugal os homens da Aginter eram particularmente ativos. Documentos descobertos na sua sede mostram que, na véspera do 25 de abril, duas «operações pontuais» estavam em preparação: um rapto, que deveria acontecer num café de Lisboa, e um assassinato em Villa Franca de Xira. Gozavam da proteção do Governo e da estrutura da PIDE. Como forma de justificarem o nome por que se designavam – Aginter Press – tinham um programa de propaganda na Emissora Nacional, com o título: «Voz do Ocidente», e colaboravam, ideologicamente, com jornais de extrema-direita como o Agora e o Vanguarda, entre outros.
«A existência em Portugal de exércitos secretos próximos da CIA e da NATO foi revelada pela primeira vez em 1990, no seguimento da descoberta da Gládio italiana. Em Portugal, uma rádio lisboeta noticiou que tinham sido utilizadas células duma rede associada à Operação Gládio durante os anos cinquenta para apoiar a ditadura de extrema-direita do Dr. Salazar».1

NOTA

1.       Palmer, Jonh, "Undercover NATO Group 'may have had terror links'", The Guardian de 10 Novembro 1990.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

O SUBMUNDO DESTE MUNDO - A LOJA MAÇÓNICA P2

                 Por Pedro Manuel Pereira

A Loja maçónica Propaganda Due (sigla P2) foi fundada em 1877 sob os auspícios do Grande Oriente de Itália, funcionando como oficina de acolhimento de maçons visitantes que se ausentavam temporariamente dos trabalhos das suas próprias lojas.
Largas décadas mais tarde, os tribunais italianos viriam a qualificar esta loja negra, como «uma estrutura secreta com incrível capacidade de controlar as instituições governamentais até ao ponto de converter-se, virtualmente, num Estado dentro do Estado».
Nos alvores dos anos de 1960, nos seus quadros encontravam-se inscritos catorze membros permanentes, no entanto, quando Licio Gelli - de que falaremos mais adiante – a liderou como venerável-mestre nessa década, o seu quadro aumentou num só ano de 14 para 4000 membros. Note-se que muitos destes indivíduos eram destacados personagens da elite italiana, grande parte deles inscritos ilegalmente nesta estrutura, uma vez que os funcionários do Estado italiano estavam proibidos por lei de ingressar em sociedades secretas.
A P2 tornou-se célebre por ter protagonizado o maior escândalo da História desta República: o Banco Ambrosiano de Milão em agosto de 1982, quando este foi declarado insolvente pelo governo italiano, após ter sido descoberto um «buraco negro» de cerca de 1,5 bilião de dólares. O Vaticano possuía 16% do capital nesse Banco.
A sua derrocada provocou um cortejo de cadáveres que chegou, inclusivamente, ao Papa João Paulo I, assassinado quando se dispunha a limpar as finanças do Vaticano. Havia sido encontrado o fio que podia conduzir a um ponto intocável: os mecanismos de intervenção dos EUA sobre os Estados europeus. Por exemplo, os movimentos anticomunistas na Polónia e na América Latina foram financiados com dinheiro que saiu dos cofres do Banco Ambrosiano.
Em consequência, o Vaticano viu-se inundado por credores que solicitavam que, como acionista desse Banco a Santa Sé respondesse pela sua queda e assumisse as dívidas deste.
É aqui que entra em cena Paulius Casimir Marcinkus, arcebispo e presidente do Banco do Vaticano, conhecido como «o banqueiro de Deus» e principal protagonista do filme da queda do Ambrosiano.

Em 26 de setembro de 1981 foi indicado como pro-presidente da Cidade do Vaticano, tornando-se dessa forma a terceira pessoa mais poderosa desse Estado pontifício imediatamente abaixo do papa e do seu secretário de Estado.

Não obstante e contra a opinião de Marcinkus e da maioria da Curia vaticana, o seu então secretário de Estado, o cardeal Agostinho Casaroli, decidiu pagar 406 milhões de dólares aos bancos credores do Ambrosiano, considerando que a Santa Sé tinha perante eles uma responsabilidade moral.
