Por Pedro Manuel Pereira
Um movimento católico relativamente
conhecido tem ao longo das últimas décadas entreaberto silenciosamente as
portas do poder nos cinco continentes: o Opus
Dei (Sociedade Sacerdotal Santa Cruz e Opus Dei), também conhecido como «a
Obra», que tenta recrear uma aliança entre o mundo espiritual e o mundo
secular. A última vez que tentou – no Renascimento – os resultados foram
catastróficos. Portanto, para que não restem
dúvidas quanto ao teor deste artigo, devemos desde já alertar o leitor de que
nele vamos falar de uma seita1 fundamentalista católica.
Por toda a Europa do Sul (Espanha,
Portugal, Itália…), outras regiões e outros continentes, o Opus Dei encontra-se incrustado nos quadros do poder político, do
poder económico, em órgãos de comunicação social, no ensino dos vários níveis,
nas magistraturas e outros, pese embora os seus membros proclamem que a
organização tem como único objetivo o bem-estar espiritual dos seus membros.
A natureza sectária desta seita faz
com que esta Prelatura pessoal – a única existente no seio da Igreja católica –
detenha um incomensurável e sinistro poder. Muitos dos seus críticos
comparam-na a uma «Máfia de luvas brancas».
Nos países em que é forte a sua
presença, como em Portugal e Espanha, por exemplo, o Opus trabalha com tenacidade em silêncio, na tentativa de associar
a política dos governos à do Vaticano em geral e dos seus interesses em
particular, com resultados, por vezes, contraditórios.
Devido ao facto de constituírem um
grupo fechado que trabalha em segredo guiado por uma ideologia autoritária, os
seus estrategas conseguiram grandes êxitos na Santa Sé nas últimas décadas. Com
João Paulo II, esta seita converteu-se numa força dominante no seio da Curia Romana, com um corpo de 2500
prelados e muitos mais seculares de confiança.
A ascensão, a influência e a fortuna
do Opus Dei devem-se aos laços
estreitos e ativa colaboração que manteve com a ditadura do caudilho espanhol Francisco
Franco.
Nas longas décadas que leva de
atuação nos bastidores do poder, o Opus
Dei acumulou uma enorme fortuna usada para levar adiante os seus projetos
retrógrados. O dinheiro e património contaram com a ajuda de ditadores e das
máquinas da administração pública.
Esta seita infiltrou-se –
parasitando – particularmente no aparelho do Estado espanhol, onde de há muito
que os seus membros vêm ocupando cargos públicos chave construindo, assim, um
vasto império económico. Como importante contributo para a acumulação de
riquezas, conta-se a doação obrigatória das heranças dos numerários e do dízimo
dos supranumerários e simpatizantes infiltrados em governos e corporações
empresariais.
O Opus saca dinheiro às suas vítimas através de mentiras, como por exemplo,
fazendo-lhes crer que são «eleitas de Deus», induzindo-as a entregar o seu
dinheiro e os seus bens, para que quando dão por si não terão mais a
possibilidade de recuperar o património doado ao longo dos anos em que foram
membros da seita.
Referem ainda os seus detratores a
suspeita do uso de bancos espanhóis - e de outras nacionalidades - na lavagem
de dinheiro do narcotráfico e da «máfia» russa. Estima-se por baixo o
património do Opus em 2,8 mil milhões
de dólares.
A forma como atua é exemplarmente descrita
no extrato de um artigo traduzido da revista francesa Golias-éditions:
«José Maria Ruiz Mateos era fundador
e dirigente da grande holding privada RUMASA.
Quando há trinta anos o Opus Dei
começou a interessar-se por ela, Ruiz Mateos já se havia dado a conhecer pelas
suas extraordinárias qualidades como empresário, em especial como produtor de
vinho de Jerez (marca Dry Sack). Em
1963 Ruiz Mateos entrou no Opus como
supranumerário (…) entrou em contacto com membros importantes da Obra: o Presidente do Banco Popular
espanhol, Luis Valls Taberner e o ministro da indústria, Gregório López Bravo.
