quarta-feira, 29 de julho de 2009

ESTUDO DE ESTUDO DE PROFESSOR DA UNIVERSIDADE DE LONDRES

Estudo de professor da Universidade de Londres prova que o novo ECD e o modelo de avaliação de desempenho prejudicam o desempenho dos alunos e inflaccionam as notas . É um estudo académico realizado por um professor de Economia Aplicada da School of Business and Management da Universidade de Londres. O estudo tem o título de Individual Teacher Incentives, Student Achievement and Grade Inflaction. O autor é português: Prof. Pedro Martins. Para além de ser professor na Universidade de Londres, Pedro Martins é "fellow researcher" no Instituto Superior Técnico e no Institute of the Study of Labour, em Bona. O estudo investigou o impacto das reformas educativas, realizadas, em Portugal, nos últimos 3 anos, no desempenho dos alunos do ensino secundário. O novo ECD, imposto pelo decreto-lei 15/2007, foi incluído no leque de reformas educativas. O estudo baseia-se na informação individual dos resultados dos exames em todas as escolas secundárias portuguesas desde o ano lectivo 2001-02 até ao último ano lectivo completo (2007-08). Utiliza informação disponibilizada pelo Júri Nacional de Exames e que tem sido utilizada para a construção de rankings (por exemplo, aqui e aqui). Em termos específicos, compara a evolução dos resultados internos e externos (exames nacionais) nas escolas públicas do continente com as escolas privadas e também com as escolas públicas das regiões autónomas. A motivação para esta escolha está no facto de os dois últimos tipos de escolas não terem sido afectadas - pelo menos não com a mesma intensidade - pelas várias alterações introduzidas no estatuto da carreira docente e avaliação de desempenho dos professores. Nessa medida, tanto as escolas privadas como as escolas públicas das regiões autónomas podem servir como contrafactual ou grupo de controlo. Os resultados indicam uma deterioração relativa de cerca de 5% em termos dos resultados dos alunos das escolas públicas do continente em relação tanto às escolas públicas da Madeira e Açores como às escolas privadas. A explicação dada pelo autor do estudo para este resultado prende-se com os efeitos negativos em termos da colaboração entre professores a partir do momento em que a avaliação de desempenho surgiu associada aos resultados escolares dos alunos (taxas de insucesso e de abandono). Ou seja, os professores começaram a colaborar menos uns com os outros e a partilharem menos os materiais e os conhecimentos. Por outro lado, o aumento da carga burocrática associada à avaliação também poderá ter tido custos em termos da qualidade da preparação das aulas. Por outro lado, o estudo conclui que a variação em termos dos resultados internos destes mesmos alunos é menor, embora também negativa - cerca de 2% (em contraponto a 5% nos exames nacionais). A diferença entre os dois resultados, que sugere aumento da inflacção das notas, pode explicar-se pela ênfase colocada pelo ECD (decreto-lei 15/2007) e pelo modelo de avaliação de desempenho (decreto regulamentar 2/2008), pelo menos na sua primeira versão (antes da avaliação simplificada) - nos resultados dos alunos (taxas de insucesso e de abandono) como item a ser considerado na avaliação dos professores. Este estudo é de enorme importância. As conclusões arrasam o novo ECD, o novo modelo de avaliação de desempenho de professores e as restantes reformas educativas introduzidas no ensino secundário. Espero que os jornais e as televisões peguem nos resultados deste estudo.

TEMOS QUE APRENDER ISSO DE COR?!

