Por Pedro Manuel Pereira
A
guerra financeira mundial, ou seja, a que resulta do combate entre a banca
formal e a banca informal, espraia-se, neste momento, por todos os continentes.
Qualquer
destes sistemas tem uma existência de mais de oito séculos, sendo que o
percursor das transferências bancárias transnacionais e transcontinentais foi a
Ordem dos Templários.
Os
muçulmanos por sua vez ter-lhes-hão seguido as pisadas, se não foram –
provavelmente – seus contemporâneos.
Ao
longo dos séculos estes dois sistemas de transações de dinheiro coabitaram num
mundo em construção global, aparentemente sem atritos (note-se que afirmamos:
aparentemente).
O
panorama de conflitos abertos nos dias de hoje é o de países como a Líbia,
Síria, Iémen, Iraque, Somália e Afeganistão em guerra aberta
e outros como Israel/Palestina e Egipto, enquanto outros, por exemplo, encontram-se em guerra larvar,
num conflito cujas faces visíveis são as fações xiita e sunita.
Verificamos assim, que vários
países do Médio Oriente estão em guerra. A este propósito, convém recordar a
crise do petróleo desencadeada pelos países árabes da OPEP (Organização do
Países Produtores de Petróleo) há poucas décadas atrás. Assim, entre 17 de outubro de 1973 e 18 de março de 1974 os preços do barril de petróleo atingiram valores que
chegaram a mais de 400% do preço base no
início da crise, originando uma prolongada recessão nos Estados Unidos e na Europa com a consequente desestabilização da economia mundial.
Desde então os preços médios do
crude têm vindo a subir, pese embora a queda de 60% registada em 2008, porém,
recuperada a partir do ano seguinte, anotando-se recentemente o ano de 2008, em que os preços subiram mais de 100% entre Janeiro e Julho
em virtude de movimentos especulativos a nível mundial.
Desde então as economias ocidentais
como as dos EUA e da Comunidade Europeia entraram numa espiral recessiva sem
fim à vista.
Se há marca distintiva desde o
primeiro ano do século XXI até aos dias presentes, é a dos conflitos sociais,
políticos, económicos e militares permanentes, resultantes de uma reordenação
geoestratégica política e económica global em curso, de onde emergem novas
potências a partir das nações do MERCOSUL
(Mercado Comum do Sul), ou
seja, o mercado económico regional para a América Latina, de que se
destaca o Brasil e o mercado asiático (China, Índia, Japão, Singapura, Coreia do Sul, Indonésia, Malásia, Filipinas, Tailândia), cujo eixo é regulado pela China e
pela Índia enquanto as velhas potências europeias aglutinadas na CE se afundam
como o Titanic, ao som de choros e
gritos, acompanhadas por uma orquestra de violinos trajada de fraque, que ataca
impávida e serena uma valsa manhosa composta por uma valquíria alemã.
Enquanto
isto, aquela que desde finais da 2ª Grande Guerra Mundial se tem afirmado como
a maior potência económica e militar do mundo – os EUA – ameaça implodir,
atascada numa crise económica de proporções inimagináveis, ultrapassando em
breve – se já não ultrapassou – a de 1929.
O
mundo que conhecíamos, esboroa-se rapidamente em cada dia, em cada hora que
passa, perante a – aparente – impotência de todos nós.
A crise
económica que avassala e continua a alastrar como fogo à palha no velho
continente e nos EUA emite ondas de choque que se vão projetando nas potências
emergentes atrás referidas. Logo, a recessão económica e a instabilidade
política e social, repercutem-se a nível mundial, porque hoje a economia é
global.
Por
detrás deste cenário, como fundamental gerador, existe um combate, uma velha guerrilha
de séculos, transformada hoje em guerra financeira que se trava na sombra entre
a banca formal e a banca informal. Todos os cenários bélicos e económicos atualmente
em curso decorrem assim, em primeira instância, dessa guerra entre “bancas”.
Os
grandes conflitos atuais: Iraque, Afeganistão, Síria e outros, têm por rastilho
o velho combate de sombras pelo controlo pelo domínio exclusivo mundial das
transações financeiras.
De
um lado, a banca formal com existência física, detida maioritariamente por
tradicionais famílias oligarcas judaicas ou por elas controlada, e por outro
lado, a banca informal, sem existência física, controlada por muçulmanos.
À
pouco mais de uma década, por razões complexas e extensas para serem relatadas
neste pequeno artigo, a oligarquia bancária decidiu aniquilar a rede “bancária”
internacional muçulmana que tem vindo a conquistar e desempenhar um crescente e
preponderante papel nas transações financeiras mundiais, com benefícios
evidentes para os nacionais (particulares, negócios, empresas…) da potências
emergentes, quer asiáticas quer do MERCOSUL.