As investigações da queda do Banco trouxeram à tona entre outras operações nebulosas, pagamentos obscuros à loja maçónica P-2 e o desvio de seus fundos para uso particular. Foram acusados formalmente Marcinkus e dois administradores seus adjuntos, Luigi Mennini e Pellegrino Strobel.
A justiça italiana pediu autorização às autoridades da Santa Sé para poder processar Marcinkus, no entanto viram negado o pedido, com alegação de que o arcebispo nada tinha a ver com a falência do Banco Ambrosiano.
O Tribunal Supremo da Itália defendeu a impossibilidade de processar o prelado e os dois funcionários, em virtude do Tratado de Latrão, entre o Estado do Vaticano e o de Itália.
Nesta altura Marcinkus sai do Banco do Vaticano, deixa Roma e retira-se para uma paróquia no Ilinóis, EUA, onde acabou por falecer em 2006 com 84 anos.
Por seu turno a P2 entre 1965 e 1981 conduziu o processo político italiano mediante a inclusão de pessoas de sua confiança no seio da Magistratura, no Parlamento, nas Forças Armadas e na Comunicação Social.
Em Itália a loja negra funcionou como base da rede Gládio, uma rede secreta paramilitar de intervenção e subversão concebida nos princípios dos anos cinquenta, disseminada por todos os países europeus sobre influência norte-americana.
Nos seus inícios era seu objetivo fundamental eliminar a enorme influência dos partidos comunistas após a 2ª Guerra Mundial através de atos de sabotagem, assassinatos, chantagens, e por aí fora e travar a infiltração soviética. Porém, nos anos seguintes a rede Gládio converteu-se num monstro que controlou os partidos políticos sob a batuta dos EUA.
Tornou-se um autêntico poder sombra com capacidade para - por meios políticos e pela força - traçar o rumo político dos países europeus caso estes não se ajustassem aos objetivos e necessidades norte-americanas, executando, inclusivamente, atos terroristas que atribuíam a agrupamentos políticos de esquerda, tendo-se destacando entre eles o atentado bombista numa estação de comboios em Bolonha em 1980, de que resultaram 85 mortos.
Nascida e criada no seio da NATO e financiada pela CIA, a Gládio, possuía um ramo bem estruturado em Portugal, ativo nos anos sessenta e setenta, em tempos de Salazar. Neste país adotou o nome de Aginter Press e esteve implicada nos assassínios de líderes revolucionários africanos de primeiro plano, como Amílcar Cabral, uma vez que os seus tentáculos se estendiam até às colónias africanas.
Quem pensa que a rede Gládio ou a Loja P2 são coisas do passado? Acaso não é Berlusconi uma criação da P2? - Lá iremos mais adiante.

P2 - A Maçonaria Fascista
A história das finanças da Santa Sé não seria a mesma se não fosse o caso de ter entrado em cena uma estranha sociedade secreta que teve (e não terá ainda?) como atividade principal, desmantar os regimes democráticos na Europa e não só; a P2.

A P2 viu virados para si os holofotes da opinião pública italiana e mundial quando fez cair o Banco Ambrosiano - um dos principais bancos de Milão, propriedade do Banco do Vaticano – e a suspeita da misteriosa morte do seu presidente Roberto Calvi, enforcado numa ponte em Londres em 18 de junho de 1982. Morte inicialmente apresentada como suicídio, foi mais tarde considerada assassinato. Ficou lançada a suspeita sobre os membros da P2 por Calvi ser o responsável financeiro dos fundos dessa Loja.

Roberto Calvi nasceu em Milão em 1920. Em fevereiro de 1971 foi nomeado Diretor Geral do Banco Ambrosiano; em novembro, Conselheiro Delegado e em 1975, Presidente.

Graças à sua gestão esta entidade bancária tornou-se no maior Banco privado de Itália.
Em 1981, o 1º ministro italiano, Giovanni Spadolini, mandou ilegalizar a Loja P2, após ter sido tornada pública uma lista de 962 membros, nela constando militares, industriais e agentes dos serviços secretos, vários deles suspeitos de haverem tentado desde 1969 desestabilizar as instituições do Estado, suscitando no país um ambiente de tensão e violência.
