Por Pedro Manuel Pereira
O que é a Ordem de S. Miguel da Ala
O que é a Ordem de S. Miguel da Ala
A Ordem Equestre e Militar de S. Miguel da Ala, conhecida por Ordem de S. Miguel da Ala ou simplesmente Ordem da Ala (Ordo Equitum Sancte Michaelis sive de Ala) teria sido – segundo a mesma - fundada por D. Afonso Henriques, após a tomada de Santarém aos muçulmanos, em 1147.
A conquista da cidade teria ocorrido no dia de S. Miguel (8 de Maio). A verdade é que Santarém foi conquistada em Março de 1147 e não em Maio, como está claramente comprovado. Para além disto, não existe um único documento coevo que prove a fundação de tal ordem pelo primeiro rei português.
A ordem será, assim, de fundação muito mais recente, embora se ignore a data exata, tendo, promotores desta, procurado engrandecer o seu passado através deste começo mítico ligado ao fundador da nacionalidade, um pouco à imagem - mau grado a comparação - do que sucede com alguns autores, em torno da Maçonaria e outras organizações discretas e/ou secretas.
Pouco se sabe, no entanto, sobre o seu
funcionamento e a totalidade dos seus membros, já que, segundo a tradição, esta
ordem teve sempre - e tem - um carácter secreto. Os Grão-Mestres da Ordem terão
sido sempre os reis de Portugal.
A Ordem de S. Miguel da Ala foi fundada pelo rei D. Miguel I, funcionando como uma ordem secreta, tendo como objetivo fundamental o combate à Maçonaria e à Carbonária, pelo que, os seus membros, recebiam treino militar e andavam sempre armados. Depois da vitória dos Liberais em 1834, é extinta oficialmente, mas continuou a existir clandestinamente, apoiando D. Miguel I no exílio. Em 1848, D. Miguel I consegue que o papa Pio X a reestruture, passando a ser formalmente considerada uma ordem secreta. O cargo de Grão-Mestre da Ordem seria a partir daí atribuído aos sucessores de D. Miguel I (D. Miguel II, D. Duarte Nuno e D. Duarte Pio).
A Ordem de S. Miguel da Ala foi fundada pelo rei D. Miguel I, funcionando como uma ordem secreta, tendo como objetivo fundamental o combate à Maçonaria e à Carbonária, pelo que, os seus membros, recebiam treino militar e andavam sempre armados. Depois da vitória dos Liberais em 1834, é extinta oficialmente, mas continuou a existir clandestinamente, apoiando D. Miguel I no exílio. Em 1848, D. Miguel I consegue que o papa Pio X a reestruture, passando a ser formalmente considerada uma ordem secreta. O cargo de Grão-Mestre da Ordem seria a partir daí atribuído aos sucessores de D. Miguel I (D. Miguel II, D. Duarte Nuno e D. Duarte Pio).
A Ordem de S. Miguel da Ala é hoje uma irmandade fundamentalista
católica, chefiada por D. Duarte Pio, (Grão-Mestre), tendo a sua sede
na Igreja do Santíssimo Milagre, em Santarém, muito embora
possua outras.
No entanto, na prática quem a «governa» é
o Vice-Chanceler, Carlos Evaristo, um luso-canadiano que preside à Fundação
Oureana e muito trabalhou para a canonização dos pastorinhos de Fátima, sendo o
capelão mor, o Cónego Prof. Dr. José Geraldes Freire, limitando-se D. Duarte ao
desempenho de um papel pouco mais do que decorativo.
A implantação da Ordem da Ala em Portugal
As referências mais fiáveis quanto à
existência e atividades desta instituição datam-se entre os anos de 1733 e 1912,
encontrando-se reunidas e documentadas na História
da Franco-Maçonaria em Portugal da autoria de Manuel Borges Grainha.
Quando exilado, instalado em Roma sob a
protecção do Papa Gregório XVI e depois, com a anuência do Papa Pio IX, D.
Miguel reestrutura a Ordem, para a partir de 1848 a mesma passar a ser,
de acordo com o artigo 1º da sua constituição, uma «Ordem secreta, militante e
política». De acordo com o artigo 4º, é
referido que os membros da Ordem podem até «levantar armas para cumprimento dos
seus fins».
Após ser reestruturada, a Ordem passou a
manter algumas semelhanças com a Maçonaria e a Carbonária, nas suas cerimónias
de iniciação e no número e graus dos seus membros. Segundo carta de D. Miguel
datada de 23 de Junho de 1859, os irmãos adoptavam nomes secretos de cavaleiros
do tempo de D. Afonso Henriques.
Das poucas atividades organizadas e
conhecidas dos seus membros no Século XIX, só sabemos que apoiavam D. Miguel I
e a sua família no exílio, contribuindo regularmente cada qual, com um tributo.
Com a condenação e
suspensão de todas as Ordens Secretas, decretada pelo Papa Pio IX, na carta Syllabus de 70 erros (1864) e ainda de
acordo com o Papa Leão XIII, na carta Humanum
Genus, contra as sociedades secretas (1884), as atividades da Ordem de Ala
foram aparentemente suspensas, porque na realidade, esta, manteve-se em
actividade durante as décadas da sua «clandestinidade» até bem recentemente.
