quinta-feira, 5 de março de 2009
O Congresso do Simplex
A ideia era simples e de fácil execução. Pretendia-se realizar um Congresso coeso, pacífico, cordato, forte de imagem e de liderança.
A sala fora arrumada e direccionada para a bancada do já eleito Secretário-Geral e da presidência de tão importante evento. No mesmo palco e logo à esquerda juntavam-se quatro ou cinco dignitários possivelmente de alta patente constituindo todos, em uníssono, o único aglomerado passível de ser visionado e perscrutado. Um fundo luminoso azul emprestava-lhe além do destaque merecido a cor adequada.
Longe e protegido do voyeurismo demagógico, o cenário era simples e feérico. A festa da celebração estava montada!
E foi assim, acantonados “na ré” do Pavilhão que os jornalistas e as cadeias televisivas fizeram a cobertura deste potestativo acontecimento.
Tantas figuras irreconhecíveis, simples silhuetas anónimas de costas voltadas para as câmaras, se postavam pelas sucessivas filas de mesas paralelas ao palco. Nem na celebração religiosa dominical era possível uma visão tão profunda dos dorsos dos fiéis presentes.
Estava tudo programado, predito, organizado conforme as normas eficientes de um marketing criterioso.
E as reacções eram unânimes. As palmas chegavam ruidosas, desligadas de trejeitos, de sorrisos que os rostos escondidos se escusavam de mostrar. A palavra era de César e “a César o que é de César”! Não era tempo para discussão, para aferição, para reflexão, mas sim para o espectáculo, para a ovação, para a entrega rendida, para os prémios merecidos.
Este era, enfim, o verdadeiro tempo real da magna política doutrinária Simplex: o que é simples é fácil e toda a gente aplaude!
MJVS
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