Uma comissão de inquérito compilou uma série de documentos com o objetivo de estabelecer nexos de causalidade existentes entre a loja secreta, os meios de extrema-direita e a Máfia.
Até 1982 não se pode confirmar a implicação da Loja P2 na economia italiana.
Roberto Calvi, membro dessa loja negra pretensamente maçónica, teve como seu venerável-mestre na estrutura o siciliano Michele Sidona, simultaneamente banqueiro da Máfia e reciclador de dinheiro da droga. Michele Sindona (1920 -1986) era conhecido nos círculos bancários como «Tubarão».
Sindona tinha sido nomeado pelo Papa Paulo VI assessor financeiro do Vaticano e membro do Conselho de Administração do Banco do Vaticano.
Um levantamento do juiz italiano Ferdinando Imposimato mostra que Michele Sindona atuava desde 1957 como banqueiro para a Máfia siciliana, Cosa Nostra, e servia o Vaticano. Sindona também esteve envolvido no assassinato do advogado Giorgio Ambrosoli em 1979 sendo condenado em 1986 à prisão perpétua como mandante dessa execução. 
Sidona, juntamente com Roberto Calvi e o Arcepispo Paul Marcinkus, utilizaram a imunidade diplomática do Banco do Vaticano para esconder o dinheiro da Máfia, da Loja Maçónica P2 e de influentes políticos italianos.
Encarcerado numa prisão de alta segurança de Voghera, Itália, Sindona prometeu fazer revelações depois de ter sido condenado a cadeia perpétua, tendo em 20 de março de 1986 morrido envenenado com cianeto.
A mecânica das operações fraudulentas de Calvi era muito simples: quando necessitava de dinheiro para financiar operações sujas em Itália, em outros países europeus ou na América Latina pedia empréstimos no mercado do eurodólar; quando as somas eram demasiado importantes, apresentava as garantias do IOR (Instituto para as Obras da Religião), o Banco do Vaticano, dirigido por monsenhor Marcinkus, o qual lhe assegurava pródigos benefícios. Porém, nunca se esquecia de retribuir a Licio Gelli.
Calvi construiu um império e a pedido de Gelli tomou sob o seu controlo o Grupo Rizzoli, que era proprietário de um dos principais periódicos da península itálica, o Corriere della Sera.
Em 1981. Calvi foi condenado a quatro anos de prisão por fraudes financeiras e deixado em liberdade sob fiança.
O Banco Ambrosiano era o nó italiano da rede financeira internacional controlada por Michele Sindona, membro da família Gambino nos Estados Unidos. Esta personagem travou amizade com Licio Gelli, empresário têxtil e venerável-mestre da Loja P2. Ao relacionar-se com a Curia romana, Sindona e Gelli propuseram ao cardeal Paul Marcinkus, titular do Banco do Vaticano, que este participasse no Ambrosiano.
Marcinkus fez excelentes investimentos através do Banco de Sidona. Este e o seu cúmplice utilizavam a estrutura do Banco do Vaticano para lavar dinheiro sujo e evasão de impostos. A Igreja, a Máfia e a Loja P2 mantiveram uma proveitosa cumplicidade até à crise internacional do petróleo em 1972. O falhanço de alguns grandes investimentos provocaram o descalabro do Ambrosiano e a fuga de Sidona para os Estados Unidos. Foi descoberto então, que o Vaticano era um dos acionistas e rebentou o consequente escândalo.
De acordo com diversas investigações, foi Sidona quem introduziu Calvi nos círculos do poder do Vaticano em associação com monsenhor Marcinkus, um dos mais firmes aliados da máfia italo-norteamericana na Santa Sé, que utilizou as instituições do Vaticano para branquear dinheiro sujo procedente do tráfico de drogas e armas, assim como de outras atividades ilícitas.
As investigações do processo «máfia versus P2», empreendidas pela justiça italiana, demonstraram que o Estado do Vaticano serviu durante mais de uma década como paraíso fiscal, sendo o IOR aproveitado pela Loja P2 para enviar dinheiro sujo para contas secretas na América do Sul, sobretudo Argentina e América Central.