Mais tarde uniram-se-lhes o presidente da associação de bancos privados de
Espanha, Rafael Termes Carrero e o presidente das Caixas de Crédito, Sancho
Dronda. Três importantes banqueiros no seio do Opus. Estas amizades permitiram a Jose Maria Ruiz Mateos passar de
produtor de vinho e álcool a patrão de uma grande holding: através de um grande
número de compras de sociedades, ergueu um conglomerado multinacional
gigantesco com cerca de 600 empresas e 20 bancos, que empregava 60 000
trabalhadores. Desta forma se criaram empresas fantasma e se auferiram
benefícios ilícitos, dos quais o Opus Dei
se aproveitou amplamente (…) através de doações que sacava da sua holding. Por
ordem das autoridades financeiras espanholas a holding foi submetida a um
importante controlo fiscal. Em 1983 Ruiz Mateos (…) Foi expropriado pelo Estado
espanhol para evitar males maiores e salvar milhares de empregos. Com efeito
foi descoberto que o industrial havia endividado a RUMASA em 2 mil milhões de dólares». Foi detido e no decorrer da
prisão deu-se conta que só ele figurava como acusado. De facto, para “salvar os
tarecos”, os seus amigos tramaram uma conspiração que o transformou em bode
expiatório». Face a isto, Mateos «Afirmou que os três membros dirigentes do Opus Dei de Espanha, Alexandre Cantero,
Juan Francisco Matuenga e Salvador Nacher, não só haviam pedido dinheiro para o
Opus em várias ocasiões, como lhe
haviam dado os números de contas onde tinha de fazer os depósitos (…) Pela voz
de um Vigário Geral, o Opus desmentiu
energicamente estas afirmações», sublinhando que «Além do mais a Obra não é responsável pelas atividades
livres dos seus membros».
Estas “atividades livres”, levadas a
cabo pelos membros da organização são praticamente impenetráveis, e como os
membros do Opus são geralmente
desconhecidos da opinião pública, as relações entre estas instituições e a Obra, ficam na maior parte dos casos por
descobrir.
Esta organização sectária é recém-chegada
às estruturas do poder do Vaticano. Foi fundada em 2 de outubro de 1928 em
Madrid, por Josemaría Escrivá de Balaguer
(1902-1975), um obscuro sacerdote - filho de um comerciante aragonês
arruinado – que encontrou poder e fama na carreira eclesiástica.
Inicialmente as mulheres não tinham
entrada no Opus, porém, em 14 de
fevereiro de 1930, uma «inspiração divina» acometeu Escrivá, fazendo-lhe ver que também elas podiam participar da «santificação».
Foi então constituída uma secção feminina separada da masculina.
Como forma de coesionar e dar corpo
à «doutrina» por si criada, Escrivá de
Balaguer, entre outras obras escreveu em 1934 um livro que intitulou de Camino (em português: Caminho), peça fundamental que consigna
uma doutrina e filosofia pessoal que constitui o guia orientador da seita. É
composto por 999 ensinamentos divididos em 46 capítulos, obra dirigida
fundamentalmente aos jovens do sexo masculino com o objetivo de lhes moldar a
personalidade conforme os fins da organização. Trata-se de um genuíno manual de
lavagem ao cérebro onde podemos apresentar como exemplo algumas «pérolas» como
as que se seguem:
«A guerra tem uma finalidade
sobrenatural (…) Mas temos, no final, de amá-la, como o religioso deve amar as
suas disciplinas» (Caminho 311). Na
máxima 367, é afirmado que os seus fiéis «são belos e inteligentes» e devem
olhar as demais pessoas como «inferiores e animais». A meta da organização «é
ocupar cargos e ser um movimento de domínio mundial» (Caminho 643); «Chefes!... Viriliza a tua vontade, para que Deus te
torne chefe. Não vês como procedem as malditas sociedades secretas? (…) Nos
seus antros formam uns tantos homens-demónios (…)» (Caminho 833).
A partir de 1946 o Opus Dei deu início a uma nova etapa da
sua vida, expandido a ação para diversos países do Mundo, sendo que Portugal
foi precisamente o primeiro deles a ser «beneficiando» com a «bondade» desta
iniciativa. Nesse ano aqui arribaram vários membros que fixaram residência em
Coimbra, e em seguida no Porto e Lisboa.
Dado o imbróglio jurídico (face ao
Direito Canónico) criado pela seita no seio da Igreja, só em 1947 é que esta
organização encontrou um primeiro estatuto jurídico, com a criação dos Institutos Seculares, através da
Constituição Apostólica Provida Mater
Ecclesia. A aprovação definitiva do Opus
Dei pelo Vaticano só se verificou em 16 de junho de 1950, com o decreto Primum Inter do papa Pio XII.
A solução jurídica definida para o
Opus foi encontrada com a criação de Prelaturas
Pessoais ou Apostólicas, pelo
decreto Presbyterorum Ordinis em 7 de
dezembro de 1965, e pelo motu próprio
de Paulo VI, Ecclesiae Sanctae, em 6
de agosto de 1966. Não obstante, esta organização só foi erigida em Prelatura Pessoal em 28 de novembro de
1982, pela Constituição Apostólica Ut Sit.
