No sobressolo de uma área geográfica que se estende desde Ourique até aos limites – recém aumentados - da Zona Económica Marítima Portuguesa 1. e se prolonga pela província de Huelva, encontram-se jazidas de gás natural, cujas reservas são muitíssimo superiores ao equivalente a quinze anos de exploração, como foi amplamente anunciado na comunicação social em 2010, para além de enormes reservas de petróleo, sendo que, no mar aberto, encontram-se a poucas centenas de metros do fundo da placa continental marítima.
Hoje, fala-se na exploração de petróleo.
São conhecedores desta realidade os vários governos que têm passado por S. Bento, desde os anos cinquenta do século XX até ao presente, assim como, as várias empresas de exploração destes recursos que ao longo das décadas vêm fazendo prospecção em território nacional.
Sem cuidarmos do passado nesta questão, porque o que nos interessa é o presente e o amanhã que começa hoje, torna-se pertinente questionarmos este jovem governo (ou governo de jovenzitos?), da razão porque o governo não negoceia concessões com as diversas multinacionais do sector, que de resto o vêm contactando desde que tomou posse.
Bem sabemos que a exploração do gás natural é, além de uma questão económica, uma face da geoestratégia política/económica, de acordo com a qual a Europa se obriga – tal como acontece actualmente – a comprar gás natural à Argélia, país que se encontra às portas da Europa, em troca da contenção do fundamentalismo islâmico - expressão maioritária nesse país - reprimido por um governo de ditadura, cleptocrata, sustentado pela União Europeia, com a bênção dos Estados Unidos da América.
Sem a venda do gás natural, que resta à Argélia para exportar?…
É o medo da hipotética invasão da Europa comunitária pelos bárbaros (leia-se: argelinos), que leva esta a comprar o único recurso natural que sustenta a ditadura, logo, a reprimir os fundamentalistas islâmicos.
Nos dias, semanas e meses que seguem, será um excelente exercício estar atento – todos os portugueses em geral e os algarvios em particular – ao desenrolar dos próximos capítulos desta «novela». É que «pelo andar da carruagem», até é bem provável que o governo ceda concessões a empresas estrangeiras para a exploração do gás e do petróleo. Duvidoso é que o povo português venha a beneficiar de tal iniciativa, tal como acontece em Angola, com a exploração do seu petróleo. Esperemos que haja o bom senso, honestidade e um mínimo de patriotismo, sobretudo atendendo à miséria que reina em Portugal, para que a parte portuguesa envolvida na exploração destes recursos, seja, vantajosamente, o governo português e não um bando de cleptocratas.
1. Possui 3 027 408 km², ou seja, 14,9 vezes a área de Portugal Continental. Uma área comparável ao território da Índia.
Pedro Manuel Pereira
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