quarta-feira, 8 de abril de 2009
DOIS QUINTOS DO INFERNO
Durante o século XVIII, o Brasil-colónia pagava um alto tributo ao seu colonizador: Portugal. Este tributo incidia sobre tudo o que fosse produzido em terras de Vera Cruz e correspondia a 20% dessa produção. Esta alta taxa, absurda tinha por nome, «O Quinto». Taxa esta que incidia, principalmente, sobre a produção de ouro brasileiro. «O Quinto» era odiado por quase toda a gente, pelo que foi apelidado de «O Quinto dos Infernos». No ensino elementar, no Brasil de hoje, nas aulas de História do Brasil, é ensinado que Portugal quis, em determinado momento, cobrar os «quintos» atrasados de uma única vez – no episódio conhecido como «A Derrama», facto este que revoltou a população, tendo dado origem ao movimento conhecido como Inconfidência Mineira, que teve o seu ponto culminante no enforcamento do líder Joaquim José da Silva Xavier, o «Tiradentes». Apesar dos livros escolares ainda apresentarem um «Tiradentes» como herói, sabe-se hoje, que foi um dos maiores contrabandistas de ouro do Brasil. Mas, o curioso é que contrabandeava justamente para fugir dos altos tributos impostos pela coroa portuguesa. Afinal, quem aguenta um imposto de 20% do PIB?…
O alferes «Tiradentes» e os seus companheiros contrabandeavam o produto do país, para fugir do «Quinto dos Infernos». A diferença entre os dias do «Tiradentes» e os nossos dias, é que naquele tempo uma voz ergueu-se e lutou pelo fim do imposto absurdo, sendo levado à morte por este ideal. Hoje, a carga tributária em Portugal é muito superior à da época da Inconfidência Mineira, praticamente o dobro. Ou seja, hoje pagamos «Dois Quintos dos Infernos». Só precisamos de encontrar um novo «Tiradentes» que nos salve, portugueses, da canga tributária que asfixia a classe média, sustentáculo económico e social da nação, que o mesmo é dizer: que salve o país do buraco em que sucessivos governos relapsos e mal
fadados a meteram e persistem em fazê-lo.
Asdrúbal da Purificação
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