A Ordem tem hoje
existência legal, possuindo estatutos, elaborados em conformidade com os
Cânones do Código de Direito Canónico aplicáveis às Associações Privadas de
Fiéis, tendo para tanto, recebido parecer favorável das competentes autoridades
eclesiásticas e os mesmos aprovados pelo Duque de Bragança em 8 de Maio de
2001.
De então para cá, de vez em quando vem a terreiro notícias fugidias
sobre esta organização, que, para quem esteja mais atento, dá para perceber até
onde se estendem os seus tentáculos.
O Duque de Bragança,
pontualmente preside a cerimónias de investidura em Portugal e no estrangeiro
de comendadores e cavaleiros da ordem, procurando para tal, igrejas de castelos
e outras controladas por esta associação.
A implantação da Ordem
da Ala extravasa as fronteiras, sobretudo junto das comunidades lusas da
diáspora, caso dos ilhéus madeirenses fixados na Venezuela, Estados Unidos,
Brasil, África do Sul…. - Em comum, todos os seus membros são endinheirados, a
quem lhes dá muito jeito social um título, como o de comendador que normalmente
adquirem.
Boa parte dos membros
do governo regional da Madeira, autarcas, e muitos políticos no continente, de
variados quadrantes partidários, são membros desta ordem, como é o caso do
fadista-deputado-maçon-comendador, Nuno da Câmara Pereira; Telmo Correia,
deputado; Hernâni Carvalho, jornalista; Joaquim Bastinhas, toureiro; Henrique
Mourato, pintor; ou José Raul dos Santos, deputado e ex-presidente da Câmara
Municipal de Ourique, entre outros.
Possui, esta ordem, um pouco por todo o território nacional, milhares
de hectares de propriedades rústicas e imóveis, fruto, sobretudo, de doações
acumuladas ao longo dos tempos.
A este propósito e a
título de curiosidade, refira-se, que o nome de D. Duarte se encontra actualmente
associado a grandes empreendimentos imobiliários em curso, sobretudo no
Alentejo e Algarve.
A implantação da Ordem da Ala no estrangeiro
É natural, que uma
organização destas, multicentenar, possua ramificações um pouco por todo o
mundo. Efetivamente assim acontece.
Embora seja uma ordem
secreta, a vaidade de alguns dos seus membros, acaba por lhes destapar a
careca, que é como quem diz: o véu de alguns notáveis estrangeiros, dos quais,
a título de exemplo podemos referir os seguintes:
. Júlio
Meirinhos, recém-eleito Grão-Mestre da Grande Loja Legal de Portugal. Foi
empossado cavaleiro da Ala, em Miranda do Douro em outubro 2010, quando era vice-presidente
da Região de Turismo do Nordeste Transmontano;
. Prof. Dr. Dom Fernando Ramazzini, Director Nacional do Combate à
Falsificação – ABCF, organismo do estado brasileiro, entre outros excelsos
cargos públicos e privados;
. Luigi Valle, vice-presidente do grupo Pestana, responsável pelo
Casino da Madeira, que entre outras actividades mais, é o Cônsul honorário de
Itália no Funchal desde 1982;
. Elder José A. Teixeira,
Presidente da Área da Europa de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias (mórmons);
. Rudolf Giuliani, mayor de Nova Yorque quando do famigerado
11 de Setembro;
. Theodore
McCarrik, Cardeal católico de Washington DC;
. Edwin
O’Brien, Arcebispo para os Militares dos EUA;
. Frei
James Michael von Stoebel, da Ordem de Malta;
. Dr.
James Forrester, Senador da Carolina do Norte;
. Dr. Pedro
Catarino, Embaixador de Portugal nos EUA …
Refira-se que a Ordem da Ala possui vastas
propriedades nos EUA e um pouco por outros países em vários continentes.
Conclusão
A ordem de S. Miguel da Ala, dada a sua
antiguidade em actividade e implantação tentacular em Portugal e além-fronteiras
é, provavelmente, mais poderosa em termos financeiros e no seio da sociedade
que o seu congénere católico espanhol, o Opus Dei.
O Opus conseguiu em tempo recorde a canonização
do seu criador, enquanto a Ala lutou pela canonização dos pastorinhos de
Fátima, em que o poderoso loby americano desta ordem desempenhou um importante
papel junto da Santa Sé.
Além disso, sublinhe-se, é uma obediência
fundamentalista católica, criada para combater a Maçonaria.
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. Costa,
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. Dias,
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. Soriano,
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Imprensa Nacional, Lisboa, 1866-1893.
Internet
Periódico
A
Voz do Nordeste, edição de 10 de outubro de 2010.
Se esta Ordem foi "criada para combater a Maçonaria", porque razão acolhe "Júlio Meirinhos, recém-eleito Grão-Mestre da Grande Loja Legal de Portugal."?
ResponderEliminarSe tem natureza "fundamentalista católica", porque acolhe então o "Presidente da Área da Europa de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (mórmons)"?
Mas esse tal Hernâni Carvalho não passa de um vigarista ordinário e semi-analfabeto, um burlão sem classe , que faz "pendant" com um gang de polícias e advogados corruptos e só por isso talvez ainda não tenha ido dentro. Esperemos que a caça a certos membros da quadrilha de que faz parte acabe por dar os seus frutos.
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