O sacerdote espanhol Jesús López Sáez relata no seu livro, El Día de la Cuenta, que o papa Paulo VI afirmava em relação a Licio Gelli: «O fumo de Satanás entrou na Igreja». Mais adiante nesta sua obra refere que a aliança Vaticano-EUA-maçonaria-máfia siciliana-Cosa Nostra surgiu nos começos da Guerra Fria, impulsionada pela necessidade de enfrentar o inimigo comum: o comunismo soviético. Diz ainda que a máfia siciliana foi uma espécie de governo secreto norte-americano no final da II Guerra Mundial, com o objetivo de impedir a propagação do comunismo e que a estrutura mafiosa do Vaticano era controlada diretamente pela CIA, à qual se encontrava ligado Licio Gelli, denominado nesses tempos o «príncipe das trevas».
Segundo o jornalista italiano Ennio Remondino, o ex-colaborador da CIA, Richard Brenneke afirmava que «Gelli e a P2 haviam trabalhado para a CIA recebendo em troca enormes somas de dinheiro» que o próprio Brenneke afirmava haver entregado a esse chefe maçon.
Em 1978 as acrobacias financeiras de Calvi originaram uma investigação da Banca de Itália por exportação ilegal de capitais. Em 1982 a queda do Banco foi avaliada em 1400 milhões de dólares.
Calvi desapareceu do seu domicílio de Roma na noite de 9 para 10 de junho desse ano e foi encontrado enforcado oito dias depois. A investigação determinou que ele não se podia ter enforcado sozinho, antes, havia sido estrangulado.
Note-se que, em maio de 1981, na lista dos 962 membros da Loja P2 publicada na imprensa encontravam-se os nomes de Michele Sidona, de Roberto Calvi e de 169 militares de alta patente, assim como todos os dirigentes dos serviços secretos, diretores de periódicos, magistrados e políticos da democracia cristã. Todos os escândalos que haviam sacudido a Itália durante 10 anos conduziam de uma forma ou de outra a Licio Gelli.
Em 1987 as autoridades judiciais ordenaram a detenção de Marcinkus por fraudes relacionadas com a falência do Banco Ambrosiano, prisão a que o arcebispo se furtou graças à imunidade diplomática conferida pelo Vaticano.
Neste estória desempenha um papel fundamental Licio Gelli, que se considerava a si mesmo o homem politicamente mais à direita na Europa.
Esta criatura nasceu em Pistoia, Toscana, em 1919. Aos dezoito anos foi voluntário na guerra civil espanhola no seio de um batalhão italiano de camisas negras fascistas.
No decorrer da 2ª Guerra Mundial foi oficial de ligação entre os exércitos alemão e o italiano, com responsabilidades de inteligência. A sua principal missão era a localização e eliminação de partisans (combatentes da resistência).
Nos anos de 1960 Licio Gelli já era um homem muito rico, tinha-se convertido numa das personagens mais relevantes da vida económica e política de Itália. Costumava dizer a este propósito: «As portas blindadas dos bancos abrem-se todas para a direita».
Aparentemente boa parte da sua fortuna procedia, precisamente, de despojos de guerra.
Durante alguns anos Gelli esteve deslocado na localidade de Cattaro, no Montenegro, nas margens do Mar Adriático, desempenhando atividades no âmbito da inteligência, região onde esteve escondida boa parte dos depósitos de ouro do Banco da Jugoslávia, em milhares de lingotes de ouro dos quais nunca mais se voltou a saber depois da guerra até 1999 quando a polícia italiana encontrou cinquenta destes em esconderijos no jardim da luxuosa villae de Gelli na Toscana.
Após o término da guerra Gelli trabalhou para os vencedores mas também para os vencidos. Embora tendo elaborado para os aliados uma lista negra de fascistas que deviam de ser vigiados, participou na rede de fuga dos criminosos de guerra (sobretudo para o continente americano) de que lhe resultaram importantes benefícios económicos.
Provavelmente o caso mais célebre em que Gelli esteve envolvido foi na fuga de Klaus Barbie, o «carniceiro de Lyon», que se refugiou durante vários meses no Vaticano antes de lhe prestar auxílio.