Naquele tempo, Jesus subiu ao monte seguido pela multidão e, sentado sobre uma grande pedra, deixou que os seus discípulos e seguidores se aproximassem. Depois, tomando a palavra, ensinou-os, dizendo: Em verdade vos digo, - Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus. - Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. - Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles... Pedro interrompeu: - Temos que aprender isso de cor? André disse: - Temos que copiá-lo para o papiro? Simão perguntou: - Vamos ter teste sobre isso? Tiago, o Menor queixou-se: - O Tiago, o Maior, está sentado à minha frente, não vejo nada! Tiago, o Maior gritou: - Cala-te, queixinhas! Filipe lamentou-se: - Esqueci-me do papiro-diário. Bartolomeu quis saber: - Temos de tirar apontamentos? João levantou a mão: - Posso ir à casa de banho? Judas Iscariotes exclamou: (Judas Iscariotes era mesmo malvado, com retenção repetida e vindo de outro Mestre.) - Para que é que serve isto tudo? Tomé inquietou-se: - Há fórmulas? Vamos resolver problemas? Judas Tadeu reclamou: - Podemos ao menos usar o ábaco? Mateus queixou-se: - Eu não entendi nada... ninguém entendeu nada! Um dos fariseus presentes, que nunca tinha estado diante de uma multidão nem ensinado nada, tomou a palavra e dirigiu-se a Ele, dizendo: - Onde está a tua planificação? - Qual é a nomenclatura do teu plano de aula nesta intervenção didáctica mediatizada? - E a avaliação diagnóstica? - E a avaliação institucional? - Quais são as tuas expectativas de sucesso? - Tens a abordagem da área em forma globalizada, de modo a permitir o acesso à significação dos contextos, tendo em conta a bipolaridade da transmissão? - Quais são as tuas estratégias conducentes à recuperação dos conhecimentos prévios? - Respondem estes aos interesses e necessidades do grupo de modo a assegurar a “significatividade” do processo de ensino-aprendizagem? - Incluíste actividades integradoras com fundamento epistemológico produtivo? - E os espaços alternativos das problemáticas curriculares gerais? - Propiciaste espaços de encontro para a coordenação de acções transversais e longitudinais que fomentem os vínculos operativos e cooperativos das áreas concomitantes? - Quais são os conteúdos conceptuais, processuais e atitudinais que respondem aos fundamentos lógico, praxeológico e metodológico constituídos pelos núcleos generativos disciplinares, transdisciplinares, interdisciplinares e metadisciplinares? Caifás, o pior de todos os fariseus, disse a Jesus: - Quero ver as avaliações do primeiro, segundo e terceiro períodos e reservo-me o direito de, no final, aumentar as notas dos teus discípulos, para que ao Rei não lhe falhem as previsões de um ensino de qualidade e não se lhe estraguem as estatísticas do sucesso. Serás notificado em devido tempo pela via mais adequada. E vê lá se reprovas alguém! Lembra-te que ainda não és titular e não há quadros de nomeação definitiva! ... E Jesus pediu a reforma antecipada aos trinta e três anos...

