terça-feira, 26 de maio de 2009

PALMA INACIO – UM HERÓI ALGARVIO ESQUECIDO

Hermínio da Palma Inácio nasceu em 29 de Janeiro de 1922, em Ferragudo, Lagoa, Filho de José Inácio e de Custódia da Palma. Concluído o curso industrial na Escola de João de Deus, em Silves, alistou-se como voluntário na Força Aérea, onde tirou o curso de mecânico de aeronaves e, de seguida, o de piloto civil para a aviação comercial. Durante os quatro anos em que esteve colocado na base aérea de Sintra, travou contactos com os círculos oposicionistas a Salazar, através do capitão Carlos Vilhena. Estes encontros iriam intensificar-se já depois de Palma Inácio ter saído da Base Aérea, por via de um acidente com uma avioneta, no Alentejo, quando transportava alimentos para Ferragudo, em plena II Guerra Mundial, numa altura em que vigorava o racionamento de alimentos. Expulso da Força Aérea, após vinte dias de prisão, Palma Inácio conseguiu emprego na companhia aérea KLM, no aeroporto de Lisboa. Em 1947, participou numa tentativa de golpe de estado com vários oficiais generais, que foi abortada à última hora. Na sequência deste facto, acaba preso sete meses depois. Na manhã de 16 de Maio de 1949, consegue evadir-se e alcança Casablanca, em Marrocos. Depois de muitas peripécias, fixa-se como instrutor de pilotos em Northampton nos Estados Unidos da América onde durante cinco anos, viveu clandestinamente, acabando por ser detectado em 1955 pelos serviços de emigração que determinam a sua saída dos EUA. Parte para o Brasil onde vem a conhecer os membros mais destacados da oposição de entre os quais, Henrique Galvão e Humberto Delgado. Na manhã de 10 de Novembro de 1961, véspera das eleições gerais em Portugal, Palma Inácio e mais quatro operacionais, entram num avião da TAP em Casablanca, misturam-se entre os dezanove passageiros americanos, belgas, espanhóis e portugueses e a respectiva tripulação constituída por sete portugueses e tomam o avião que sobrevoou Lisboa a baixa altitude lançando grandes quantidades de panfletos subversivos, assinados pelo capitão Henrique Galvão, num voo rasteiro junto á costa, desde Faro, vindo a aterrar em Tânger. Palma Inácio, passa à História pelo facto de protagonizar o primeiro desvio de um avião para fins políticos. Outra das suas façanhas, de que muitos portugueses ainda se lembram, foi o assalto ao Banco de Portugal na Figueira da Foz. Pouco antes das dezasseis horas, hora de encerramento do Banco, consumou-se o assalto dinheiro {29.274.390$00} foi guardado em três sacos e os revolucionários abandonam a Figueira da Foz rumo ao aeródromo de Cernache onde embarcam numa avioneta que os leva a Vila do Bispo, partindo daí para Marrocos. Tratou-se de uma acção política da LUAR {Liga de Unidade e Acção Revolucionária}, cujo comando militar foi confiado a Palma Inácio. Porém, as notas roubadas não possuíam curso legal. Metade da quantia, ainda não posta a circular, foi identificado, inviabilizando a sua transacção. No entanto, ainda foi possível, transaccionar uma quantia, com a qual se adquiriram, na Checoslováquia, armas que foram distribuídas por armazéns da LUAR, na Bélgica, França e Portugal. A restante ficou guardada num armazém em Paris ao cuidado de um personagem de pseudónimo «Canário», que nunca o entregou à organização, vindo a saber-se depois do 25 de Abril que se tratava de alguém infiltrado com ligações à PIDE.

Pedro Manuel Pereira

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