O custo da operação foi financiado pela contrainteligência dos Estados Unidos, que estava bastante interessada nas informações que o antigo chefe da Gestapo lhes podia proporcionar.
Em 1948 Gelli ingressou na Democracia Cristã italiana. Tempos mais tarde, chegou a diretor da Permaflex, uma das mais importantes empresas de colchões de Itália.
Poucos anos depois esta personagem converteu-se num dos mais importantes atores da Operação Gládio.
Em 1972, Quando travou amizade com o general Alexander Haig, antigo comandante-chefe da NATO, a Gládio era uma complexa rede de espionagem que contava com mais de 15000 agentes em toda a Europa, desempenhando as mais diversas atividades.
Em maio de 1965, o plano mestre da Gládio já estava perfeitamente traçado num documento intitulado «A estratégia de tensão», no qual era proposto encenar-se uma campanha terrorista protagonizada por partidos de esquerda, de tal ordem que levasse a população a um nível de tensão superior ao que podia suportar, para que a situação derivasse num levantamento popular e no estabelecimento de um governo em moldes neofascistas.
O toque de genialidade de Gelli foi recorrer à Loja maçónica P2 a fim de instilar o gérmen propiciador da nova ordem italiana. Curiosamente esta matéria não está isenta de ironia, uma vez que foi precisamente Mussolini que um dia ilegalizou a maçonaria italiana.
Após a guerra, a república havia restituído os direitos aos maçons italianos e nesta etapa dos acontecimentos as lojas maçónicas floresciam nesse país.
Gelli tinha ingressado na P2 em novembro de 1963, tendo chegado rapidamente ao mais alto grau do Rito Escocês Antigo e Aceite (33º).
O Grão-Mestre do Grande Oriente de Itália (GOI) encomendou a Gelli a tarefa de criar uma Grande Loja que servisse para expandir os ideais maçónicos em toda a Itália e este obteve o controlo definitivo da Propaganda Due (P2) em 1976, depois haver sido dissolvida (abatido colunas) e voltado a funcionar (erguido colunas) devido a dissensões internas da própria organização maçónica, que começava a dar-se conta de que Licio Gelli tinha ideias muito próprias sobre o destino da P2, bem distantes dos ideais e princípios maçónicos. 
Gelli não só pretendia realizar o grande plano da Gládio, culminando-o com um governo fascista em Itália, mas também exportar esse modelo para outros países na Europa e outros continentes.
Por esses tempos, Gelli declarou numa entrevista televisiva que queria reunir os melhores e mais habilitados indivíduos de várias áreas políticas para materializar os seus «planos de renascimento democrático».
Dentro desta ordem de ideias um dos primeiros membros a ser admitido na renovada loja foi o general Giovanni Allavena, homem forte da espionagem italiana por cujas mãos passava material muito substancial com o qual se podia chantagear um grande número de personalidades italianas.
O jornalista italiano «Mino» Pecorelli que foi membro da P2, declarou que a CIA sustentou económica e logisticamente a organização. Em 1990 o antigo agente da CIA Richard Brenneke confirmou esta colaboração entre a espionagem americana e a loja negra italiana.
Pecorelli foi encontrado morto em 1979 com um tiro de pistola na boca, forma usado pelos mafiosos para liquidarem todos quantos denunciam os seus crimes.
No seu escritório foram encontrados alguns documentos dos escritórios do SID – uma organização nascida da fusão de elementos do FBI com elementos da CIA, um «cozinhado» à moda italiana – grande parte deles relativos a Gelli. Um desses documentos era uma lista de pessoas que este havia denunciado junto do SID como sendo de colaboradores durante a ocupação nazi entre 1943 e 1945; outro era uma nota da inteligência alemã na qual se expressavam suspeitas de que Gelli pudesse estar a trabalhar em segredo para algum serviço de inteligência do Pacto de Varsóvia.
