quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
O CANTO E AS LÁGRIMAS
Eu já fui alegre. Já cantei o povo.
E forjei as armas na forja do tempo.
Mas cantar de amigo é cantar de novo
e eu trago as palavras caladas cá dentro.
Por isso é difícil quando a gente canta
e este mal alegre nos dói na garganta.
Eu já fui soldado. Fugi. Desertei.
Levei a espingarda por dentro do canto.
Sofri a saudade. Bati-me. Chorei.
Cantei o meu Povo. Depois mudei tanto.
Por isso é difícil quando a gente canta
e este mal alegre nos dói na garganta.
Fui um marinheiro. Fui uma gaivota.
E rasguei as asas nas asas do vento.
E quebrei o leme. Sem vela sem rota
do meu canto alegre ficou um lamento.
Por isso é difícil quando a gente canta
e este mal alegre nos dói na garganta.
Joaquim Pessoa , in Amor Combate
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