quarta-feira, 15 de julho de 2009

A HISTÓRIA DO PRIMEIRO DESVIO DE UM AVIÃO COMERCIAL

Esta é a história que tantas vezes ouvi, durante a minha vida, contada pelos meus tios, o Comandante José Sequeira Marcelino e a hospedeira Maria Luísa Infante. Hoje, 45 anos passados, vou aqui contá-la… Marrocos, 10 de Novembro de 1961, o Super-Constellation da TAP, Mouzinho de Albuquerque, descola do aeroporto de Casablanca com destino a Lisboa. O seu Comandante, José Marcelino, a tripulação e 13 dos passageiros, não podiam imaginar que iam ficar na história da aviação e na história da luta contra o regime de Salazar. Cerca de 45 minutos após o início do voo, Hermínio da Palma Inácio, entra no cockpit e aponta um revolver à cabeça do Comandante, explicando que o avião estava a ser assaltado. O objectivo era lançarem sobre Lisboa, Barreiro, Setúbal, Beja e Faro, 100000 folhetos, denunciando as eleições para a Assembleia Nacional que se iam realizar 2 dias depois e incitando à revolta contra o regime de Salazar, regressando depois a Tânger onde Palma Inácio e os seus 6 companheiros, deviam obter asilo político. Esta operação planeada por Henrique Galvão tinha o nome de “Operação Vagô”. O Comandante Marcelino, mantendo uma calma e uma presença de espírito enormes, ainda tentou impedir esta operação, alegando que o avião não tinha combustível para um voo de ida e volta a Marrocos, e que era impossível abrir as janelas do avião para lançar os folhetos. Mas, Palma Inácio mecânico de aviões, tinha uma licença de piloto de aviões comerciais e não se deixou convencer. Sendo da sua inteira responsabilidade a vida da tripulação e dos passageiros, bem como o avião, O Comandante José Marcelino não teve outra hipótese senão obedecer. O voo seguiu sem quaisquer problemas até Lisboa. Ao aproximar-se do aeroporto da Portela, o Comandante pede autorização para aterrar e faz uma simulação de aterragem tão perfeita que Palma Inácio exclama: “Que está a fazer? Se aterra somos todos presos”. Mas, no último momento, acelera os 4 motores do super-constellation, ganha altitude a afasta-se do aeroporto. Ainda tenta explicar à torre de controlo o que se passava a bordo, mas sem sucesso. Estava assim iniciado o histórico voo. Rasando a cidade de Lisboa, voando a cerca de 100 metros de altitude (quase rasando na Estátua do Marquês de Pombal), evitando assim os radares e os dois caças Sabre, que entretanto tinham descolado de Monte Real com ordem de interceptar e abater o avião, caso este não aterrasse em solo português (ordem que os pilotos dos caças não cumpriram), o avião segue sempre a baixa altitude passando pelo Barreiro, Setúbal, Beja e Faro, enquanto os companheiros de Palma Inácio, ajudados pelo Comissário Orlof Esteves e pelas Hospedeiras Maria Luísa Infante e Maria del Pilar Blanco, enchiam os céus de Portugal com os 100 000 folhetos. Mas, os sustos ainda não tinham acabado. Já, de regresso a Marrocos, os pilotos avistam 2 navios de guerra portugueses. Só havia uma hipótese de escapar. Era voar a meia dúzia de metros acima da água por entre os dois navios, impedindo-os, assim, de utilizarem a artilharia, pois se o fizessem disparavam um contra o outro. Foi a incrível proeza que o Comandante Marcelino conseguiu. A calma, sempre mantida a bordo deveu-se ao bom ambiente entre “assaltantes”, que nunca mostraram as suas armas aos passageiros, e tripulação que além de ajudar a distribuir os folhetos, manteve os passageiros “entretidos” distribuindo-lhe bebidas. Foi só quando aterraram em Tânger, no meio dos festejos pelo êxito da operação, que os passageiros, na maioria estrangeiros, perceberam o que se tinha passado. Apesar das pressões do Governo português para que Marrocos extraditasse Palma Inácio e os restantes “Comandos”, eles conseguiram ir para o Brasil. Depois de obter garantias que o avião não estava armadilhado, o Comandante Marcelino regressou a Lisboa, sem que nada tivesse acontecido aos passageiros, à tripulação e ao avião. Mas, para ele, os problemas iam começar. Considerado suspeito de cumplicidade, pois, a sua escala era o Porto e não Casablanca e, foi a seu pedido que fez o voo de Casablanca/Lisboa, tendo como única razão a vontade de estar perto daquela que viria a ser a sua mulher, a hospedeira Luísa Infante, foi suspenso da TAP durante um mês e interrogado diversas vezes pela PIDE, pois nunca quis dar a conhecer a verdadeira razão para ter feito aquele voo. Ilibado de qualquer envolvimento no desvio do avião continuou como Comandante da TAP até à idade limite para pilotar, tendo atingido 25 000 horas de voo, mantendo‑se ao serviço da TAP e da aviação até aos 80 anos de idade. Passaram-se 36 anos até que Palma Inácio e o Comandante Marcelino se voltaram a encontrar, num almoço organizado pela Revista Visão em 1998, com todos os intervenientes naquela extraordinária aventura, cujo êxito se ficou a dever, em grande parte à perícia e experiência daquele que tinha sido um dos principais pilotos de caça da força aérea dos anos 30 e 40 e um “Ás” da aviação. Peço desculpa pela extensão do texto e pelo destaque que dei ao meu Tio, o Comandante Marcelino mas, que espero compreendam, visto tratar-se da primeira vez que esta história é escrita por uma sua sobrinha.

Kiki Anahory Garin

terça-feira, 14 de julho de 2009

FALECEU O ÚLTIMO HERÓI ROMÂNTICO PORTUGUÊS

Faleceu, Herminio da Palma Inácio, pelas 11H15 de hoje, dia 14 de Julho de 2009, em Lisboa, na Associação Casapiana de Solidariedade, onde travou a sua última batalha. Cito um amigo comum que hoje escreveu: Morreu o último Herói romântico da luta pela Liberdade. Homem simples, mas de enorme craveira intelectual. Foi uma honra e um privilégio tê-lo conhecido. Com ele morreu uma parte dos nossos ideais de liberdade da nossa juventude. Homem de palavra de honra. Leal como nenhum outro. Amigo fraterno e solidário. Símbolo do inconformismo. Anti-fascista até ao dia de hoje. Honremos o seu testemunho. Prestemos homenagem à memória de Hermínio da Palma Inácio. Ditadura nunca mais!. Palma Inácio o "Velho" nasceu em Ferragudo a 29 de Janeiro de 1922, mecânico da Aeronáutica, destacado militante e fundador da LUAR (Liga de Unidade e Acção Revolucionária) em 1967. Protagonizou algumas arrojadas operações de sabotagem contra o regime salazarista. Em 10 de Novembro de 1961, numa acção projectada por Henrique Galvão e comandada por Palma Inácio e Amândio Silva, Camilo Mortágua, João Martins, Fernando Vasconcelos e Helena Vidal (já falecida), lança sobre Lisboa através de um avião da TAP panfletos com o Manifesto da Frente Anti-Totalitária dos Portugueses Livres no Estrangeiro, em Maio de 1967 foi um dos principais interventores no assalto ao Banco de Portugal na Figueira da Foz, por um comando da LUAR por si chefiado, juntamente com Camilo Mortágua, António Barracosa e Luís Benvindo. Foi indicado pelo presidente Mário Soares, em 1995, para receber a Ordem da Liberdade, comenda que não viria a ser-lhe conferida por alegadas pressões exercidas por sectores mais conservadores da sociedade portuguesa. O corpo encontra-se desde as 20 horas de hoje na sede do Partido Socialista no Largo do Rato em Lisboa e segue amanhã pelas 18 horas para o Cemitério do Alto de S. João onde será cremado pelas 19 horas.