De acordo com vários investigadores, as relações da P2 iam muito mais além da CIA, estendiam-se à extrema-direita italiana, outras sociedades secretas, como a Carbonária e parte do exército italiano. Presumia-se que Gelli estivesse muito bem relacionado. Havia sido sócio do criminoso de guerra Klaus Barbie, a quem ajudou a organizar um esquadrão de morte na Bolívia, responsável pelo assassinato do líder socialista Marcelo Quiroga e em boa medida pela ascensão ao poder do general boliviano Luís Garcia Meza.
A junta militar boliviana agradeceu os serviços de Gelli e Barbie dando-lhes concessões especiais sobre a plantação de coca, de cuja comercialização se encarregavam os diversos contatos que Gelli possuía junto da Máfia siciliana.
Gelli também havia contribuído financeiramente para o regime de Juan Domingo Perón, na Argentina e mantinha relações com Ronaldo Reagan que o convidou para a sua cerimónia de tomada de posse como presidente dos Estados Unidos em 1981. Tempos antes havia estabelecido amizade com Phil Guarino, diretor da campanha eleitoral de Reagan que um ano antes, em 8 de abril de 1980, recebeu uma carta de Gelli nos seguintes termos: «Se crês que pode ser útil que algo favorável ao teu candidato presidencial seja publicado em Itália, envia-me o material e eu farei com que seja publicado em algum dos periódicos de cá».
Além do mais, Gelli tinha sido um dos principais patrocinadores do regime de Anastasio Somoza na Nicarágua e dos comandos da Triple A na Argentina, Uruguai, Colômbia e Brasil. Afirmava encontrar-se em termos de amizade com o antigo diretor da CIA e o presidente dos EUA, George Bush pai, a quem qualificava de «membro honorário» da Loja P2.
Em 1981 a trama da P2 foi descoberta pelas autoridades. Numa busca feita à mansão de Gelli foi encontrada uma cópia do documento, «A Estratégia de Tensão» e uma lista dos principais conspiradores, incluindo três ministros, quarenta membros do Parlamento, quarenta e três generais do exército, entre eles o poderoso Giovanni Torrisi, chefes da polícia e dos serviços secretos, como Giuseppe Santovito, o Dr. Joseph Michelle Crimi e Giulio Grassini, o diretor da polícia financeira; Orazio Giannini, o general do SID Vito Milici, o general da Guarda Financeira, Raffaele Giuddo, o magistrado do Supremo Tribunal de Justiça, Ugo Zilletti, oito almirantes,
industriais, financeiros, artistas, jornalistas, proprietário de órgãos de informação, executivos da televisão, centenas de diplomatas e outros altos funcionários.
Muitos dos indivíduos constantes nesta lista negaram a sua filiação na Loja P2, outros, incluindo o próprio Gelli, foram imediatamente detidos por ordem do juiz de Milão, Pierluigi Dell’Osso. Gelli acabou por escapar da prisão graça ao facto de ter subornado os guardas prisionais.
Alguns não tiveram tanta sorte e viram as suas carreiras definitivamente arruinadas por via da sua associação à P2. Sem dúvida que o mais afetado de entre estas criaturas foi o ministro da Justiça Adolfo Sarti, que embora não figurasse na famigerada lista havia solicitado o seu ingresso na loja, de acordo com a documentação encontrada pelas autoridades na casa de Gelli. Sarti acabou por se demitir enquanto decorria a investigação policial sobre a sua presumível implicação em «atividades criminosas».

A P2 e o Vaticano
Foi no auge do poder pessoal de Licio Gelli, que este se aproximou da Igreja através do cardeal Paolo Bertoli, um velho amigo da Toscana. Através deste conheceu os cardeais Sebastiano Baggio, Agostino Casaroli, Ugo Poletti e Jean Villot. Acontece que por artes ainda não esclarecidas, acabou por ter acesso ao papa Paulo VI, que lhe concedeu uma série de audiências.
Para adicionar respeitabilidade à sua pessoa junto do Papa, Gelli conseguiu tornar-se cavaleiro da Ordem de Malta e Cavaleiro do Santo Sepulcro. Não obstante – parece - o Papa desconhecia a condição de maçon de Gelli.