Chegados
a este ponto, é tempo de relatarmos ao leitor como funciona a banca informal
muçulmana: - Trata-se do sistema Hundi
– de transações financeiras – que se baseia no conceito da confiança total, sem
papéis, sem documentos, selados com a palavra de honra e um aperto de mão. Funciona
na perfeição, porque qualquer um que faça lavagem de dinheiro e traia o seu
cliente, será rapidamente “suprimido” do negócio. Por exemplo, no caso de
transferências, o depositante entrega a quantia em dinheiro vivo – em qualquer
moeda – ao homem hundi no ponto A e
pede que uma pessoa de sua confiança, familiar ou amigo, que receba o mesmo
valor no ponto B, menos a percentagem do homem hundi, percentagem essa bastante inferior à cobrada na banca formal
pelo mesmo tipo de transação, refira-se.
O
homem hundi tem um parceiro de
confiança, geralmente um parente no ponto B, a quem instrui da forma de
disponibilizar a quantia depositada ao amigo do pagador, que se irá identificar
junto dele de forma pré-combinada, ou seja, uma senha acordada na origem da transferência.
Tendo
em conta as dezenas de milhões de muçulmanos, que enviam dinheiro para as suas
famílias nos seus países de origem, bem assim como tantos outros milhões de não
muçulmanos (hindus, chineses…) entre outros, que trabalham com este sistema; atendendo
às importâncias/valores decorrentes de transações comerciais que se contam por
milhares ou milhões diários; considerando que neste processo não existem
computadores ou extratos bancários; considerando ainda que todas as quantias são
transacionadas em dinheiro vivo e que tanto pagantes quanto recetores podem
usam pseudónimos, a movimentação é virtualmente impossível de ser intercetada
ou rastreada.
Atente-se
também, que para quem pretenda ocultar a proveniência do dinheiro, constitui um
erro fatal transferir elevadas quantias através do sistema bancário formal,
logo, a banca informal revela-se a melhor solução.
Para
além disso, desconhecem-se organizações centralizadas para as operações
financeiras da banca informal.
Neste
sentido, torna-se evidente que a banca formal está condenada a perder esta
guerra a médio prazo e com ela, o descapitalizado sistema capitalista nos
moldes em que tem existido, mau grado vá esbracejando no mar encapelado dos
dias que correm, assumindo posturas de desespero trágico/grotescas, como temos
vindo a assistir nos últimos dias no caso do Chipre, por exemplo.
Como
não encontraram – ou quiseram encontrar – solução civilizada – se é que a banca
algum dia foi civilizada…- para recuperarem o dinheiro perdido e neste
particular, no caso cipriota, qual organização multinacional mafiosa (CE, BCE,
FMI), mancomunados através dos seus lacaios na Comissão Europeia, conseguiram
engendrar um plano de assalto aos depósitos na banca de Chipre. E conseguiram,
para valores acima dos cem mil euros.
É
claro que esta foi uma vitória de faz-de-conta, uma vez que as maiores fortunas
que até à semana passada se encontravam nos bancos cipriotas eram - sobretudo - de russos e de ingleses e
esses, avisados a tempo, numa verdadeira operação relâmpago retiraram o
dinheiro – dezenas de milhares de milhões de euros - e transferiram-no para
paragens mais saudáveis.
Estamos
pois, perante uma nova estratégia da máfia banqueira descapitalizada, que não é
mais que o assalto e confisco despudorado ao dinheiro dos depositantes na banca
da Europa Comunitária, só equivalente ao sucedido na Argentina em 2001, quando
na manhã do dia 1 de dezembro, o povo acordou em choque com uma desvalorização brutal da sua moeda. A bancarrota afetou de forma
dramática de um dia para o outro, os aforradores e depositantes que viram as
suas contas emagrecer para ¼ do seu valor. Foram ainda proibidos de reaver o
que lhes pertencia com a célebre medida do corralito, que restringia os
levantamentos bancários.
Os seus efeitos ainda hoje se fazem sentir nas profundas assimetrias sociais, numa economia em reconstrução, com dificuldades em acertar o passo, elevada taxa de desemprego e muita miséria. O processo de reestruturação da dívida soberana arrastou-se até 2011.
Os seus efeitos ainda hoje se fazem sentir nas profundas assimetrias sociais, numa economia em reconstrução, com dificuldades em acertar o passo, elevada taxa de desemprego e muita miséria. O processo de reestruturação da dívida soberana arrastou-se até 2011.
O caso do Chipre marca
– na prática – o início do estertor do capitalismo financeiro, o pronúncio de
roubos idênticos aos depósitos em bancos do espaço comunitário (se não se
estender a outros continentes…) e o alerta para o fim da moeda única.
A fuga de capitais
para outras bandas do mundo acelerou nestes dias passados. A banca europeia
afunda-se, assim, na descapitalização, no desnorte e numa pré-bancarrota mais rapidamente que o imaginado.
A banca formal
torna-se violenta, assaltando coercivamente o dinheiro dos depositantes com o
respaldo armado dos governos das nações em cujos bancos metem o gadanho.
Portugal, Grécia,
Espanha e Irlanda, são as vítimas que se seguem. Não necessariamente por esta
ordem…
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