quarta-feira, 23 de novembro de 2011
A MARCHA DO IV REICH
Por Pedro Manuel Pereira
Quantos criminosos de guerra nazis foram condenados pelo Tribunal de Nuremberg?...
Se o leitor não se recorda nós dizemos-lhe: não chegaram a vinte.
Posteriormente, nas décadas que se seguiram, os esforços dos caçadores de criminosos nazis, sendo o mais destacado deles, Simon Wiesenthal, em conjunto com os serviços secretos israelitas, conseguiram assassinar ou levar o julgamento mais umas poucas centenas.
Recordemo-nos que a Alemanha com uma população de 70 milhões de habitantes, eliminou de forma sistemática e organizada, mais de 6 milhões de homens, mulheres e crianças, na sua maior parte judeus, mas também, opositores políticos ao Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores, também conhecido como Partido Nazi, nomeadamente comunistas, ciganos, eslavos, negros, homossexuais…
Procederam a extermínios em massa nos países, nos territórios que as suas botas calcaram, em especial através do recurso às câmaras de gás dos campos de concentração tristemente célebres como os de Auschwitz (Polónia), Dachau (Alemanha), Mauthausen-Gusen (Áustria) Buchenwald (Alemanha), Sachsenhausen (Alemanha) Bergen-Belsen (Alemanha) e Treblinka (Polónia), entre outros.
De reter que «o Nacional-Socialismo foi uma forma de Socialismo quase indistinguível do comunismo, com a única distinção a ser o facto de estar restrito à fronteiras geográficas nacionais». (Marrs, Jim, A Ascensão do Quarto Reich).
Finda a 2ª Grande Guerra Mundial em 7 de Maio de 1945, no mês seguinte a Alemanha foi dividida em quatro zonas, controladas pelos três grandes países aliados vencedores – americanos, soviéticos e britânicos - e pelos franceses. A Alemanha e a Áustria, sua vizinha e aliada no concerto do genocídio, foram compelidas a pagar milhares de milhões de marcos de indemnização aos sobreviventes do Holocausto e aos países aliados, dentro do princípio aplicado em todas as guerras de que «quem estraga paga», que se prolongaram ao longo de algumas décadas. Mas este, até acabou por ser um bom negócio para os dois referidos países, porque na verdade nunca pagaram verdadeiramente pelos seus crimes nem por eles houve séria justiça. Diríamos mais: - Não houve justiça.
Cerca de 1,5 milhão de ex-combatentes alemães regressaram ao seu país, provindos de França, Itália e Polónia. Um pouco por toda a Europa, havia ainda 2,5 milhões de prisioneiros: soldados, oficiais, políticos e colaboradores nazis, de entre os quais se encontravam os responsáveis por um conflito bélico que causou pelo menos 40 milhões de mortes.
Para punir os criminosos de guerra, foram mobilizados cerca de 40 mil funcionários públicos americanos, franceses e britânicos: centenas de escriturários, advogados e juízes. Só na zona americana, foram criados 545 tribunais civis para analisar 900 mil casos.
De 20 de novembro de 1945 a 1 de outubro do ano seguinte, o Tribunal Militar Internacional de Nuremberg decretou 11 condenações à morte, três prisões perpétuas, duas sentenças de 20 anos de prisão: uma de 15 e outra de 10 anos. Três acusados foram absolvidos. E ficou por aqui. Nos dois anos que se seguiram ao julgamento, 1 milhão de alemães saíram do país legalmente. Estima-se que outros 100 mil o fizeram de forma ilegal. Entre eles encontravam-se criminosos, carrascos e genocidas. A quase totalidade ficou impune até aos dias de hoje.
Antes do final da guerra, os líderes nazis elaboraram planos secretos para salvar a própria pele. Entretanto, pesquisas recentes demostram que esse tipo de iniciativa – as chamadas «Ratlines» - foi responsável pela aprumada rota de fugas da Europa com a conivência de governos de alguns países e instituições, nomeadamente do clero católico, conseguindo pôr a salvo centenas de milhar de nazis, incluindo altas patentes militares, da Gestapo e das SS, que foram para os Estados Unidos da América, Argentina, Chile, Brasil… ao abrigo de um projeto secreto denominado Projeto Paperclip. Entrementes, os nazis do topo da hierarquia, a que se juntaram jovens fanáticos protegidos, irão usar o fruto da rapina e dos saques que efetuaram pela Europa para criar 750 empresas estrangeiras de fachada: 58 em Portugal, 112 em Espanha, 233 na Suécia, 35 na Turquia, 98 na Argentina e 214 na Suíça, este último país, centro bancário de eleição de gestão do dinheiro nazi, antes, durante e depois da guerra. Aliás, os bancos suíços financiaram as operações secretas de vigilância em Espanha e Portugal.
O mais irónico nesta história é que a Organização Policial para o Crime Internacional, conhecida como INTERPOL, desde as suas origens em 1924, até ao final da guerra, foi liderada por alguns dos mais notórios criminosos de guerra nazis tais com, o SS Reinhard Heydrich, Artur Nebe e Ernst Kaltenbrunner.