Maçonaria e Catolicismo são incompatíveis, e isso é algo em que os papas dos últimos cem anos têm sido particularmente cuidadosos a sublinhar. O Código de Direito Canónico de 1917 é claro e não deixa margem para dúvidas quando castiga com a excomunhão a adesão à Maçonaria.
Não obstante, a maioria dos membros da P2 eram bons católicos que compartilhavam com a Santa Madre Igreja um visceral anticomunismo. No entanto, o envolvimento de clérigos dos vários escalões nas fileiras da P2 era o menor dos problemas de um fenómeno que desde há vários anos vinha sendo denunciado em vários setores católicos: a infiltração da Maçonaria dentro da Igreja Católica.
No que se refere à P2, um dos factos mais transcendentes para a Igreja que sucederam dentro da Loja, foi o facto de que nela travaram conhecimento Michele Sidona e Paul Marcinkus.
Este, graças à sua elevada estatura física foi - segundo parece - a chave para a sua ascensão na Santa Sé. Em 1964 uma multidão enfurecida pôs em risco a integridade física do papa Paulo VI, que foi oportunamente resgatado pelo gigantesco Marcinkus. A partir de então passou a ocupar os cargos de assessor e guarda-costas do Santo Padre, que lhe valeria a partir de então o cognome de «o Gorila». Posteriormente, em 1969, o papa nomeou-o presidente do Instituto das Obras de Religião (IOR) - mais conhecido como o Banco do Vaticano - passando a ser conhecido pelo «banqueiro de Deus», em vez de «o Gorila». 
Foi Michel Sidona, presidente da Banca Privada, considerado próximo do círculo da máfia italo-americano, quem alertou as autoridades ao acusar o arcebispo e Roberto Calvi, presidente do Banco Ambrosiano e membro da Loja P2, de se haverem envolvido em diversas operações consideradas de alto risco e negócios ilícitos.
De acordo com Sidona, foi ele quem apresentou Calvi a Marcinkus, que em 1971 em conjunto fundaram em Nassau e nas Bahamas paraísos fiscais com o nome de Cisalpine Overseas Bank.
Através da referida sociedade e outras, Calvi e o «banqueiro de Deus» operavam juntos destinando o dinheiro a operações ocultas, pagando subornos, movimentando dinheiro sujo procedente da evasão fiscal e lavagem de dinheiro da máfia e outras organizações criminosas.
Nesta altura, o escândalo estava prestes a explodir. Em 1981, o Banco de Itália denunciou a existência de um buraco negro de 1400 milhões de dólares nas contas das filiais estrangeiras do Banco Ambrosiano. O Banco do Vaticano era um dos 13 acionistas do Ambrosiano e controlava 20% do seu capital.

A Loja P2 Continua Viva e de Saúde
O empresário Flavio Carboni, com 78 anos foi detido em 2009 em Itália por
ordem de um Juiz de Roma que investigava um escândalo de corrupção na construção de parques eólicos na ilha da Sardenha. A detenção abrangeu dirigentes do PDL, o partido de Silvio Berlusconi, quanto a uma conspiração secreta para influenciar o voto do Tribunal Constitucional sobre a lei de impunidade de altos cargos que o governo apresentou nesse ano e que foi declarada inconstitucional.
Carboni, conhecido como «il faccendiere dei misteri» (fazedor de mistérios), tinha sido acusado em 1998 pelo assassinato de Roberto Calvi em 1982. Absolvido desse crime, esteve preso 8 anos pela sua participação no colapso do Banco Ambrosiano.
Junto com Carboni foram detidos um ex-dirigente democrata-cristão, Pasqual Lombardi e o empresário napolitano Arcangelo Martino, acusados de «formarem uma associação secreta destinada a realizar uma série indeterminada de delitos, influir em decisões políticas, controlar processos judiciais, decidir quanto à nomeação dos membros dos órgãos do Estado de relevo, condicionando o seu funcionamento». Eis a P2 de novo em ação.
Recuperamos as declarações do Grão-Mestre da Ordem Oriental Maçónica, Licio Gelli, em 2003 ao diário La Repubblica: «Em cada manhã falo com a minha consciência e em diálogo me acalmo. Vejo o país, leio os periódicos e penso: Tudo se está a realizar pouco a pouco. Para ser sincero eu deveria deter os direitos. Justiça, TV, ordem pública. Escrevi sobre isto há trinta anos… Berlusconi é um homem extraordinário, um homem de ação. É isto que a Itália necessita, não um homem de palavras, mas si, um homem de ação».
