terça-feira, 10 de março de 2009

CARTA ABERTA A MANUEL ALEGRE

Faço parte do milhão que o apoiou, mas recuso-me a entrar no “freezer”. Não porque tenha medo do frio, mas porque foi um acto deliberado e de plena liberdade que me fez acreditar que ainda era possível dar calor ao Futuro. Nesse tempo, e tal como hoje, agi de acordo com o ideário que me vincula à tolerância, à solidariedade e acima de tudo à Liberdade que dignifica e valoriza a pessoa humana. E porque era o garante e a voz que sempre e de novo promovia esse ideário acorri e juntamente com tantos outros demos força à sua campanha. Fomos um milhão. Um milhão a acreditar na palavra da Esperança, da Mudança, do Ser e do Fazer em cada um o Portugal de todos. Não vencemos, mas ficou-nos a certeza de que aquele era o Homem e que o momento nos juntara. Hoje, os que nos têm congelado o horizonte da vida pretendem que fiquemos hirtos, monocórdicos, abúlicos como o “freezer” que lhes vai arrefecendo a alma num tóxico seguidismo sectário e interesseiro. E por isso é tempo de lhe dizer, ao Poeta, ao trovador, ao resistente, ao fundador socialista, ao homem livre, que não abandone a “ Praça da Canção” e que nunca deixe esmorecer a força das palavras que inventou: “ E tu que do País fizeste a triste cela tu que te fechas em teu próprio cativeiro tu saberás que a Pátria não se vende e em cada peito em cada olhar se acende este vento este fogo de lutar por ela. Tu saberás que o vento não se prende.” E eu, sem “e” ou “senão”, porque não milito em qualquer Partido, porque não integro qualquer Movimento a não ser o da aposta no Portugal que Abril redimiu, declaro-lhe que continuarei renitentemente a transcrever as palavras do Poeta porque elas vêem a alma. “ É triste: uns vestem-se de Abril outros de trapos Tu ó estrangeiro é só por fora que nos olhas”. MJVS

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