sábado, 19 de novembro de 2011

CRÓNICA DE UM PAÍS QUE NÃO EXISTE II - AS FAMIGERADAS SOCIEDADES SECRETAS

Por Asdrúbal da Purificação

As sociedades secretas no País-Que-Não-Existe são uma verdadeira praga, um flagelo dos deuses. Controlam todos os sectores de atividade profissional e política e os seus filiados são transversais aos estratos sociais e filiações partidárias.
Para ilustração dos leitores, passamos a escalpeliza-los sumariamente, para que fiquem sabedores de qual é qual e quem tem exercido e continua a exercer um poder tentacular nos mais diversos sectores da sociedade.
As atividades que estas agremiações desenvolvem, têm contribuído fortemente para o empobrecimento, a miséria crescente e o embrutecimento das massas amorfas, acéfalas e canhestras deste pobre país.
Aqui vão elas:

GLCDM – Grande Loja do Conselho de Ministros: – O povo é desconhecedor, não sabe o que se passa nas reuniões semanais e secretas desta sociedade iniciática, que existe em Portugal em versão revista e aumentada, desde Abril de 1974. O que se sabe e que o povo sente na pele como vergastadas após cada sessão dos membros desta agremiação é o resultado dos seus «cozinhados» em segredo. Normalmente antes de se reunirem nos seus conciliábulos, às sete trancas fechados, prometem publicamente irem tomar decisões para bem do povo e depois dessas sessões satânicas - ou lá que demo são elas!... - proclamam medidas precisamente ao contrário, agredindo os cidadãos com decisões em tudo semelhantes a assaltos à mão desarmado aos bolsos das pessoas honestas e trabalhadoras.
É composta por uma única loja que se situa nos esconsos de um cano de esgoto desativado, de proporções gigantescas.
Os «irmãos» desta seita, quando nela são admitidos, na sua maior parte vivem do rendimento do trabalho que exercem e por isso, possuem pouco dinheiro em depósitos bancários e outros bens que se saiba. Quando deixam a organização – normalmente «empurrados» para fora – mesmo que por poucos anos tenham assumido tarefas, verifica-se, publicamente, que no decorrer desse tempo aumentaram exponencialmente o seu pecúlio. Entrevistado por nós, Romualdo Pancrácio, ex-membro desta organização, responsável pela pasta da Agricultura-Que-Não-Existe, confidenciou-nos que depois de ter sido expulso da mesma, começaram a «chover» os convites para ser consultor, administrador e outros «dor» mais, de grandes empresas. - Quase que ia morrendo afogado!... - salientou, rindo-se alarvemente como um asisino. A partir de então tem engordado os seus cabedais a olhos vistos e… não vistos. Concluiu dizendo-nos que mais importante que ser «irmão» da seita, é ser «ex-irmão».

GLECAEM – Grande Loja Esotérica dos Conselhos de Administração das Empresas Municipais: - Esta sociedade secreta é das mais temíveis, assim a modos como a Formiga-Branca ou a Legião-Vermelha, que foram organizações iniciáticas terroristas ao serviço de partidos políticos em tempos de antanho da estória do País-Que-Não-Existe. Esta Grande Loja também o é.
As suas lojas encontram-se espalhadas como carraças, ao longo do corpo deste país como uma doença venérea e a sua sede é numa antiga ETAR situada algures na região da Alcagoita.
Os seus membros, invariavelmente são cooptados entre os indivíduos de segunda linha, os mais imbecis, os mais néscios, no seio dos partidos do Centrão.
Uma das condições fundamentais para serem iniciados é possuírem um coeficiente de inteligência ao nível dos orangotangos, a outra é serem subservientes, profissionalmente e socialmente inadaptados e incompetentes.
Reúnem onde calha, longe da indiscrição dos profanos, em dias e horas desconhecidas do comum dos mortais.
Dadas as fugas de informação obtidas por nós junto de dois «ex-irmãos» dissidentes que vivem a monte com nomes falsos, com a promessa de os ajudarmos a fugirem para a República da Cagalhota ficámos conhecedores de alguns dos rituais das suas sessões, que passam sempre pela ingestão de grandes comezainas regadas com vinhos especiais de reserva, acamadas com whiskies velhos de mais de trinta anos e muitos e sonoros arrotos.
Os «irmãos» desta seita secreta, depois de nelas serem admitidos, ocupam-se afanosamente da angariação de dinheiro em grandes quantidades, «sem dó nem piedade» para com qualquer mortal ou empresa, recorrendo a inimagináveis eventos e outros expedientes escabrosos, a fim de proverem ao seu sustento e ao de outros «irmãos» que tem mulas para sustentar, iates para manter, casas de praia e de campo para desfrutar e viagens para gozar pelo mundo fora, mais as suas ridentes proles.
É claro que a angariação dos dinheiros é feita primariamente dentro das instituições públicas do País-Que-Não-Existe.