Declaração suspeitas de um homem que teve na sua Loja (a P2), Silvio Berlusconi, «Il Cavaliere», antes de este entrar na política.

Lista de Licio Gelli, sobre membros da P2 em 1981
Elenco por categoria ocupacional dos inscritos
Militares e Forças de Segurança: 208
Políticos: 67
Dirigentes ministeriais: 52
Bancos: 49
Industriais: 47
Médicos: 38
Docentes universitários: 36
Comerciantes: 29
Advogados: 27
Dirigentes industriais: 23
Jornalistas: 27
Magistrados: 18
Empresários: 18
Profissionais liberais: 17
Sociedades privadas (presidentes): 12
Sociedades públicas (dirigentes): 12
Atividades várias: 12
Secretários privados (políticos): 11
Associações várias: 10
Assistentes hospitalares: 10
Funcionários regionais: 7
Dirigentes comunais: 8
Sociedades públicas (presidentes): 8
Sindicalistas: 2
Diplomatas: 9
Consultores: 2
Consultores financeiros: 4
Companhias aéreas: 8
Editores: 4
Dirigentes editoriais: 6
Escritores: 3
Dirigentes da RAI-TV: 10
Companhias de Seguros: 6
Arquitetos: 7
Notários: 4
Antiquários: 6
Hotéis (diretores): 4
Detalhes da lista
É de notar a estrutura capilar da P2 em Itália, com 2 ou 3 inscritos por 35 das atuais 110 províncias italianas: Turin, Milão, La Spezia, Roma, Bari, Rávena, Florencia, Pistoya, Cosenza, Palermo, Cagliari, Siena, Brescia, Ancona, Venecia, Catanzaro, Génova, L'Aquila, Trieste, Potenza, Novara, Arezzo, Bolonia, Plasencia, Udine, Messina, Pisa, Reggio Emilia, Reggio Calabria, Forlì, Savona, Brindisi, Trápani, Perugia, e confirma a erradiação da sua presença em 13 das 20 regiões italianas: Piemonte, Véneto, Friuli Venezia Giulia, Lombardía, Liguria, Toscana, Emilia Romagna, Lazio, Marche, Molise, Calabria, Sicilia, Sardegna.
Já em setembro de 1978, Mino Pecorelli, um jornalista, que havia deixado a P2, escreveu um artigo com o título: «O Grande Alojamento do Vaticano», fornecendo os nomes de 121 presumíveis maçons. Essa lista era composta em grande parte por cardeais, bispos e prelados em posições de relevo. 
Nessa altura, os nomes de Jean Villot, ministro de Assuntos Exteriores, Paul Marcinkus, chefe do Banco do Vaticano, e Pasqual Macchi, seu secretário pessoal, estavam nessa lista.
O referido jornalista foi assassinado após revelar publicamente esta lista. Por seu turno, o Senador vitalício, Giulio Andreotti foi condenado em 2002 pela morte do periodista. 
Após a divulgação da lista, Gelli exilou-se na Suíça; foi detido em 13 de setembro de 1982 e encarcerado em Champ-Dollon, próximo de Genebra, de onde fugiu em 10 de agosto de 1983 com a ajuda do seu guarda prisional. Quatro anos depois viria a entregar-se à justiça suíça.
Extraditado para Itália em 1988, obteve a liberdade provisória depois de um mês de detenção, devido aos seus problemas cardíacos. Nas suas memórias intituladas, Ma Verité, refere que a Loja P2 era um «clube de amigos bem-intencionados».
Durante o processo judicial da Loja P2, os seus responsáveis tiveram de responder por «difamação, tráfico de influências e propagação de notícias relacionadas com a segurança do Estado».
Silvio Berlusconi, antigo membro da P2, declarou: «Os historiadores decidirão se este caso foi uma prolongada notícia sensacionalista ou algo mais substancial».