Note-se que as prelaturas pessoais são estruturas jurídicas de caráter
meramente pessoal que não se circunscrevem, portanto, a um espaço territorial
como as dioceses. O Opus encontra-se
dotado de Estatutos próprios e depende da Sagrada
Congregação para os Bispos.
Pouco antes de morrer, Josemaría Escrivá realizou uma
peregrinação pela América Latina. Considerava esse continente fundamental para
a sua seita e para os negócios espanhóis. Nessa região o Opus apoiou abertamente várias ditaduras. Por exemplo: no Chile,
participou no regime de terror de Augusto Pinochet. O principal ideólogo do
ditador, Jaime Guzmá, era um ativo membro da seita, bem assim como centenas de
quadros civis e militares; na Argentina da ditadura, diversos numerários foram
nomeados ministros; no Perú, a seita apoiou o corrupto e quase ditador Alberto
Fujimori; no México, ajudou a eleger como presidente, Miguel de la Madrid, que
extinguiu a secular separação entre o Estado e a Igreja católica, e assim por
diante.
Escrivá foi canonizado por João Paulo II em
2002 (o 465º santo canonizado pelo falecido papa), no final de um processo
elaborado em tempo recorde (21 anos) relativamente a quaisquer outras
canonizações do Vaticano.
O processo de beatificação teve
início em 12 maio de 1981 e apesar da oposição do cardeal Giovani Benelli, que havia sido o principal conselheiro de Paulo VI, em novembro de 1982 o papa
elevou o Opus à posição de única
prelatura pessoal. Curiosamente (?) o cardeal Beneli faleceu de um fulminante ataque cardíaco no mês anterior a
este sucesso.
Face a este processo, variados
católicos proeminentes protestaram, alegando que a canonização debilitava a
credibilidade da Igreja. O teólogo espanhol Juan
Maria Martín Velasco afirmou «que não se pode dar como exemplo de vida
cristã alguém que serviu o poder do Estado e que usou esse poder para
catapultar a sua obra, que foi dirigida com critérios obscuros, não aceitando o
magistério papal sempre que não coincidia com a sua forma de pensar». Não
obstante, estas tomadas de posição não demoveram o papa da sua decisão.
Em 1978, poucos dias antes do
Conclave que se realizou após a misteriosa morte do papa João Paulo I, o futuro
papa (João Paulo II) visitou a sede do Opus
na Villa Tevere e rezou no túmulo de
monsenhor Escrivá de Balaguer.
Após a morte do sucessor deste, o
bispo Álvaro del Portillo, em 1994, João Paulo II voltou à Prelatura e
ajoelhou-se em frente ao caixão no funeral do Prelado geral. Esta rutura do protocolo
– o papa só se ajoelha perante os restos mortais de um cardeal – foi
considerada por muitos como um símbolo de fidelidade à organização que não
regateou esforços para o alcandorar ao trono de S. Pedro.
O Opus conta atualmente com mais de 85 mil membros em todo o mundo.
Destes, 83 mil são leigos e 55% mulheres.
É governada por um Prelado geral
eleito vitaliciamente por um congresso convocado para esse efeito. Tem de
possuir como requisitos fundamentais: exercer o sacerdócio há, pelo menos,
cinco anos e ser confirmado pelo papa.
Este Prelado é normalmente auxiliado
por um Vigário Geral por si nomeado e respetivos órgãos de consulta, constituídos
por um Conselho Geral que o auxilia na direção da seção masculina e que é composto
pelo Vigário Auxiliar, pelo Vigário Secretário-Geral, pelo Vigário para a seção
feminina, por três vice-Secretários, por um delegado de cada região, pelo Administrador
Geral; na direção feminina é auxiliado pelo Vigário Auxiliar, pelo Vigário
Secretário-Geral, pelo Vigário Secretário Central pela Assembleia Central.
Excetuando o Vigário Auxiliar, os demais dignitários são nomeados por oito
anos. As relações com o Vaticano são asseguradas por um sacerdote nomeado
Procurador.
A direção espiritual de todos os
membros da seita é coordenada por um Diretor Espiritual Central, sob a direção
do Prelado e dos Conselhos.
Muito embora se diga que é mais rico
que muitos Estados, a verdade é que o Opus
não torna publica informações sobre as suas finanças nem as listas dos seus
membros, e só apresenta contas ao Papa de cinco em cinco anos.
Pese embora possua o seu
quartel-general no rico distrito Parioli,
em Roma, o Opus Dei proclama-se de
«pobre» e afirma não possuir meios para levar avante uma agenda política. Ainda
segundo esta seita, a sua única preocupação é o bem-estar espiritual dos seus
membros, afirmação por demais capciosa quanto é conhecida a sua natureza
elitista e secreta.