GLSV – Grande Loja do Salto à Vara: - Sociedade secreta que se encontra sediada num paraíso offshore algures nas ilhas Caimão ou coisa que valha. É eclética. Os seus membros são provenientes de todos os estratos da sociedade, como por exemplo, o de um empregado de balcão de um Banco de uma terreola situada nos cús de Judas, que ascendeu de um dia para o outro, quase à velocidade da luz, a banqueiro de um Banco do povo, ou ainda, a de um próspero sucateiro que enfadado de ser milionário se tornou mecenas, dedicando-se à oferta de robalos, alheiras, Mercedes topo de gama e outras prendas, a pessoas financeiramente débeis e carenciadas, em particular a administradores de empresas públicas, do País-Que-Não-Existe.
Até ao momento não conseguimos obter informações sobre os rituais das suas sessões – aliás, secretíssimas – sabendo, no entanto, que utilizam basicamente os telemóveis para comunicarem em código frequentemente entre si, numa demonstração clara das afinidades, das relações fraternas e do amor filial que os une.

GPAABPB – Grão-Priorado dos Autarcas, Artistas da Bola e Patos Bravos: - Esta sociedade secreta nasceu no País-Que-Não-Existe, pouco tempo passado de Abril de 1974. Os «irmãos» desta benemérita agremiação são maioritariamente oriundos das classes mais desfavorecidas da sociedade que com o tempo enricaram à bruta depois de milhentas almoçaradas e noitadas em boates na companhia de filhas de boas famílias e rapazes honestíssimos. Praticam rituais que são um misto de patuscadas com putas e putas com árbitros; dinheiro com betão e betão com lavandarias de dinheiro. É evidente que, como sociedade secreta que são, guardam rigoroso silêncio sobre os temas abordados nas suas sessões e fora delas, claro.
Em paralelo, a maior parte deles milita nos partidos políticos do Centrão, apoiando financeiramente os mesmos, porque a argamassa que os coesiona é o dinheiro, que como todos sabemos, não tem pátria nem fronteiras e usa uma linguagem universal.
A sede desta sociedade secreta encontra-se localizada na região da Naçôm, e as suas imensas lojas encontram-se ramificadas por todo o território do País-Que-Não-Existe.

GLRBA - Grande Loja Regular dos Banqueiros Mancomunados: - Associação de carácter iniciático, profundamente elitista e, portanto, rigorosamente seletiva em termos de admissão de profanos.
Esta sociedade secreta é tão antiga quanto a atividade das meretrizes. Aliás, há quem pense que estes «irmãos» são todos filhos de prostitutas. Não conseguimos provas de tal, mas, em boa verdade, nada nos indicia o contrário daquilo que a sabedoria popular afirma.
Dominam com mão de ferro todos os sectores de atividade económica e laboral do País-Que-Não-Existe, incluindo o governo deste país. Quase que podemos dizer que são donos de corpos, almas e bens dos cidadãos.
Propositadamente deixámos para o fim a referência a esta sinistra associação, que é de entre as restantes, a primeira, a mais perigosa e da qual dependem as atividades das demais. A sua sede é itinerante, uma vez que não tem pátria nem se regem pelas leis dos comuns mortais. A única lei a que se encontram submetidos é a Lei do Mercado.
Reúnem-se em salões de solo coberto por tapeçarias orientais de elevados custos, com portas fechadas por fechaduras de código e paredes insonorizadas. Faz parte dos seus rituais despejarem cada um deles pelas goelas baixo, em cada sessão, pelo menos uma garrafa de whisky de malte com mais de sessenta anos.
A cooptação dos profanos para serem iniciados na sua organização, é feita no seio da família alargada dos seus membros, os quais se reproduzem entre si como os coelhos. Salvo seja os coelhos… coitadinhos !!!...
Outras das características fundamentais dos «irmãos» desta seita, é não possuírem alma e não conhecerem as palavras «pudor» ou «honestidade», por exemplo.
Tal como os vampiros, alimentam-se do sangue das suas vítimas, que são todos aqueles que não pertencem à sua agremiação, incluindo os membros das outras sociedades secretas.
É uma seita tentacular, implantada em todo o planeta.

2 comentários:

  1. Parabéns, Pedro, Amigo!

    Brilhante!

    Grande Abraço,

    Raúl Mesquita.

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  2. Esqueceste-te da Grande Loja dos Advogados Barrigudos, que é a chamada Assembleia da República, onde cada um trata dos seus negócios e interesses relacionados com os seus escritórios, através de assessorias, consultorias, e outras ias…

    Herlander Gomes

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