sábado, 18 de dezembro de 2010

NATAL, E NÃO DEZEMBRO

Entremos, apressados, friorentos, Numa gruta, no bojo de um navio, Num presépio, num prédio, num presídio, No prédio que amanhã for demolido… Entremos, inseguros, mas entremos. Entremos, e depressa, em qualquer sítio, Porque esta noite chama-se Dezembro, Porque sofremos, porque temos frio. Entremos, dois a dois: somos duzentos, Duzentos mil, doze milhões de nada. Procuremos o rastro de uma casa, A cave, a gruta, o sulco de uma nave… Entremos, despojados, mas entremos. Das mãos dadas talvez o fogo nasça, Talvez seja Natal e não Dezembro, Talvez universal a consoada. David Mourão Ferreira, in “Cancioneiro de Natal”, 1971 (Poema lido no Jantar da Tertúlia Plural em 3 de Dezembro de 2010)

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