domingo, 3 de julho de 2011

NO 93º ANIVERSÁRIO DA NOSSA TERTULIANA CÂNDIDA VENTURA

Na passada sexta-feira dia 2, teve lugar no Restaurante Lugar do Rio em Portimão, um jantar convívio da TERTÚLIA PLURAL, desta feita numa homenagem singela mas calorosa - por parte dos mais de cinquenta participantes - à Drª Cândida Ventura, que completou 93 anos de idade, em excelente forma física.
Sobre esta nossa Querida Amiga, aqui se publica este breve apontamento:

TRAÇOS BIOGRÁFICOS DE UMA MULHER DE VALORES

Cândida Margarida Ventura nasceu em 30 de Junho de 1918, em Lourenço Marques, Moçambique, pouco antes do término da 1ª Grande Guerra Mundial (11 de Novembro de 1918).
Em 1937 ingressou na Faculdade de Letras de Lisboa, tendo, nessa data, aderido ao Partido Comunista Português e nessa qualidade participado activamente nas lutas académicas de 1937/1939, vindo, de igual forma a ingressar nas manifestações e greves estudantis de 1941, em Lisboa. Em 1943 concluiu a licenciatura em Histórico-Filosóficas, na Universidade de Coimbra, passando, nessa data, à clandestinidade, como funcionária do Partido Comunista Português, de forma a organizar e participar nas greves operárias à escala nacional, que tiveram início em S. João da Madeira.
Em 1949 foi eleita membro do Comité Central do PCP (a primeira mulher a ascender a esse cargo dentro do partido). Esse ano foi marcado pela criação da NATO à qual Portugal aderiu, pela reeleição do general Carmona como presidente da República e pela atribuição do Prémio Nobel da Medicina a Egas Moniz, entre outros acontecimentos nacionais de relevo.
Durante 17 anos seguidos, Cândida Ventura manteve trabalho clandestino em Portugal.
Em 1960 foi presa e brutalmente torturada pela PIDE. Justamente o ano em que se dá a fuga de dirigentes do PCP do Forte de Peniche, nomeadamente, Álvaro Cunhal, Carlos Costa, Francisco Miguel, Guilherme Carvalho, Jaime Serra, Joaquim Gomes, José Carlos, Pedro Soares, Rogério de Carvalho e, ainda, Francisco Martins Rodrigues que viria a abandonar o partido.
Julgada e condenada a 5 anos de prisão num tribunal fantoche do regime salazarista, três anos depois Cândida Ventura saía em liberdade condicional, depois de imensas pressões de democratas portugueses e estrangeiros, pelo facto de se encontrar em perigo de vida dado o seu debilitado estado de saúde.
Em 1964 conseguiu obter autorização para sair do país a fim de receber tratamento em Paris e, em 1965 foi colocada em Praga como representante do PCP junto do Partido Comunista Checo, onde exerceu funções de redacção na revista internacional Problemas da Paz e do Socialismo, só regressando a Portugal em 1975.
No ano seguinte abandonava o PCP, iniciando, então,
uma nova vida que a levou a ingressar e trabalhar como quadro superior do Ministério dos Negócios Estrangeiros e a conduziu, por fim, até Portimão onde reside desde há vários anos.
P.M.P.

2 comentários:

  1. Que festa alegre e emotiva! A nossa amiga Cândida provou estar em forma e ter uma imensa energia. Possamos nós ter mais oportunidades de aprender o muito que ela ainda tem para nos ensinar.
    Ana Maria

    ResponderEliminar
  2. Aonde andaram estes amigos todos desde junho de 2014?
    Como foi possível deixá la mercê de uma família ausente de afectos e reconhecimento?!

    ResponderEliminar