Inácio Ludgero

A GRIPE A

A GRIPE DO SÉCULO XXI

sexta-feira, 10 de julho de 2009

O SER VIVO MAIS ANTIGO DE PORTUGAL

No concelho de Tavira, freguesia de Stª. Luzia, existe o ser vivo mais antigo de Portugal e talvez da Península Ibérica. Trata-se de uma oliveira que já se encontrava enraizada no local em vida de Jesus Cristo. Esta árvore, que tem mais de 2000 anos pertence à família Oleacea. Encontra-se plantada no Aldeamento Turístico das Pedras del Rei, aproximadamente a 120 metros a norte da recepção desta aldeia turística. Pertence à família de uma espécie vegetal trazida da Mesopotâmia para a Europa Ocidental pelos Fenícios no séc. VII a.C., destinando-se os seus frutos à alimentação directa e à extracção de azeite para diversas finalidades. Próximo, na zona de Tavira, no sobresolo daquela que foi uma importante povoação chamada de Balsa, ao longo dos tempos tem sido encontrada vestígios de povos primitivos, mas também de variadas civilizações. Esta oliveira é de enorme porte, apresentando uma copa com a altura de 7,70m: o diâmetro maior mede 3,60m na base e 2,42m à altura do peito. São precisos cinco homens para abraçar o perímetro deste tronco que mede 7,75m apresentando uma coroa circular como se fosse uma porta com 40cm de largura que dá entrada para uma «sala» circular com 1,30m de diâmetro onde tem um banco e uma mesa em madeira. Ao lado desta porta podemos encontrar um zambujeiro, planta espontânea em que é usualmente enxertada a oliveira. Próximo e um pouco por todo o aldeamento, podemos encontrar várias oliveiras e alfarrobeiras, por certo tão centenárias como a oliveira de que falamos. Esta é, umas das 142 árvores, isoladas, que se encontram classificadas pela Direcção-Geral de Florestas como de Interesse Público {Diário da República, II série – nº178, de 2-8-1984}. A segunda árvore mais antiga em Portugal, é um castanheiro com mais de setecentos anos que sobrevive em muito mau estado, pertencendo à Irmandade da Srª. dos Remédios em Lamego. Seguem-se-lhe outras por idade decrescente igualmente classificadas. Em suma: - Muito antes de Portugal ser um estado-nação {tem pouco mais de oitocentos anos com fronteiras definidas} já esta vetusta oliveira existia. É espantoso como tantos séculos decorridos, continua a produzir azeitona. Por outro lado, quando a olhamos e interiorizamos que assistiu à vida e morte de várias civilizações, tendo por ela passado gerações de homens e mulheres de variadas civilizações, nomeadamente fenícios, gregos, romanos, muçulmanos, cristãos… é espantoso que ainda se mantenha firme sem desfalecimentos, como que querendo transmitir-nos uma sabedoria feita de séculos que nos ensina, fundamentalmente, quanto a vida do homem é tão fugaz. Pedro Manuel Pereira

VELHOS TEMPOS!...

«A mulher deve fazer o marido descansar nas horas vagas, servindo-lhe uma cerveja bem gelada. Nada de incomodá-lo com serviços ou notícias domésticas» in Jornal da Moças, 1959 «Se o seu marido fuma, não discuta pelo simples facto de deixar caír cinza no tapete. Espalhe cinzeiros por toda a casa» in Jornal das Moças, 1957 «O noivado longo é um perigo, mas nunca sugira o matrimónio. ELE é que decide- sempre» in Revista Querida, 1953 «O lugar da mulher é no lar. O trabalho fora de casa masculiniza» in Revista Querida, 1955