segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

POEMA DO ANTINATAL

por Alberto Jerónimo (Cortado pela Censura em l965, no «Diário Popular») É longa e fria a noite. Os ecos aleluiam no negrume soando como açoite... Nas casas o calor é só das brasas: não arde, não crepita a voz do lume... Folguedos, algazarra! (Nas trevas um Cristo mudo...) Tantas árvores lindas com brinquedos p'ra meninos que às vezes têm tudo... (Meu Deus, meu Deus, perdoa-nos o mal, mas é assim ainda o teu Natal!) Ao fundo de um salão numa mesa coberta de bons vinhos, uma subscrição ficou aberta para um bodo de amor aos pobrezinhos... E, a definir distâncias, afastado, ausente de alegrias e fragrâncias, um presépio frustrado apenas patenteia a manjedoura pobre. Nada cobre o Menino ali deitado. O quadro desnorteia: é falso, cru. Nem uma rosa branca se desfolha. Nem cheira a incenso, a alfazema, a sândalo. O Menino está nu... E ninguém olha, ninguém repara no divino escândalo. (Meu Deus, meu Deus, perdoa-nos o mal, mas é assim ainda o teu Natal) "Paz na Terra aos homens de BOA VONTADE"

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