Até ao presente, «os oficiais da INTERPOL recusam-se a perseguir criminosos de guerra nazis, afirmando que tal ação está para além da sua jurisdição». (o.p., A Ascensão do Quarto Reich).
Como é que não havia de estar – dizemos nós – se a ONU teve – para cúmulo da pouca vergonha - como Secretário-Geral Kurt Waldheim, há bem poucos anos, um ex-oficial nazi ?...
Acontece que imediantamente após o final da guerra, os americanos, através dos fundos de reconstrução do Plano Marshall e outros financiamentos aliados, entraram na Alemanha e na Áustria reparando infra-estruturas, unidades industriais e serviços de importância vital, pese embora a divisão da Alemanha, que só terminou com a queda do Muro de Berlim em 1989.
É no contexto da reconstrução europeia que nasce a Comunidade Económica Europeia (CEE), com a assinatura do Tratado de Roma, depois de percorridas outras etapas de associação económica entre diversos países do velho Continente. Saliente-se que, a formação do Mercado Comum, foi criada nas reuniões do Grupo Bilderberg. Continuando a marcha para a unificação europeia, em 1992, com a assinatura do Tratado de Maastricht, a palavra «Económica» foi apagada da denominação oficial. A partir de 2000, a União Europeia encontra-se já composta por várias instituições económicas, políticas e judiciais, em que se inclui o Banco Central Europeu, o Parlamento Europeu, o Tribunal de Justiça da União Europeia e uma moeda única: o euro.
A visão nazi para uma Europa unificada, tornou-se – quase - realidade.
Nos tempos que correm, o presidente do Irão, Mahamoud Ahmadinejad e outros líderes árabes que o seguem, arrastam consigo multidões inflamadas afirmando que a Alemanha e os fascistas de Itália, França e Espanha, que se aliaram aos nazis, não pagaram os seus pecados porque o Holocausto não existiu, quando na verdade, este foi o episódio mais trágico e sinistro da história da Humanidade.
É, portanto, dentro desta – cínica – lógica de ideias que consideram que os palestinianos são o bode expiatório dos judeus através de Israel.
Uma das recentes propostas de paz para o Médio Oriente – de entre muitas outras – é a dos palestinianos ficarem com a Cijordânia e Gaza para formarem um Estado independente e os judeus ficarem com Israel tal como existia antes da delimitação das fronteiras de 1967, mais o… Estado alemão da Baviera.
Efectivamente a Alemanha e a Áustria foram as nações reponsáveis pelo Holocausto, mas apresentaram a factura aos outros. Como é que escaparam?...
A lógica que parece prevalecer encontra-se no vexame do Tratado de Versalles, celebrado em 1919, que pôs fim à 1ª Grande Guerra Mundial, punindo os alemães de forma desproporcionada e irrealista, que além do colapso económico e estrutural viram mortos 1/10 da sua população. Com o término da guerra, este país entrou em colapso, de tal ordem que irá dar origem à queda da República de Weimar que se havia formado no final do conflito bélico. Notícias e fotografias da época, mostram-nos oficiais do exército sentados nos passeios a pedir esmola e donas de casa a empurrarem carrinhos de mão carregados de notas de marcos para poderem comprar pão ou umas batatas, somados a uma taxa de desemprego brutal, fome e miséria. É no seio deste caldo explosivo que nasce o III Reich e o seu chefe supremo, Adolf Hitler, guindado ao poder por plebesticito popular, em eleições democráticas, portanto.
Recentemente, as autoridades alemãs «descobriram» que existe uma organização denominada de Nacionais Socialistas na Clandestinidade, Tudo rapaziada jovem de extrema-direita, nazis, isto depois de ao longo de vários anos se terem vindo a verificar vários atentados e crimes contra cidadãos emigrantes, alguns deles sem rosto de culpa até hoje. Curioso que, segundo o Frankfurter Allgemeine, um agente secreto alemão especializado na luta contra os grupos de extrema-direita e neonazis terá ajudado o referido grupo a matar emigrantes.
Acrescente-se que o aumento de grupelhos de extrema-direita racistas tem vindo a aumentar nos últimos anos, junto das camadas jovens alemãs.
Entrementes, a chanceler Angela Merkel vem classificando o terrorismo de extrema-direita alemã de «vergonha nacional». A verdade é que a polícia e os serviços secretos alemães ao longo deste anos têm-se mostrado «incompetentes» (?) para lidar com este fenómeno.
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Meu Caro Pedro:
ResponderEliminarEuropa, Mercado Comum, De Gaulle, UE e Alemanha agora Merkelizadas (leia-se, americanizadas…), Israel, Palestina, Irão… What next? A guerra. Muitas mortes sem dúvida, muitas mais. Os "aliados" nunca as começam, espicaçam "os outros" com alfinetadas agudas Não descansam enquanto o Irão não agir. E o Irão (esse "monstro antidemocrático") vai ser o novo inimigo - só que vai ter, em princípio, como aliado, a Rússia… pelo menos no início.
Um abraço,
Raúl.