Não obstante e apesar de não
aparentar ser uma organização sinistra, o Opus
apresenta muitas das características de uma seita perigosa. Assim:
A admissão é feita por cooptação, ou
seja, os membros são escolhidos pela organização que seleciona os indivíduos
mais «promissores e interessantes», sobretudo entre os intelectuais,
professores universitários e estudantes universitários, que têm de possuir como
requisitos fundamentais:
- Idade mínima de 18 anos, não
havendo limite de idade acima;
- Ser fisicamente bem-apessoado(a);
- As mulheres que decidam pelo
celibato devem preencher - entre outros - os seguintes requisitos: ser virgem e
não fumar. Sendo casadas, não terem sido submetidas a esterilização artificial;
- A entrada é formalizada após um
contrato celebrado entre a Prelatura e o leigo, em que este assume o
compromisso de permanecer sob a jurisdição do Prelado e dos altos dignitários
da Prelatura, para além de se comprometer a procurar a santidade e a fazer
apostolado.
Anote-se que o Opus Dei combate a família, usando a «lavagem cerebral» dos seus
membros como uma estratégia de controlo. Fora do alcance das famílias, os seus
membros – sobretudo os mais jovens – tornam-se criaturas submissas aos
programas fundamentalistas desta seita católica.
O
Opus é constituído por sacerdotes e leigos. Os sacerdotes incluem o clero
de Prelatura, composto por leigos, que além de possuírem uma formação académica
superior tirada fora da estrutura, seguem estudos eclesiásticos dentro da
Prelatura.
Os leigos dividem-se em
«numerários», «agregados», «supranumerários» e «cooperadores».
Os «numerários» são considerados a
espinha dorsal do Opus. Colaboram nas tarefas apostólicas
da Obra. Incumbe-lhes a formação dos
fiéis e
a direção das atividades apostólicas.
Os «agregados» são leigos, celibatários, que residem no seio
das suas famílias naturais. É-lhes exigida uma total dedicação ao Opus Dei.
Os «supranumerários» são leigos solteiros ou casados, que
apenas participam nas atividades da organização na medida em que as suas
atividades pessoais e familiares o permitam.
Os «cooperadores» são aqueles que não sendo membros da Obra,
colaboram nas suas tarefas com a «a esmola e mesmo o seu trabalho», podendo não
ser católicos e mesmo cristãos, pertencentes a diferentes
confissões e religiões, nomeadamente judeus, protestantes, muçulmanos,
budistas, agnósticos e até… ateus.
Para serem admitidos são
sujeitos a um ritual de iniciação onde, no final do qual, juram obediência ao
superior geral e a «outras pessoas da hierarquia da Prelatura». Uma vez
admitidos devem de submeter-se às chamadas «normas formativas», que não são
mais do que uma estratégia e prática de lavagem ao cérebro, que inclui a
obrigação de informar todas as semanas um «diretor espiritual» que «sabe o que
Deus quer» e que tem por função e direito supervisionar todas as suas
atividades pessoais e profissionais. Trata-se de uma sessão de 45 minutos de
conversa, onde o «numerário» revela ao superior a sua intimidade. Segundo Escrivá: «Diretor. Precisas dele. Para
te entregares, para te dares (…) e nunca o contradigas diante dos que lhe estão
sujeitos, mesmo que não tenha razão». «Não te esqueças de que és… o depósito do
lixo (…) Humilha-te; não sabes que és o caixote do lixo?» (Caminho, 592).
O
membro da seita deve-se confessar uma vez por semana a um sacerdote prescrito
pelo Opus.
Tem o dever de frequentar diariamente
a missa, rezar o terço e cumprir três horas diárias com deveres espirituais.
Não deve de comprar livros
ou periódicos sem a aprovação dos diretores. A este propósito refira-se que a
Igreja católica possui um índex, ou
seja, uma «lista negra» permanentemente atualizada de livros proibidos - com
uma graduação de seis níveis de gravidade - que se contam atualmente por dezenas
de milhar, onde se incluem autores como Gabriel
Garcia Márquez, Jean-Paul Sartre,
Ernest Hemingway, Albert Camus e outros, alguns deles
Prémios Nobel, sendo que no caso de José
Saramago, 12 das suas obras constam dessa famigerada lista, para além de Eça de Queirós, Lídia Jorge e outros autores portugueses, num total de 79 obras.
Os membros solteiros devem
ser regularmente portadores de cilícios, que não são mais do que cintos
metálicos com picos, apertados normalmente numa perna, semelhantes aos que eram
de uso corrente na Idade Média, e que se destinam à autoflagelação dos fiéis
mais fanáticos.
Os membros casados são estimulados para que os seus filhos
frequentem as escolas do Opus Dei,
tendo em atenção que as mesmas são centros de recrutamento.
Esta organização navega
contra a corrente da moderna Igreja católica, fazendo uso de práticas
verdadeiramente condenáveis e inaceitáveis como a censura de músicas, livros e
periódicos, a «santificação» das mulheres através do trabalho doméstico e
outras.
Os membros da seita pregam
a cristianização universal e a procura pessoal da santidade.
Já deixar esta organização
é bem mais complicado. Assim, não é difícil encontrar testemunhos que confirmam
que o Opus utiliza a mentira para
destruir a imagem de quem os incomoda, quem os desmascara.
Ao longo dos anos tem sido
acusado de ser uma «igreja» dentro da Igreja. Possui a sua própria doutrina que
se arroga de inspiração divina. Além disso, é a única organização católica –
para além da Igreja – que afirma ter sido criada por Deus.
O Opus usa – e abusa – da manipulação e
influência que detém nos altos escalões políticos e governamentais,
profissionais, empresariais e religiosos para atingir os seus objetivos.
Magistrados,
jornalistas, empresários profissionais das mais variadas atividades,
professores, alunos universitários, empresários, militares e outros, ligados ao
Opus, favorecem os seus membros em
detrimento dos demais indivíduos que compõem a sociedade. Destaca-se a sua influência
no sector financeiro, político e no âmbito da comunicação social, incluindo no
ciberespaço.
Quanto
à área política, é notória e reconhecida a sua infiltração nos partidos de direita
e até da chamada esquerda como o PS, onde existe gente autodenominada de
«socialistas católicos», afirmação suspeita, porquanto o socialismo é por
definição incompatível com o catolicismo, logo, essas criaturas não deveriam
ser militantes desse partido.
Quanto
ao ciberespaço, basta digitar a palavra «Opus Dei» num motor de busca para
observarmos como os seus «acólitos» inundam a internet desmentindo as
evidências que existem contra eles, não obstante serem por vezes apresentadas
provas testemunhais e documentais da sua vida de «apostolado». Desta forma,
caluniam as suas vítimas ao chamar de mentirosos os denunciantes, a quem os
seus «ativistas» infiltrados em foros e grupos da internet procuram
ridicularizar, deixando a vítima com o apodo de desequilibrada e que, portanto,
que não merece a mínima credibilidade.
Em
Portugal a seita possui um património de mais de cem milhões de euros e três mil
«adeptos», entre os quais se contam, por exemplo, reconhecidas figuras como:
Ramalho Eanes, Mota Amaral, Carlos Câmara Pestana, Bagão Félix, Manuela Eanes,
Francisco Oliveira Dias, Narana Coissoró, Carvalho Cardoso, Silvério Martins, João
Bosco Mota Amaral, Jardim Gonçalves e várias outras.
De entre as instituições quer lhes são
afetas, citamos a título de exemplo as seguintes: Associação Criança e Vida; Associação
Gaivotas da Torre; Associação Portuguesa de Crianças Desaparecidas; Associação
Portuguesa para o Desenvolvimento Rural; Associação Quantum Satis; Atlas (uma
ONG); Centro de Actividades Culturais (Campo Grande-Lisboa); Clube Vega; Clube
Xénon; Colégio Cedros (Porto); Colégio Horizonte (Porto); Colégio Mira Rio
(Lisboa); Colégio Planalto (Lisboa); Colégio Universitário da Boavista e Clube
Veja (Porto); Colégio Universitário Montes Claros (Lisboa); Cooperativa de
Fomento de Iniciativas Culturais (COFIC); Cooperativa Fomento; Emergência
Social; Escola Profissional Vale do Rio (Oeiras); Escola Superior de Negócios
(Lisboa); Fundação Maria Antónia Barreiro; Hotel 3 Pastorinhos (Fátima) Imobiliária
IN TIME (participações); NAVES (sociedade de capitais de risco); Residência de
Estudantes da Beira; Várzea da Rainha Impressores e Editora Althêia (dirigidas
por Zita Seabra) …
____________________________
1. O termo seita deriva do latim secta que significa: seguidor. Este termo é utilizado para designar um numeroso grupo de
uma determinada corrente religiosa, filosófica ou política que se destaca da
doutrina principal. Sectário é um termo que designa o indivíduo que faz parte de
uma seita.
Uma seita
pode, também, ser considerada uma divisão, partido ou fação.
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